tag:blogger.com,1999:blog-59453901856267048112024-03-18T20:44:01.156-07:00Semeando Jung Andanças da Alma pelo universo da psicologia analítica...
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.comBlogger29125tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-9238831358247411182015-05-24T05:45:00.002-07:002018-05-24T05:18:07.925-07:00Palavra presa é tumor, palavra líquida é VIDA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/4CrEFX4Bjns/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/4CrEFX4Bjns?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sinto que a filósofa capixaba Viviane Mosé expressou, em forma de poema, o que Lowen desenvolveu em seu livro <i>Alegria: a entrega ao corpo e à vida</i>. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Concordo com Mosé: as pessoas adoecem por "gostarem" de palavra presa. Muitas de nossas doenças nascem da nossa obsessão pelo controle. Nascem do nosso "gosto" em seguir acreditando (ou tentando fingir para os outros) que somos invulneráveis, inatingíveis, inabaláveis. Nascem da crença de que somos (ou temos que ser) bonzinhos demais e que não podemos soltar "aquela" palavra que está na ponta da língua. Nascem da crença de que mesmo não soltando-a, ainda assim, somos muito maldosos, pois no íntimo sabemos que ela continua ali, talvez não mais na ponta da língua, porém engasgada na garganta ou alojada de forma indigesta no estômago.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Invulnerabilidade, indiferença e bondade absoluta são irrealidades que a palavra presa tenta tornar reais. E é claro que o projeto está fadado ao fracasso. Palavra presa gera adoecimento (físico ou emocional) e se há alguma sensação de segurança na não expressão dos sentimentos, ela é ilusória. <br />
<br />
Adoecemos por "gostar" de acreditar que ao nos desligarmos de nossos corpos e das nossas emoções estaremos protegidos. Ledo engano! Cultivar palavra presa é cultivar a ilusão da supremacia do ego sobre o corpo e as emoções.<br />
<br />
Toda palavra presa limita a motilidade do nosso corpo, que se tenciona cronicamente com a energia presa dos sentimentos reprimidos. Habitar uma casa/corpo entulhada de emoções reprimidas é viver com muito pouco espaço para a alegria. Reduzimos nossa liberdade, nossa auto expressão, nossa vitalidade e a qualidade do nosso ser e estar no mundo e nas relações.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;"></span><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">As emoções são correntes de energia que se
movem pelo corpo, são movimentos ou impulsos dentro do corpo que geralmente resultam em alguma ação. Um ato, uma expressão, uma palavra... E </span><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">palavra boa é palavra líquida, escorrendo, fluindo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Esse estado de fluidez, liberdade e espontaneidade é uma condição natural que perdemos ao longo do tempo, um estado que experienciamos na tenra infância, quando inocentes e livres não tínhamos inibições ou culpas pelos nossos sentimentos. Éramos, consequentemente, mais receptivos ao sentimento da alegria. E como pontua Lowen, alegria significa nada mais e nada menos do que estar com o coração aberto para as emoções, prazerosas ou dolorosas, permitindo que fluam e se expressem livremente. Só na abertura conseguimos recuperar a alegria que foi maculada pelas circunstâncias que nos frustraram e trouxeram dor ou tristeza. Lutar contra elas é em vão, nenhum sentimento deixa de existir ou de atuar pela repressão. Luta e alegria são incompatíveis. Uma criança pequena é capaz de se incendiar de raiva num minuto e no minuto seguinte transbordar de felicidade. Ela não se prende a dor: sente, expressa e deixa ir.<br />
<br />
Essa autenticidade, porém, logo é cerceada, reprimida, punida e "rotulada" pelos pais e educadores como sendo muito perigosa: "Que menina feia você é, ninguém vai gostar de você assim!"</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Controlar a expressão de nossas emoções mais fortes torna-se, então, sinônimo de pertencimento. Afinal, qual criança suporta a rejeição ou a ameaça da retirada do amor pelos pais? Queremos todos ser "bons meninos", queremos ser amados e precisamos dessa confirmação/aceitação para sobreviver, ao menos na infância. Diante do medo da rejeição, a "solução" que a criança encontra é passar a sentir culpa e vergonha dos seus impulsos naturais. Em nome da sobrevivência, optamos pela repressão dos nossos sentimentos.</div>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
"Eliminamos os sentimentos tencionando o corpo e restringindo nossa respiração, mas ao fazer isso eliminamos também a possibilidade de alegria. (...) embalsamamos o passado em nossos corpos, o passado continua vivo na tensão. Aliviar a tensão permite-nos dar um passo para nos livrarmos do passado. Mas a tensão só pode ser aliviada se a pessoa expressa o sentimento que está contido na tensão" (Lowen, <em>Alegria</em>, p.59)</div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
A tensão nos maxilares, por exemplo, pode estar relacionada com a repressão dos impulsos de chorar ou morder. As tensões nos músculos do ombro podem denotar o quanto a expressão da raiva está bloqueada. A tensão que circunda a cabeça na base do crânio e que se propaga pela articulação temporomandibular é a principal resistência à entrega, é o principal mecanismo por meio do qual a pessoa se agarra ao controle. Independente de onde a tensão está localizada, sua principal função é bloquear a expressão. Enrijecemos o corpo para bloquear os impulsos ameaçadores que não ousamos expressar e, assim, imobilizamos e perdemos o contato com certas áreas do nosso corpo e também da nossa psique, pois corpo e mente são uma unidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red;"></span><br />
<span style="color: black;">"A tensão crônica é o equivalente físico do medo" (Lowen, <em>Alegria</em>, p. 41). E o medo da punição e da rejeição talvez seja o responsável majoritário pelo nosso "gostar" de palavra presa. Vivemos num conflito entre expressar o que sentimos e o medo de fazê-lo. Temos medo da expressão, temos medo da retaliação, mas o nosso maior medo é o d</span><span style="color: black;">os nossos próprios sentimentos, que com o processo de "educação" passaram a ser vistos como ameaçadores e perigosos.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Tensão é prisão. Prisão é pessoa endurecida, sobrecarregada por palavras presas, por sentimentos calcificados. A vida é um processo fluido que se torna parcialmente congelado em estados de rigidez, que são estados de tensão. Em alguns casos, o choro funcionará como um degelo, em outros, o estado congelado só poderá ser transformado pelo calor - o calor da raiva. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Como entoa Mosé: dor endurecida é tumor, raiva endurecida é tumor, alegria endurecida é tumor, pessoa endurecida é tumor. Palavra boa é palavra liquida escorrendo em estado de lágrima. Lágrima é dor derretida, lagrima é raiva derretida, lagrima é alegria derretida, lágrima é pessoa derretida.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
O choro é uma emoção que alivia. Chorar não muda o mundo lá fora, mas muda o mundo aqui dentro, apazigua a tensão e a dor. </div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
"(...) O choro é como a chuva do céu que fecunda a terra (...) e certamente precisamos de uma chuva leve regularmente para manter nosso planeta verde e nossas almas lavadas" (Lowen, <em>Alegria,</em> p. 58).</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
A raiva é uma emoção restauradora e protetora, "é uma força da vida positiva que tem fortes propriedades curativas" (Lowen, <em>Alegria</em>, p. 91). Ela nos protege das ameaças externas e assegura e restabelece nossa integridade. É uma reação natural em situações que ferem ou ameaçam nossa integridade ou liberdade e, assim sendo, a capacidade de senti-la e expressa-la adequadamente é sinal de saúde.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Sentir e expressar adequadamente! Seja qual for o sentimento, esse é o caminho para amolecermos os poemas endurecidos do corpo e resgatarmos nossa alegria. Alegria enquanto entrega ao corpo e à vida.</div>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
"A alegria pertence ao reino das sensações corporais positivas: não é uma atitude mental. Não se pode decidir ser alegre. As sensações corporais positivas começam partindo de uma linha de origem que pode ser descrita como 'boa'. O seu oposto é sentir-se 'mal', o que significa que, em vez de uma excitação positiva, há uma excitação negativa de medo, desespero ou culpa. Se o medo ou desespero for muito grande, a pessoa reprimirá todo sentimento, caso em que o corpo se torna insensível ou sem vida. Quando os sentimentos são reprimidos, a pessoa perde a capacidade de sentir, que é a depressão, um estado que infelizmente pode torna-se um modo de vida. Por outro lado, quando a excitação prazerosa aumenta, a partir da linha de origem da sensação boa, a pessoa conhece a alegria. Se a alegria transborda, torna-se êxtase. Quando a vida do corpo é forte e vibrante, o sentimento, assim como o tempo, é variável. Podemos estar sentindo raiva num momento, depois afeto, e chorar a seguir. Assim como o sol pode aparecer depois da chuva, a tristeza pode transformar-se em prazer. Essa mudança de humor, assim como uma mudança no tempo, não compromete o equilíbrio básico da pessoa. As mudanças acontecem na superfície e não perturbam as pulsações profundas que proporcionam uma sensação de bem-estar à pessoa. A repressão do sentimento é um processo de insensibilização que diminui a pulsação interna do corpo, sua vitalidade, seu estado de excitação. Por esse motivo, reprimir um sentimento é reprimir todos os outros. Se reprimimos nosso medo, reprimimos nossa raiva. A repressão da raiva resulta na repressão do amor (Lowen, <em>Alegria</em>, p.20). </div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
Me lembrei daquela expressão "mas vale um pássaro na mão do que dois voando". É claro que este provérbio é polissêmico, como todos os outros, e talvez ele nunca tenha sido evocado com a acepção que me ocorreu agora. Mas aproveitando o ensejo de não cultivar palavra presa, expresso o que senti ao me recordar dele: </div>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
Se, nesse momento, o que está "em suas mãos" é a tristeza, é mais seguro ficar com ela. Sentir, expressar e dar passagem... É falsa a sensação de segurança que advém da luta pelo controle dos sentimentos. É preferível encarar o sentimento real que está nos habitando aqui e agora do que lutar para negá-lo. Diante do esforço para reprimir a tristeza podemos nos enrijecer ao ponto de prejudicarmos a nossa a capacidade para sentir também a alegria. Fugindo de um, podemos perder os dois! Mas vale ficar com a tristeza, do que perder a capacidade de sentir... tanto a tristeza quanto a alegria!</div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
Essa perspectiva pode parecer absurda num primeiro momento, mas no texto <a href="http://semeandojung.blogspot.com.br/2013/02/abordagem-junguiana-do-sofrimento-parte.html" target="_blank">Abordagem junguiana do sofrimento- parte 1</a> elaborei um pouco mais sobre a importância de atravessarmos nossos "pântanos escuros", lançando mão da coragem e do fôlego que obtemos quando abandonamos a ilusão de que a vida é, ou deveria ser, composta <u>apenas</u> por "campinas ensolaradas". A verdade é que </div>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
"Assim como o dia não existe sem a noite, nem a vida sem a morte, a alegria não pode existir sem a tristeza. Há dor na vida, assim como prazer, mas podemos aceitar a dor desde que não estejamos presos a ela" (Lowen, <em>Alegria</em>, p.19).</div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
Todos nós fomos, em alguma medida, profundamente feridos na infância. Carregamos dor em nossos corpos e temos medo de cair, ao encararmos nossas antigas feridas, em desespero mortal. Mas se nos fechamos para a dor, inevitavelmente acabamos nos fechando também para o prazer. Não dá para ficar só com um dos lados da moeda. A vida é um ciclo, uma alternância de opostos. Podemos aceitar a noite na medida em que sabemos que o dia uma hora nascerá. <br />
</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9Sfj4MVslV3Ar64lq4TAzoYMZ3GXtAIZEPk_pczdZ8V2oxrCaVTNJ90LLV-h6lIxhOWWn78IJ9O_wOEzO4xLHczDHUwhuFd053hX_DYu2QCLeCztu5JvIT0UKQ2KrMbKMmwD90Tc67JY/s1600/homem+com+raizes+e+asas.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9Sfj4MVslV3Ar64lq4TAzoYMZ3GXtAIZEPk_pczdZ8V2oxrCaVTNJ90LLV-h6lIxhOWWn78IJ9O_wOEzO4xLHczDHUwhuFd053hX_DYu2QCLeCztu5JvIT0UKQ2KrMbKMmwD90Tc67JY/s320/homem+com+raizes+e+asas.jpg" width="242" /></a>Todos os sentimentos são legítimos. Eles são a vida do corpo e condenar qualquer sentimento é condenar a vida. Podemos, em nome da harmonia social e do bem-estar coletivo, valorar atos e comportamentos como "certos" ou "errados", mas nunca um sentimento. Por isso, tal como Mosé, eu também tenho apreciado o pensamento chão, os poemas que nascem do pé, os sentimentos expressos com o pé no chão.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Estar com os pés no chão é estar
em contato com nossa <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">realidade externa e interna, com a
realidade do corpo, dos sentimentos e emoções. É estar enraizado, presente no aqui e agora. É r</span>espirar
livremente, fazer contato com os olhos e expressar através da voz e dos
movimentos o que pulsa em nosso coração.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">O senso de segurança, o eixo e o centramento
necessários para que consigamos estabelecer relacionamentos saudáveis dependem de uma percepção realista do mundo externo e de nós mesmos. Lowen associa o estar com o pés no chão (<em>grounding</em>) com a capacidade de sustentar nosso espaço, nossas ideias, opiniões e pontos de vista. Estar sobre os próprios pés significa sentir-se independente e livre. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Liberdade é o oposto de controle e tensão, porém não é o oposto de autodomínio. Autodomínio não é sinônimo de controle, não é sinônimo de palavra presa. Autodomínio significa que o indivíduo está em contato consigo mesmo, sabe o que sente, não tem culpa ou vergonha pelo que sente e é capaz de expressar-se de modo apropriado para promover seus maiores interesses. Está no comando de si mesmo, no sentido de que está livre dos controles inconscientes decorrentes do medo de ser ele mesmo; livre das tensões musculares que bloqueiam a auto expressão e limitam sua auto percepção consciente; está em sintonia com a auto aceitação e com a liberdade de ser (Lowen, <em>Alegria</em>). </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKkXYFGQ5NPsarf9-oVaxgeH8TKg4FzCXkvxmwk1QYZXR6_cT-M051gBEqkkwnsdr3thNaJrMiP-Q0gvhZg2AKK0oM_p9sQMl1hMe1lCK0CmmF4P7hA0q5UEPmaahWR7k94viW3RrXX_o/s1600/150314.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="257" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKkXYFGQ5NPsarf9-oVaxgeH8TKg4FzCXkvxmwk1QYZXR6_cT-M051gBEqkkwnsdr3thNaJrMiP-Q0gvhZg2AKK0oM_p9sQMl1hMe1lCK0CmmF4P7hA0q5UEPmaahWR7k94viW3RrXX_o/s320/150314.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-22045979187809615382015-01-03T19:20:00.002-08:002015-01-25T15:07:18.027-08:002015<div style="text-align: justify;">
O clima coletivo de final/início de ano é sempre de planos, expectativas e promessas. Li uma mensagem, dentre as várias que circulam nesse período, que me fez refletir sobre o nosso hábito de desejar, para nós mesmos e para nossos queridos, um "Feliz Ano Novo". </div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
É claro que o desejo de que o ano seja bom e feliz é totalmente compreensível, mas a verdade, como bem escreveu Maurício Neubern (um excelente professor que meu deu aulas na graduação), é que o ano em si não nos trará nada de novo ou de bom. <br />
<blockquote class="tr_bq">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="color: #990000;"><b>2015 não lhe fará mais feliz.<br /> 2015 não lhe trará mais amigos, nem preservará os que você tem.<br /> 2015 não lhe trará mais amor.<br /> 2015 não lhe fará perdoar pessoa alguma.<br /> 2015 não lhe trará saúde.<br /> 2015 não lhe poupará os sofrimentos.<br /> 2015 não lhe abrirá caminhos novos.<br /> 2015 não lhe fará mais fiel aos compromissos maiores.<br /> 2015 não lhe fará mais próspero, nem com mais sucesso.<br /> 2015 não transformará sua vida.<br /> 2015 não lhe ensinará coisa alguma.</b></span></blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<span style="color: #990000;"><b>Mas, se você tiver a coragem de aceitar a si mesmo, de cumprir com o que seu coração fala, mesmo que indo contra o mundo inteiro; se você topar os desafios para os quais você nasceu e tiver a fé para se deixar conduzir pelas forças maiores; se você aceitar se tornar o ser humano um dia projetado na mente de Deus,</b></span></blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<b><span style="color: #990000;">Então<br /> 2015 lhe trará grandes amigos e renovará os que já entraram em sua vida.<br /> 2015 lhe fará uma pessoa mais amorosa.<br /> 2015 lhe ensinará a ver o mundo com fé.<br /> 2015 lhe dará disposição e sentido para trabalhar.<br /> 2015 lhe trará saúde do corpo e da alma.<br /> 2015 lhe ensinará a fazer melhores opções.<br /> 2015 transformará suas dores em ensinamentos.<br /> 2015 lhe abrirá as portas do perdão.<br /> 2015 lhe conduzirá para ser ético e bom, independente das circunstâncias.<br /> 2015 lhe fará mais próspero em vários sentidos.<br /> 2015 lhe ensinará a colocar o sopro de sua alma em cada ação que fizer e a viver cada segundo, aqui, presente. E encontrar sentido na vida.<br /> 2015 será seu mestre em leveza e alegria.</span></b><br />
<div style="text-align: right;">
<b>(Maurício Neubern, num post do facebook)</b></div>
</blockquote>
<br />
Essas palavras me conduziram para um novo ponto de vista: o mais sensato e realmente fecundo não é desejar ou esperar que o "cenário" seja feliz, mas sim que o "protagonista" possa ser feliz em sua capacidade de dar vida e sentido ao seu cenário, tal como ele se apresenta aqui e agora. A expectativa de que o ano seja bom, em certo sentido, é ilusória. Precisamos abrir mão da ilusão e assumir plena responsabilidade pelo ano que se inicia. Nosso clássico voto "Feliz 2015 para você" deveria, como sugeriu Maurício, ser substituído por "Feliz você em 2015". Dentro da lógica da causa e efeito, poderíamos até dizer que somos a causa e 2015 o efeito! <br />
<blockquote class="tr_bq">
"(...) a criança dentro de vocês deseja que tudo seja da forma que ela quer, do jeito que ela quer e na hora em que ela quer. Mas vai além disso. Isso implica também ter total liberdade sem responsabilidade. Vocês podem não ter consciência de que desejam exatamente isso. Mas tenho certeza de que, ao examinarem algumas de suas reações e se perguntarem o que elas realmente significam, quando chegarem à raiz delas, sem dúvida descobrirão que essa parte de vocês quer exatamente isso. Vocês querem, acima de vocês, uma autoridade benevolente que conduza suas vidas de todas as formas do jeito que vocês desejam. Vocês querem total liberdade com relação a tudo, vocês querem tomar decisões e fazer escolhas livremente. Se elas forem acertadas, o crédito é de vocês. No entanto, vocês não querem ser responsáveis por nada de ruim que aconteça. Então, vocês se recusam a ver a ligação entre um acontecimento e suas próprias ações e atitudes. Vocês encobertam tão bem essas relações de causa e efeito que, depois de um certo tempo, é preciso realmente um grande esforço para trazê-las à tona (Palestra do Guia Pathwork nº 60 / O abismo da ilusão - utopia - liberdade e auto responsabilidade). </blockquote>
<br />
Seja lá como for este ano que se inicia, no cotidiano percurso da individuação, e dentro da perspectiva da auto-responsabilidade, quem deve ser feliz, leve ou próspero somos nós, os senhores de nossas vidas e destinos, os únicos verdadeiramente responsáveis pelo nosso céu e inferno. Que possamos, então, estar de braços e corações abertos para tudo o que vier em 2015, cultivando a certeza de que tudo o que vem, chega na medida certa, como mais um tijolinho que podemos utilizar para edificar nossa felicidade. Nas palavras de Rudolf Steiner:<br />
<blockquote class="tr_bq">
"Temos que erradicar da alma todo medo e temor do que o futuro possa trazer ao homem. Temos que adquirir serenidade em todos os sentimentos e pensamentos a respeito do futuro. Temos que olhar para frente com absoluta equanimidade para com tudo o que possa vir. Temos que pensar somente que tudo o que vier, nos será dado por uma direção universal plena de sabedoria. Isto é parte do que temos que aprender nesta era: viver com plena confiança sem qualquer segurança na existência. Confiança na ajuda sempre presente do mundo espiritual. Em verdade, nada terá valor se a coragem nos faltar. Disciplinemos nossa vontade e busquemos o despertar interior, todas as manhã e todas as noites".</blockquote>
Essa ideia de que devemos diária e corajosamente abraçar os desafios para os quais nascemos e seguir o caminho do coração com auto-responsabilidade e confiança na guiança maior (que não é benevolente nem malevolente, ela simplesmente é, e muitas vezes "escreve certo por linhas tortas") me fez lembrar da parábola "A cruz e a ponte" e da música "O Alfaiate Supremo". Ambas são, ao meu ver, fontes de inspiração para NOSSA missão de, independe das circunstâncias, afirmar a vida e firmar em nossa existência "o ser humano
um dia projetado na mente de Deus". Falam sobre a arte de transformar "bolas de canhão em lindas e lúdicas bolhas de sabão", "nossas penas da vida em maravilhosas penas de pavão" e, assim, irmos, aos poucos, limpando nossa visão para ver que nossa cruz é, na verdade, uma ponte feita sob medida para atravessarmos o abismo que nos separa de quem realmente somos e do que realmente viemos fazer nesta escola/vida (em 2015, 16, 17... até o derradeiro fim dos anos).<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3Y4pYhx_gS9698Jma8RRyzKYqK5x2WGB-8MVzyOmfGlZYKqBd0L7Z6s_857xk8qwBhsPObWn-gZ7qyIMe159x0cvKuaBbPJXOXxT8ylLSxCxFDAvwGoA4hSh5tLpFXYHUW-H2IybpqPI/s1600/ponte.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3Y4pYhx_gS9698Jma8RRyzKYqK5x2WGB-8MVzyOmfGlZYKqBd0L7Z6s_857xk8qwBhsPObWn-gZ7qyIMe159x0cvKuaBbPJXOXxT8ylLSxCxFDAvwGoA4hSh5tLpFXYHUW-H2IybpqPI/s1600/ponte.jpg" height="239" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #990000;"><b>A CRUZ E A PONTE</b></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">Certa
vez um homem foi visitado por um anjo que lhe disse: </span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">- Eu vim trazer a sua cruz para que você possa carregá-la na sua
jornada. </span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">Ele pegou a cruz e seguiu a jornada da vida. Depois de muito caminhar, encontrou um homem extremamente persuasivo que lhe perguntou: </span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">- O que você está fazendo com esta cruz aí? Está maluco?
Ela deve ser muito pesada.</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;"> E ele respondeu: </span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">- Não estou maluco não,
cada um deve carregar a sua cruz. Mas ela realmente é pesada. </span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">
</span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">- Então por que você não corta um pedaço do pé da cruz? Vai ficar mais leve.</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">
</span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">- Eu não posso fazer isso, é a minha cruz, eu tenho que carregá-la.</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">
</span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">- Que besteira. Corta só um
pedacinho, ninguém vai saber. Assim vai ficar mais leve para você
carregar.</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">E o homem o convenceu de cortar um pedaço. <br />
</span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">- Viu, não ficou mais leve?</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">
</span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">- É, você tinha razão, só um pouco não vai fazer
mal.</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">
</span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">E ele continuou seguindo a sua jornada. Lá na frente, eis que ele encontra novamente aquele homem:</span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">- Você continua carregando isso aí? Achei que tivesse desistido.</span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">- Sim, eu continuo carregando a minha cruz.</span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">- Mas ela deve estar muito pesada. Por que você não corta mais um pouco? Vai ficar mais leve.</span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">- É, pode ser, não doeu nada da outra vez.</span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">- Vamos cortar. Só que dessa vez vamos cortar um pouco mais pra ela ficar bem mais leve.</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">Ele concordou em cortar e depois seguiu sua jornada, carregando agora uma minúscula cruz. Muito tempo depois ele avista a cidade maravilhosa,
cheia de ouro, pedras preciosas, prata. Era a visão mais maravilhosa que
ele já teve em toda a sua vida. Era tão iluminada e brilhava tanto que não precisava
do sol. Quando sem esperar ele se depara com um abismo e tamanho era o desespero que
ele começa a gritar:<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;"> </span></span></span></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">- Me ajudem, quero atravessar, socorro alguém, por favor, me ajude, quero entrar na cidade.</span></span></span> </span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">Cansado de tanto gritar, ele vê do outro lado do abismo o anjo, aquele que
lhe entregou a cruz. E o anjo pergunta:</span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: #000011;">- O que você está
fazendo aí do outro lado? Por que você ainda não atravessou?</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #000011;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Como? Não vê o abismo que nos separa?</span></span></span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #000011;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span></span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #000011;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Sim vejo, respondeu o anjo</span></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #000011;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span></span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #000011;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Então, como eu vou atravessar?</span></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #000011;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span></span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #000011;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Onde está a ponte que eu te entreguei?</span></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #000011;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span></span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #000011;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Ponte? Você me entregou uma cruz e ela está aqui comigo.</span></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #000011;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span></span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #000011;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">E o anjo disse:</span></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #000011;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Então, coloque-a no meio do abismo, porque o tamanho dela é exato para que você possa atravessar.</span></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #000011;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">O homem analisou a largura da vala, comparou-a com a sua cruz e olhou desolado para o anjo. Mas este apenas lhe disse:</span></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #000011;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Cada um só pode atravessar pela própria cruz. É uma pena, mas você terá que voltar e juntar todos os pedaços serrados, reintegrá-los e trazer a cruz inteira.</span></span></span></span><br />
<div align="justify">
<br /></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #000011;">
</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/BLA62QXw5RM?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><b>"As coisas já são o que são e agora somos nós que precisamos ser sãos!"</b></span></div>
</div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-847886169537691402014-12-10T20:46:00.000-08:002014-12-12T20:54:08.859-08:00O potencial libertador da criança interna<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/G9RS2BkbqHw?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #e06666;"><b>"Em todo
adulto espreita uma criança - uma criança eterna, algo que está sempre
vindo a ser, que nunca está completo e que solicita cuidado, atenção e
educação incessantes. Essa é a parte da personalidade humana que quer
desenvolver-se e tornar-se completa" (Jung, O Desenvolvimento da
Personalidade, p. 175)</b></span></span></span></blockquote>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
Após um ano sem escrever no blog, volto, justo no mê<span style="font-family: inherit;">s </span>do menino Jesus, motivada a falar do mesmo tema
da última postagem: a criança interior que está soterrada dentro do
adulto. Porém, por sentir ser incompleto falar da "criança ferida" sem considerar também a
"criança divina", responsável pela nossa natureza criativa, abordarei "o moleque que mora no nosso coração" numa
perspectiva um tanto diferente da do último texto. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Ficou claro no post <a href="http://semeandojung.blogspot.com.br/2013/09/libertacao-os-complexos-afetivos-e.html" target="_blank">"LibertAÇÃO: os complexos afetivos e a força de nos reimaginarmos como maiores que o nosso passado"</a> que as experiências insatisfatórias da primeira infância são responsáveis por muitos dos
transtornos na vida adulta. Todos
nós carregamos dolorosas lembranças de cenas infantis traumáticas que contém
uma intensa carga afetiva, um forte magnetismo e uma grande influência em
nossas vidas adultas. É inegável a correlação entre trauma infantil,
distorções futuras da realidade e sofrimento. É inegável, também, que para desfrutarmos de uma vida mais
significativa e vivermos uma realidade menos distorcida por nossos complexos, devemos ouvir e acolher nossa criança interior
negligenciada. Mas buscar o contato com ela não significa apenas investigar as
teias psíquicas/emocionais que ligam as dificuldades atuais às
cenas traumáticas da infância. O reencontro como nossa criança interior
é, também, uma oportunidade para darmos vazão à natureza lúdica e
espontânea da criança que ainda nos habita.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">A parte infantil de nossa personalidade é dual. "O eu infantil é espontâneo, criativo, brincalhão, sensível, reativo emocional e fisicamente, e cheio de prazer, deslumbramento e amor. (...) Mas a criança também é egocêntrica, exigente, dependente, irresponsável, não discriminativa, caótica, imatura e supersticiosa" (Thesenga, <i>O Eu sem Defesas</i>, p. 79). Podemos ver o "eu criança" operando em nós, adultos, nessas duas facetas. Ele pode interferir tanto limitando percepções e
escolhas quanto nos oferecendo novas e criativas formas de perceber e
escolher. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Como tudo o que existe
possui uma dupla face, é fato que o contato com nossa criança interna
nos conduz tanto à revivência das dores, traumas e abandonos infantis,
quanto à revivência de nossa inocência, espontaneidade, encantamento e
criatividade. Trabalhar com nossa criança interior exige de nosso eu adulto uma dupla habilidade: a de ser "aluno/aprendiz" e "professor/pai". Temos muito a ensinar e a aprender com nossa parte infantil. Podemos nos nutrir das energias criativas e espontâneas do eu criança e devemos ajudar no amadurecimento de seus aspectos não desenvolvidos, imaturos e egoístas. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Lowen, no livro <i>Bioenergética</i>, descreve o adulto como sendo uma pessoa
consciente das possíveis consequências do seu comportamento e que assume
responsabilidade sobre elas. Mas ressalta que só se é um adulto saudável, um ser
humano integrado e verdadeiramente consciente, quando o senso de
realidade e responsabilidade também incluem a necessidade e o
desejo de intimidade e amor, a capacidade de ser criativo, a liberdade
para se divertir e o espírito de aventura. Se<span style="font-family: inherit;"> </span>o adulto
"perde o contato com o sentimento de amor e intimidade que ele conheceu
enquanto criança, com a imaginação criativa da infância, com suas
brincadeiras e divertimentos e com o espírito de aventura e romance que
marcou a sua juventude, ele será uma pessoa estéril, rígida e
intratável" (Lowen, <i>Bioenergética</i>, p. 53).</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">A criatividade, a confiança, a espontaneidade, a simplicidade, a intuição e a capacidade de conceber a vida de forma mais positiva e lúdica são forças que nos habitam. Elas pertencem à parte infantil de nossa personalidade e dão suporte à nossa parte adulta. Como canta Milton, "toda vez que o adulo balança, toda vez que a tristeza me alcança, o menino vem pra me dar a mão..."</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9ArDbZP9pZ9HshmpQopRUHy6Tq0i1ZsNM8Htf52gAGPpgVyttw6NWw3X4pbVq3ZFp8XpuN06S741saSiANNFWOeeZuDHVMk4RypLNVRELqaKIEeZNrxPfBUbI0wfDD4ykx18DDb0BE3k/s1600/crian%C3%A7a+interior.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9ArDbZP9pZ9HshmpQopRUHy6Tq0i1ZsNM8Htf52gAGPpgVyttw6NWw3X4pbVq3ZFp8XpuN06S741saSiANNFWOeeZuDHVMk4RypLNVRELqaKIEeZNrxPfBUbI0wfDD4ykx18DDb0BE3k/s1600/crian%C3%A7a+interior.jpg" height="320" width="240" /></a></span></span><br />
<div style="text-align: center;">
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #e06666;"><b>"...E me fala de coisas bonitas<br />
Que eu acredito<br />
Que não deixarão de existir<br />
Amizade, palavra, respeito<br />
Caráter, bondade, alegria e amor<br />
Pois não posso<br />
Não devo<br />
Não quero<br />
Viver como toda essa gente<br />
Insiste em viver<br />
E não posso aceitar sossegado<br />
Qualquer sacanagem ser coisa normal"</b></span></span></span></blockquote>
</div>
<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: justify;">
<blockquote class="tr_bq">
<div>
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><b><span style="color: #b45f06;"> </span></b></span></span></blockquote>
</div>
</blockquote>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Recorrer à criança interior é buscar força
renovada para lidar com às pressões externas e internas, é integrar a dimensão lúdica à vida adulta e resgatar a confiança em nosso potencial
criativo. Se ignoramos ou obstruímos o acesso à nossa fonte criativa, tornamos a vida por demais concreta, dura e literal. Mas, se lançarmos mão dos recursos criativos de nossa criança
interior poderemos encontrar saídas inusitadas para os inúmeros conflitos da vida cotidiana. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Esse poder criativo<span style="font-family: inherit;"> </span>existe enquanto potencial em todos nós, mas é necessário, como escreve Brennan, um empenho consciente para que as orientações de nossa "criança sábia" possam emergir e transpor a mente racional, unilateral e obtusa, tão superestimada por nossa sociedade: </span></span><br />
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">"Existe no interior de toda personalidade humana uma criança. (...) <b>Essa criança
interior é muito sábia. Sente-se ligada a toda a vida. Conhece o amor
sem fazer perguntas. Mas é encoberta quando nos tornamos adultos e
tentamos viver apenas de acordo com a nossa mente racional. Isso nos
limita. Urge descobrir a criança interior para começar a seguir a
orientação.</b> Você precisa voltar à sabedoria amante, confiante, da sua
criança interior para desenvolver a capacidade de recebê-la e segui-la.
Todos ansiamos por liberdade - e através da criança a lograremos. Depois
de conceder mais liberdade à sua criança, você poderá iniciar o diálogo
entre a parte adulta e a parte infantil da sua personalidade. O diálogo
integrará a parte livre e amante da sua personalidade com o adulto
sofisticado" (Brennan, <i>Mãos de Luz</i>, p. 36).</span></span></blockquote>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Essa integração resulta em crescimento/desenvolvimento emocional e psicológico. Na psicologia junguiana, a criança, enquanto símbolo, guarda estreita relação com o processo de individuação. Por ser a portadora da força criativa capaz de promover a religação do ego com as orientações do<i> Self</i>, a criança é símbolo do desenvolvimento rumo à autonomia e à realização. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span>
<br />
<div align="JUSTIFY">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span lang="pt-BR">Para Jung, o símbolo da
criança traz em si a ideia de
potencialidade, de realização da potência. Em <i>A
Psicologia do Arquétipo da Criança</i>, ele descreve os poderosos atributos da criança simbólica:</span></span></span><br />
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">"é uma personificação de forças
vitais, que vão além do alcance limitado da nossa consciência, dos
nossos caminhos e possibilidades, desconhecidos pela consciência e sua
unilateralidade, e uma inteireza que abrange as profundidades da
natureza. Ela representa o mais forte e inelutável impulso do ser, isto
é, o impulso de realizar-se a si mesmo" (Jung, <i>Os Arquétipos e o
Inconsciente Coletivo</i>, p. 171, parágr. 289). </span></span></blockquote>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">A criança simboliza a união dos opostos, a síntese, a integração de
conteúdos inconscientes. É um símbolo que
interliga o passado e o futuro, o frágil e o poderoso, o tolo e o
sábio... O arquétipo da criança tem, portanto, um efeito redentor, capaz de compensar ou corrigir as inevitáveis unilateralidades ou extravagâncias da consciência. Quando emerge num adulto, por exemplo num sonho, anuncia o nascimento de uma nova consciência, que contém a chave para abrir a porta de saída de um conflito, com o qual a mente consciente unilateral não estava sabendo lidar. </span></span><br />
<div style="text-align: center;">
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #e06666;"><b>"Há um menino</b></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #e06666;"><b>
Há um moleque<br />
Morando sempre no meu coração<br />
Toda vez que o adulto fraqueja<br />
Ele vem pra me dar a mão"</b></span></span></span></blockquote>
</div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> A criança arquetípica, assim como outros motivos que também possuem a qualidade de perfeição (mandala, flores, pedras preciosas), carrega em si uma força libertadora, um convite para que façamos contato com nosso potencial de síntese, de unidade e de auto realização. Um convite para que nos inspiremos nas qualidades características desse arquétipo: sinceridade, pureza, autenticidade e abertura para o futuro.</span></span><br />
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">"Um aspecto fundamental do motivo da criança é o seu caráter de futuro. A criança é o futuro em potencial. Por isso a ocorrência do motivo da criança na psicologia do indivíduo significa em regra geral uma antecipação de desenvolvimentos futuros (...) A vida é um fluxo, um fluir para o futuro e não um dique que estanca e faz refluir. Não admira portanto que tantas vezes os salvadores míticos são crianças divinas. Isto corresponde exatamente às experiências da psicologia do indivíduo, as quais mostram que a 'criança' prepara uma futura transformação da personalidade. No processo de individuação antecipa uma figura proveniente da síntese dos elementos conscientes e inconscientes da personalidade. É, portanto, um símbolo de unificação dos opostos, um mediador, ou um <i>portador da salvação</i>, um propiciador da completude" (Jung, <i>Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo, </i>p.<span style="font-family: inherit;"> </span>165, parágr. 278).</span></span></blockquote>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">A criança divina arquetípica que habita nossa psique, a criança real que um dia fomos e a criança ferida dentro de nós são, todas, portadoras de luz, amplificadoras da consciência. É estabelecendo contato com elas que reencontraremos o caminho da auto realização plena. Resgatá-las é tornar a brincar e a criar em nossas vidas, afinal, como bem escreveu a psicodramatista Rosa Cukier (<i>Sobrevivência emocional: as dores da infância revividas no drama adulto</i>), pior do que quebra<span style="font-family: inherit;">r</span> o braço na infância brinca<span style="font-family: inherit;">ndo</span> de ser Deus, é
decidir, por medo de se machucar de novo, parar de brincar de ser Deus! E <span style="font-family: inherit;">essa "brincadeira", que<span style="font-family: inherit;"> nada tem a ver </span>com megalomania, inflação <span style="font-family: inherit;">psíquica ou <span style="font-family: inherit;">prepot<span style="font-family: inherit;">ê</span>ncia,<span style="font-family: inherit;"> </span></span></span>é<span style="font-family: inherit;">,</span> junguianamente falando, nossa missão de vida mai<span style="font-family: inherit;">s </span>s<span style="font-family: inherit;">éria<span style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;">.<span style="font-family: inherit;"> "Brincar de ser Deus" </span></span>é</span> realizar, de forma leve<span style="font-family: inherit;">, criativa </span>e perseverante, nossa mais <span style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;">árdua</span></span> tarefa: despir nossa <span style="font-family: inherit;">essência</span> divina de todas as camadas que<span style="font-family: inherit;"> </span>encobrem nosso verdadeiro eu (<i>Sel</i><span style="font-family: inherit;"><i>f</i>).</span></span></span></span></span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><a href="https://waldorfpetropolis.files.wordpress.com/2013/06/lanterns-3.jpg?w=300&h=212" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Lanterns-3" border="0" class="aligncenter size-medium wp-image-203" height="282" src="https://waldorfpetropolis.files.wordpress.com/2013/06/lanterns-3.jpg?w=300&h=212" width="400" /></a></span></span></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-style: italic;"> <b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"></span></span></b></span></span><b><i>Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus </i></b><br /><b>Mateus 18:3</b></blockquote>
</div>
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: Verdana;"><span style="font-weight: bold;"><br /></span></span></span>
</div>
</div>
</div>
</div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-54256937778416453652014-08-09T18:07:00.000-07:002014-08-09T18:08:32.686-07:00SIMPÓSIO - O analista hoje: um olhar junguiano<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZ81yU1OF2TWep45ew-22FpagReDoaIMYqPWG38O0YctGBBHT8OTP71vfJe0xfEHnBTAoID-iLnyF564VuQGQKLbahaxxf9AQXuyrjW5GRtrrdHS8nhp6oTNcaS_a81NrEnfsxRICvFyA/s1600/simp%C3%B3sio+SBPA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZ81yU1OF2TWep45ew-22FpagReDoaIMYqPWG38O0YctGBBHT8OTP71vfJe0xfEHnBTAoID-iLnyF564VuQGQKLbahaxxf9AQXuyrjW5GRtrrdHS8nhp6oTNcaS_a81NrEnfsxRICvFyA/s1600/simp%C3%B3sio+SBPA.jpg" height="640" width="465" /></a></div>
<br />Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-60236144384863870382013-09-19T18:15:00.001-07:002013-09-30T16:39:24.020-07:00LibertAÇÃO: os complexos afetivos e a força de nos reimaginarmos como maiores que o nosso passado<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> </span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrpwckBwflPFfsK7rP6BNCbEvgtQIgvxZfrytOKgOSyWY01-4JXP2wfDZ4YOlC1y69-pftR-gTY7s_H5HLhpW9zr98d2JdbMZkyBJNdTdC-4bYH8VpC50GnqYAPgF2MP7AcIpqGxoBiNk/s1600/380967_2714310264200_1450240960_2816252_1493718211_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrpwckBwflPFfsK7rP6BNCbEvgtQIgvxZfrytOKgOSyWY01-4JXP2wfDZ4YOlC1y69-pftR-gTY7s_H5HLhpW9zr98d2JdbMZkyBJNdTdC-4bYH8VpC50GnqYAPgF2MP7AcIpqGxoBiNk/s1600/380967_2714310264200_1450240960_2816252_1493718211_n.jpg" height="320" width="264" /></a></span></span></div>
<br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> No texto <a href="http://semeandojung.blogspot.com.br/2013/03/a-justa-medida-de-valorizacao-do-nosso.html" target="_blank">A justa medida de valorização do nosso passado, presente e futuro</a>, procurei refletir, baseada nas ideias de Schopenhauer<i><b>, </b></i>sobre a importância de darmos a devida atenção e valor ao nosso presente que, como asseverou o filósofo alemão, é o único tempo real e certo. É no presente que vivemos (ou deveríamos viver!) e é nele que, apesar do passado ou das preocupações com o futuro, podemos constantemente nos reinventar. </span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> Apesar da importância inalienável do presente, sinto que minhas reflexões foram "justas" com o presente, mas "injustas" (no sentido de insuficientes) com o passado. E como acredito que toda e qualquer supervalorização é irreal e até mesmo perigosa, retorno para refletir melhor sobre a importância do passado em nossas vidas.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> Partirei do básico: os fatos marcantes de nossa história pregressa guardam uma estreita
relação com o nosso presente e, consequentemente, com o nosso futuro. Se os subestimamos, aumentamos nossa vulnerabilidade diante da força do passado e diante da força que nos impele à reeditar antigas feridas e protestos. Na tentativa de "ignorar" o passado doloroso, nos tornamos prisioneiros dele por meio da repetição inconsciente. Se supervalorizamos, nos tornamos igualmente prisioneiros, reféns da nossa história e impotentes diante do futuro. A força do passado anula a força de mudança intrínseca ao presente. No entanto, se nos posicionamos adequadamente diante de nosso passado, acessamos a possibilidade de romper com sua tirania. Percebemos, por um lado, que muitas de nossas dificuldades atuais foram geradas pela nossa história de vida e que não podemos fugir delas, pois nunca podemos fugir do nosso passado; mas, por outro lado, percebemos que não somos meramente reféns: ao invés de fugir podemos reconhecer, encarar e trabalhar com nossas feridas em prol de uma visão de mundo menos condicionada ao que de terrível já pode ter nos acontecido. </span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> A infância é um período crucial em nossas vidas e revisitá-la é uma excelente oportunidade de autoconhecimento. Muitas conclusões sobre o funcionamento da vida e dos relacionamentos foram "arquitetadas" na infância, momento no qual a
sensibilidade e vulnerabilidade da criança são maiores que sua
capacidade de processar "adequadamente" as experiências dolorosas. Essas conclusões infantis, tiradas sobretudo a partir de experiências traumáticas, são tão fortes e sólidas que continuam
a atuar na psique adulta. </span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCTV_jT02cI_nw7FUxHfYCsY8R6zn-GSbzocCkIFgVaulSkfpgd47ZA9cZVa49HImMEb_qsjc8AwOpvOfege8DkqUltBSBd_lB4MUEA0f22W4ZRF9BplOxKkHFsvNvMaiI96G92FZF5qY/s1600/depression2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCTV_jT02cI_nw7FUxHfYCsY8R6zn-GSbzocCkIFgVaulSkfpgd47ZA9cZVa49HImMEb_qsjc8AwOpvOfege8DkqUltBSBd_lB4MUEA0f22W4ZRF9BplOxKkHFsvNvMaiI96G92FZF5qY/s1600/depression2.jpg" height="213" width="320" /></a></span></span></div>
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> Inicialmente, pode ser bastante perturbadora a ideia de que muito do que pensamos, sentimos e fazemos hoje foi condicionado pela nossa história e está além do nosso controle consciente. Pensar que estamos sujeitos à interferência inconsciente de múltiplas forças internas é uma espécie de afronta a nossa tão cara noção de livre-arbítrio. No entanto, uma maior liberdade de ação e escolha só pode ser minimamente conquistada se reconhecermos que muitas de nossas dificuldades atuais têm raízes no passado. Rememorá-lo com o intuito de investigar as distorções e os padrões de comportamento historicamente construídos é uma atitude que pode liberar, total ou parcialmente, nossos relacionamentos das interferências inconscientes que nos conduzem irrefletidamente às mesmas reações elegidas na infância como "as mais adequadas".<span style="color: red;"> </span></span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="color: red;"> <span style="color: black;">A teoria dos complexos de Jung nos ajuda a
entender como os eventos do passado, sobretudo os vividos na infância, se tornam
fixados e operantes na psique adulta.</span><span style="color: black;"> Mas o que é um complexo? </span></span></span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="color: red;"><span style="color: black;"> Para uma melhor compreensão sobre o que é e como age um complexo utilizarei o exemplo clínico dado por Whitmont no livro "A Busca
do Símbolo - Conceitos Básicos de Psicologia Analítica": </span></span></span></span><br />
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> "Um rapaz
veio à procura de ajuda por causa de dificuldades generalizadas em
relação às pessoas, ou melhor, a qualquer pessoa que desafiasse sua
necessidade compulsiva de dominar qualquer situação, especialmente, é
claro, seus superiores no trabalho. Sua ânsia de liderar e de dominar os
outros funcionava relativamente bem até que ele sentisse que sua
liderança estava de algum modo sendo questionada. Ele interpretava até
mesmo a tentativa de alguém para conhecê-lo melhor como uma ameaça à sua
autoridade. Qualquer pessoa que tivesse uma aparência de autoridade
sobre ele parecia imediatamente insultá-lo e, portanto, ele
constantemente achava necessário mudar de emprego. Não havia sido capaz
de terminar a faculdade porque era intolerante com a disciplina
exigida. Ele claramente tinha um problema com relação à autoridade e à
disciplina e reagia violentamente a elas; no entanto, tinha potencial
para tornar-se um excelente líder. Era muito sensível aos sentimentos e
às necessidades dos outros - apesar de que, a esta altura, sua
sensibilidade trabalhava contra ele, já que o tornava mais apto a
retrair-se. A autoridade fascinava-o e repugnava-o ao mesmo tempo; ele
não conseguia nem aceitá-la nem exercê-la de modo adequado. <b>Em linguagem
psicológica simples, este rapaz tinha um complexo de autoridade.</b> Ele
sempre estava preso à autoridade. O rapaz ia direto a ela, ele a
combatia e a desafiava, mas sempre se sentia impelido a exercê-la. No
entanto, era incapaz de enquadrar-se em qualquer situação comum na qual o
exercício da autoridade fosse apropriado, e mais ainda de encarar um
desafio real que o exigisse. <b>Nesse tipo de situação é <i>como se</i> uma
personalidade autoritária e dividida estivesse dirigindo e
ridicularizando o indivíduo em questão, levando-o a encontra o problema
da autoridade em toda parte, independentemente de se seu melhor juízo -
ou seu 'pior' juízo - e o que é mais importante, ele não sabia que
estava sendo dirigido.</b> Qualquer coisa associada, mesmo que remotamente,
com a autoridade, sobretudo com a autoridade paterna, punha essa força
em movimento, e fazia-o de um modo bastante destrutivo porque, quer ele a
encontrasse em outras pessoas, quer ele próprio a exercesse, era certo
que problemas surgiriam. Ele hostilizava as pessoas ou era hostilizado
por elas, e inevitavelmente punha a culpa nos outros. Parecia que sempre
era a outra pessoa que não reconhecia o seu efeito benéfico, e era
sempre a outra pessoa que o isolava ou queria derrubá-lo, ou o
desafiava, ou o antagonizava" (Whitmont, p.52). </span></span></blockquote>
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="color: red;"> <span style="color: black;"> </span></span>Whitmont prossegue em suas considerações a cerca do caso demonstrando que o
complexo de autoridade deste homem surgiu a partir de experiências
dolorosas com seu pai, descrito por ele como uma pessoa cruel,
autoritária, injusta e matreira. O pai e a autoridade paterna foram
associados à quebra de confiança, à exploração, à crueldade e ao
exercício de uma disciplina impiedosa. Então, "qualquer coisa que o
fizesse lembrar da forma como havia vivenciado a autoridade lhe
provocava terror, perseguia-o e ameaçava-o; naturalmente ele nunca
poderia aceitar a disciplina ou a liderança, <b>mesmo quando eram apropriadas</b>" (Whitmont,
p.60). Este homem possuía um grande ressentimento em relação à
autoridade paterna e respondia a qualquer "situação associada" sempre
com a mesma carga emocional do passado (ódio, retraimento, ataque).</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> </span><span style="font-size: small;"><span style="color: red;"><span style="color: black;"><span style="color: red;"><span style="color: black;">Voltemos, agora, a pergunta inicial: O que é um complexo?</span></span> </span></span></span></span><br />
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">"Imaginemos por um momento que a pisque é um objeto tridimensional como o sistema solar. A consciência do ego é a Terra, <i>terra firme</i>; é onde vivemos, pelo menos durante as nossas horas vígeis. O espaço ao
redor da Terra está cheio de satélites e meteoritos, alguns grandes,
outros pequenos. Esse espaço é o que Jung chamou o inconsciente, e os
objetos com que primeiro nos deparamos quando nos aventuramos nesse
espaço são o que ele chamou de <i>complexos</i>" (Stein, Jung: O Mapa da Alma, p.41).</span></span></blockquote>
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="color: red;"> </span><span style="color: red;"><span style="color: black;">O inconsciente é povoado por complexos. Semelhantes aos </span></span>satélites que orbitam um planeta, os complexos circulam em torno do ego. Tal como um meteorito <span style="color: red;"><span style="color: black;">que ao cair na Terra deixa sua marca inequívoca; o complexo, quando irrompe na consciência, tem um tremendo poder de influenciar o Eu e gerar grandes perturbações internas e relacionais. Assim como um meteorito é formado por fragmentos de asteroides, cometas ou restos de planetas desintegrados; o complexo é formado pela reunião de imagens, sentimentos e ideias em torno de um tema central. </span></span>É como um vórtice que gira ao redor de um centro e atrai para si tudo o que lhe diz respeito. Se o tema central é, por exemplo, o pai; o complexo paterno será o resultado de todas as experiências positivas e negativas com o pai (pessoal e arquetípico). Esta rede de material associado (lembranças, fantasias, imagens, pensamentos) gravita em nosso inconsciente e pode, em determinadas situações, emergir e "tomar a cena". </span></span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGhWqJo9GNkarK6haxivr05Q6LGL_QXEUXvXvCVqwd_dyWrE6rEOfF2n-OiVFm6_Wzzu_6nEHE9Au-1TlCCC4CBcEjCgEGZ1NZ_3NfwJfvSML3xkJn2EymXE6qetCzqJZxx3W5j8U-BQU/s1600/1344400.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGhWqJo9GNkarK6haxivr05Q6LGL_QXEUXvXvCVqwd_dyWrE6rEOfF2n-OiVFm6_Wzzu_6nEHE9Au-1TlCCC4CBcEjCgEGZ1NZ_3NfwJfvSML3xkJn2EymXE6qetCzqJZxx3W5j8U-BQU/s1600/1344400.jpg" height="236" width="320" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> Dizemos que um complexo está "constelado" (expressão comum no léxico junguiano) quando ele está cheio de energia e suas "ondas" são capazes de exercer influências sobre a consciência. O termo "constelação" refere-se, portanto, à criação de um momento psicologicamente carregado no qual a consciência fica perturbada; indica que uma situação exterior desencadeou um processo psíquico que consiste na aglutinação e na atualização de determinados conteúdos. Q</span><span style="font-size: small;">uando essa rede de associações emocionalmente carregadas a qual o complexo está ligado é ativada, o indivíduo passa a adotar uma atitude preparatória e de expectativa, com base na qual reagirá de forma inteiramente definida (Stein, </span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Jung: O Mapa da Alma</span></span>). Nossa visão
da realidade sofre, portanto, uma considerável distorção e somos automaticamente conduzidos a dar respostas de intenso afeto. </span></span><br />
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">"Nunca
poderemos conhecer o que realmente encontramos no exterior até que
tenhamos alguma noção dos complexos que podem colorir nossa visão. Se
usamos óculos vermelhos e olhamos para um semáforo, o vermelho que vemos
pode estar lá, mas também pode estar apenas nos óculos" (Whitmont,
p.57) </span></span></blockquote>
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> <span style="color: red;"><span style="color: black;"><span style="color: red;"><span style="color: black;">Os complexos são, portanto, padrões peculiares de
reação formados a partir da </span></span>experiência pessoal de cada um com um determinado tema (mãe, pai, inferioridade, superioridade, poder etc). São formados por acontecimentos e traumas da infância, dificuldades e repressões; são resultados de condicionamentos, interações e
padrões familiares. São como "personalidades autônomas" dentro da personalidade total; "sub-personalidades" que quando ativadas "desencadeiam uma imagem de quem somos, em que contexto e qual deve ser nossa reação relacionada" (Hollis, Os Pantanais da Alma, p.175). </span></span></span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> Para descobrir se estamos reagindo a partir de um complexo, ou seja, respondendo à realidade a partir de um condicionamento passado, ou se estamos sendo autênticos diante das novas experiências (tal como elas nos são apresentadas no aqui agora) precisamos conhecer o nosso passado e os meandros de nosso inconsciente. É necessário descer às origens, voltar às cenas primordiais, conhecer os sentimentos dolorosos e negativos que nos conduziram às nossas habituais atitudes defensivas.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> No entanto, para reduzirmos o poder indesejado de um complexo, não basta apenas sabermos os "porquês" e "comos" do passado. Muitas vezes, apesar de já termos adquirido uma boa noção sobre nossas cadeias complexuais, ainda assim, continuamos sendo tragados por elas. </span></span><br />
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">"Trabalhar com um complexo não é diferente de tentar libertar um velho cavalo de moinho. Durante toda vida ele puxou a grande mó em volta do seu circuito de moagem. Nós o desamarramos, lemos em voz alta para ele sua carta de direitos, mas acordamos na manhã seguinte e vemos o velho cavalo percorrendo o mesmo circuito. (...) À semelhança do cavalo de moinho que é liberado de sua carga, podemos dar seguimento ao nosso mesmo melancólico circuito. A diferença entre nós e um cavalo de moinho é a nossa capacidade de imaginação. (...) Somos
limitados por nossos complexos e fadados a repetir os padrões de reação
históricos até a ocasião em que conseguimos expandir nossa visão do que é
possível - de nos reimaginarmos" (Hollis, Os Pantanais da Alma,
p. 173). </span></span></blockquote>
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> A capacidade de nos reimaginarmos como
maiores que o nosso passado é o que nos diferencia de um cavalo de moinho. Enquanto para ele o passado tem um poder inquebrável - ele continua a repetir o seu circuito porque não consegue romper e escapar dos limites do seu condicionamento histórico; em nós, o passado tem o poder de nos determinar, mas não o de nos limitar em definitivo! Para irmos contra a sua ditadura, é necessário nos alinharmos ao potencial humano criativo, imaginativo, restaurativo... </span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> E há que ser ter coragem e humildade, pois não é fácil duvidar dos óculos que usamos há tantos anos e que já estão confortáveis em nosso rosto, apesar de todo desconforto que sua lente constantemente nos impõe! Além do que, foram cuidadosamente "escolhidos" e fixados em nossos olhos por uma grande necessidade de autoproteção. No exemplo dado por </span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Whitmont, aquele</span> rapaz que tinha problemas generalizados com as pessoas </span></span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">e se sentia compelido a reagir sempre defensivamente</span></span></span></span> por ver </span></span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">o problema
da autoridade em toda parte, desejava, no fundo e acima de tudo, apenas se proteger da possibilidade de reviver seu drama infantil. </span></span></span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> Assim sendo, começar a questionar nossas verdades e a fidedignidade de nossas avaliações da realidade não é uma tarefa simples, pode gerar medo e uma profunda sensação de fragilidade e </span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">inadequação</span></span>. Como afirma Bert Hellinger (Constelações Familiares - Conversas sobre emaranhamentos e soluções), "os donos da verdade" (que é como nos sentimos quando estamos sob o controle de um complexo) são demasiadamente obtusos e nos fazem lembrar, por exemplo, "as autoridades da igreja que disseram a Galileu que não precisavam olhar pelo telescópio porque já sabiam que não podia existir luas ao redor de Júpiter. <b>Os donos da verdade não se preocupam em saber a verdade</b>" (Hellinger, p. 98).</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> Voltemos, agora, a Schopenhauer, quem me inspirou a escrever o primeiro texto sobre "passado, presente e futuro", e à sua ideia de que devemos acolher jovialmente o
presente, sem desperdiçá-lo ou estragá-lo com desgostos do passado ou
ansiedades em relação ao porvir. </span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> A meu ver, essas assertivas de
Schopenhauer se aproximam da terapêutica junguiana na medida em que,
mesmo quando o ponto de partida da análise é o passado ou o futuro, o
ponto de
chegada é sempre o presente. Estamos, durante a análise, constantemente
envolvidos nas possíveis respostas para as seguintes perguntas: </span></span> <br />
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Para onde minha vida, tal como está sendo vivida hoje, está me conduzido? Para a reedição do passado ou para novas paragens?</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">A forma como vivo hoje me aproxima ou me afasta do que quero/desejo para o meu amanhã?</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Em que medida, ou em que áreas, a
forma como respondo à vida hoje está condicionada ao meu passado?
Consigo dar novas respostas às situações já conhecidas? Consigo dar
respostas adequadas às novas situações? Ou estou preso ao passado, dando
sempre velhas respostas às novas situações? </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Qual
o sentido, o significado de minhas experiências dolorosas? Qual é a
tarefa/mudança que meu sofrimento implicitamente me impõe? Eu a assumo,
ou prossigo revivendo (inconscientemente!) antigas feridas e antigos
protestos no presente?</span></span></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
A dor e sofrimento que acompanham a constelação de um complexo negativo são, acima de tudo, verdadeiros convites à mudança. Nossas experiências dolorosas são grandes oportunidade de crescimento e o
aqui agora é único tempo possível para empreendermos as transformações necessárias. O presente é como o
"meio do caminho", aquele ponto no qual podemos decidir voltar ou
seguir; o ponto estratégico que nos fornece um excelente ângulo de visão: podemos olhar para um lado e outro, para o ontem e o amanhã e, assim, aumentar as possibilidades para que novos caminhos sejam trilhados. Essa "mudança de direção" depende, inteiramente, da nossa capacidade de "libertar a ação</span><span style="font-size: small;">". Depende da decisão de tirarmos da radiola aquele velho disco riscado, que repete
incessantemente o mesmo trecho da música... </span></span></div>
</div>
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"></span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAr8ZufL04PJR6N-d3_rcypmV5NjAPIrTVYVq9qBrWtwk1z4BkbXY59ZGTgrihbRo-YXtj-UcuhnYj5ro-MOqcW69NMw6NVeuflv2dhiqlJ7wNuKaaNcq-mX8MFrIda22Z4dQzdBnfXp0/s1600/liberta%C3%A7%C3%A3o+1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAr8ZufL04PJR6N-d3_rcypmV5NjAPIrTVYVq9qBrWtwk1z4BkbXY59ZGTgrihbRo-YXtj-UcuhnYj5ro-MOqcW69NMw6NVeuflv2dhiqlJ7wNuKaaNcq-mX8MFrIda22Z4dQzdBnfXp0/s1600/liberta%C3%A7%C3%A3o+1.jpg" height="246" width="400" /></a></span></span></div>
</div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-67031708709735989712013-06-20T19:07:00.000-07:002013-07-02T11:53:19.750-07:002ª turma do Curso de Psicologia Clínica de Orientação Junguiana <div style="text-align: center;">
<br />
</div>
<div style="text-align: center;">
A Associação Junguiana do Brasil, em parceria com FAHUB (Fundação de apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico do Hospital da Universidade de Brasília), oferecerá a segunda edição do curso aqui em Brasília. </div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnYb-2peJWyJ-TwkprVH0KNU8NJ3YMGRwvN3552H-lRxfCBlrje18LJ1aZgyVmibKSlVj2DpiASajBOoGhvhhwqmsSOBi9O_MEIeAUi1YlaktU9W5eXTkbXB7-O0zEzWdX6xo0EAJjFYM/s624/image+curso.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnYb-2peJWyJ-TwkprVH0KNU8NJ3YMGRwvN3552H-lRxfCBlrje18LJ1aZgyVmibKSlVj2DpiASajBOoGhvhhwqmsSOBi9O_MEIeAUi1YlaktU9W5eXTkbXB7-O0zEzWdX6xo0EAJjFYM/s624/image+curso.png" height="640" width="514" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-28065608805162572662013-06-12T13:18:00.001-07:002013-06-13T06:59:25.227-07:00O Transtorno do Pânico numa perspectiva junguiana<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3usbT_fcvwbW6Mva5_DbI9QE7-2Nh0fEau-Di8stYwix78RG_G9RN0wwUGSXyxTWl7p5runBTmfSSUo-o5khyphenhyphenfiR2wqKU1wPmawMp9zou8xb5uO-0iyzK-oez5U6AB7vJTgD49h-XtTI/s1600/1502_559503067426594_966538898_n.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3usbT_fcvwbW6Mva5_DbI9QE7-2Nh0fEau-Di8stYwix78RG_G9RN0wwUGSXyxTWl7p5runBTmfSSUo-o5khyphenhyphenfiR2wqKU1wPmawMp9zou8xb5uO-0iyzK-oez5U6AB7vJTgD49h-XtTI/s1600/1502_559503067426594_966538898_n.png" height="355" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Acredito que o palestrante, por ter como referencial a psicologia analítica, abordará o tema a partir de reflexões sobre a imagem mítica de Pã (donde se origina a palavra pânico) e sobre os significados de sua aparição em nossa psique, com suas consequências positivas e negativas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O mundo civilizado é totalmente estranho a Pã, o deus grego da Natureza em toda a sua extensão (pan, em grego, significa "tudo", "totalidade", daí o termo, por exemplo, pan-americano). Ele, que era portador de aspecto animalesco, com chifres e pernas de bode, morava em cavernas e vagava pelas profundezas das florestas, entre morros e colinas da montanhosa Grécia. <span class="cinzabemescuro11">Em suas andanças, se divertia </span><span class="cinzabemescuro11">caçando</span> animais selvagens, assustando os viajantes e assediando inescrupulosamente as ninfas. <span class="cinzabemescuro11">Os que precisavam cruzar as florestas e campos,
principalmente à noite, eram tomados por um medo paralisante, temiam assustadoramente a possibilidade de encontrar o irreverente Pã. </span>É dele o domínio da natureza e dos instintos e sua simbologia está ligada ao corpo, à sexualidade, à agressividade e a todos os aspectos que estão mais distantes da identidade consciente, e que por isso mesmo são tão assustadores quando emergem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Falar psicologicamente de Pã, que foi rejeitado e abandonado por sua mãe logo ao nascer devido à sua estranha aparência, é falar da sombra, dos conteúdos que foram rejeitados pela consciência por serem aparentemente perigosos e "feios". Vale ressaltar que enquanto expressão da totalidade da natureza, Pã contém, em si, aspectos negativos e positivos. Assim sendo, apesar de temido, era conhecido como um deus alegre e amante da música, protetor de rebanhos e pastores.<br />
<br />
Abordar o Transtorno do Pânico numa perspectiva junguiana é reconhecer que a aparição de Pã em nossas vidas está relacionada com a existência de aspectos da sombra não integrados, aquela porção de nossa totalidade que habita as profundezas do inconsciente e que pode, diante da iminência de ressurgir em solo consciente, nos levar ao pânico. É reconhecer que a rigidez (de ideias, princípios, atitudes) que até então norteava com segurança nossa andança pelos vales e montanhas da vida pode se tornar tão excessiva e unilateral que, num movimento de compensação, o imoral Pã ("personificação" da sombra) é chamado em cena. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Apesar de ter apresentado apenas um esboço sintético e superficial de uma possível leitura do Pânico sob a ótica da psicologia analítica, considero ampla, rica e profunda a contribuição junguiana ao tema. Não sei se a palestra caminhará pelos significados psicológicos de Pã e seu mito, mas participarei do evento e possivelmente postarei o conteúdo abordado.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFtHryNx-OMkuacOWGHnHrXbAW2-LzY82yXEJg1XUS4cgq0OCyJ2LtADK4Wsgg4VVZiRkpNyW3TKGI-EqM2anX3UyNyyp9aOBnrNcIrdVB6hz2tVy_DYGNyNI_rnfd5EQCgP6mp-Qqc3M/s1600/pan.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFtHryNx-OMkuacOWGHnHrXbAW2-LzY82yXEJg1XUS4cgq0OCyJ2LtADK4Wsgg4VVZiRkpNyW3TKGI-EqM2anX3UyNyyp9aOBnrNcIrdVB6hz2tVy_DYGNyNI_rnfd5EQCgP6mp-Qqc3M/s1600/pan.jpg" height="258" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-66507448341383865912013-05-19T15:17:00.001-07:002014-12-27T09:58:10.920-08:00Diante da crítica - a importância do outro no processo de autoconhecimento <div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em <a href="http://semeandojung.blogspot.com.br/2012/11/o-trabalho-com-sombra.html" target="_blank">O trabalho com a sombra</a> mencionei que a forma mais eficiente para
adquirirmos um conhecimento aprofundado sobre nós mesmos, e
principalmente sobre nosso lado
obscuro, é por meio do olhar do outro. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Na análise, esse processo de ampliação da consciência e de assimilação de nossas porções inconscientes ocorre em parceria com o analista, que usa suas técnicas, seu arcabouço teórico e, principalmente, sua sensibilidade ("<i>timing"</i>) para ajudar o analisando a ter <i>insights</i> e gradualmente obter uma melhor compreensão do seu funcionamento psíquico inconsciente. Só que essa experiência de autoconhecimento, apesar de ter no </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>setting</i> terapêutico um lugar privilegiado, não se restringe apenas ao contexto psicoterápico. E</span>stamos cotidianamente diante da oportunidade de crescimento pessoal, pois</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> estamos sempre recebendo </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">importantes <i>feedbacks</i> das p</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">essoas
que convivem conosco. Ora são diretos, ora surgem nas entrelinhas, mas o que não muda é a dificuldade que normalmente sentimos em aceitá-los. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em "Diante da crítica", </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Carlos Hilsdorf </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">apresenta interessantes reflexões sobre como lidar com os <i>feedbacks</i> que recebemos. Não conhecia o autor até ter tido, por acaso, acesso a esse texto. Após uma pequena pesquisa sobre ele, confesso que não me interesso por nenhum do seus livros e sei que não teria me interessado caso tivesse esbarrado com algum deles numa livraria. Mas, por considerar válidas e pertinentes suas pontuações sobre o desenvolvimento da competência para suportar e aproveitar as críticas, compartilho na íntegra seu artigo. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmgAa2AY1qrwyTT6dlzTr5qzp7nTIEHqgTmb5lSwG6eMQ33erNRYaZmkXakSWonoDppA7h4CiyhLhuKXui6SzDNdI4eANqmptXWCqWcH6bGb1y5CvVadAWGuQbP16coKO5JaYj7bn0O3w/s1600/dedos.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmgAa2AY1qrwyTT6dlzTr5qzp7nTIEHqgTmb5lSwG6eMQ33erNRYaZmkXakSWonoDppA7h4CiyhLhuKXui6SzDNdI4eANqmptXWCqWcH6bGb1y5CvVadAWGuQbP16coKO5JaYj7bn0O3w/s1600/dedos.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<b><span style="color: #cc0000;">DIANTE DA CRÍTICA</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right;">
Carlos Hilsdorf<span style="font-family: Arial;"><span style="font-size: x-small;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
</div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:DontVertAlignCellWithSp/>
<w:DontBreakConstrainedForcedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
<w:Word11KerningPairs/>
<w:CachedColBalance/>
</w:Compatibility>
<w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><br />
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri","sans-serif";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
</style>
<![endif]-->
<br />
<div style="text-align: justify;">
Quando desenvolvemos uma competência nos tornamos
mais fortes diante da vida e de seus desafios. Dentro do rol das melhores
competências que podemos e devemos desenvolver encontramos uma que nitidamente
se destaca: a nossa competência em suportar a pressão das críticas!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As críticas se dividem em dois grandes grupos: as
construtivas e as destrutivas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma crítica é construtiva quando tem por
finalidade contribuir com o nosso aperfeiçoamento. Por aperfeiçoamento devemos
entender o foco em aprimorar nossas forças e diminuir nossas fraquezas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
No caso da crítica construtiva, quem o está
criticando vai sempre lhe apontar uma deficiência (fraqueza) ou falta de
eficiência (uma força que não está sendo plenamente ou corretamente utilizada).
Em ambos os casos esta pessoa está lhe fazendo um favor porque está lhe
ajudando a ampliar suas percepções a respeito de si mesmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não é raro que alguém lhe faça uma crítica
inesperada. Nestes casos nossa primeira reação é a surpresa seguida
imediatamente do julgamento de que a crítica só pode ser absurda e
improcedente. É comum julgarmos absurdo ou improcedente aquilo que não passa
pela nossa cabeça. Mas isto não invalida a importância da crítica! </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quanto mais rara for uma crítica, tanto mais
importante ela tende a ser, portanto infinitamente maior a importância de a
ouvirmos com atenção e refletirmos em profundidade sobre ela.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Diante de críticas construtivas o procedimento é
simples. Ouça com toda a atenção, independentemente de suas impressões e
julgamentos com relação ao autor da crítica. Desenvolva um profundo respeito e
gratidão pelas críticas construtivas, elas são sempre um convite ao
aperfeiçoamento e um poderoso remédio contra a vaidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Atente para uma questão muito importante: o fato
da intenção da crítica ser construtiva não significa que a pessoa que a fez
tenha habilidade em comunicá-la da melhor forma. Gentileza, boa educação e
habilidade interpessoal não são características comuns a todos os bem
intencionados. Isto significa que em muitas situações uma crítica construtiva,
que muito pode contribuir com sua vida, poderá vir em péssima ''embalagem''.
Preste mais atenção no conteúdo da crítica que na sua forma. Conheço várias
pessoas de valor, sinceras e bem intencionadas que não sabem dizer as coisas
com ''jeitinho''. Afinal por que esperar que as críticas venham apenas de
pessoas craques em relacionamento e comunicação?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
Vejamos agora as críticas
destrutivas.</div>
<div style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
Uma crítica é destrutiva
quando tem por finalidade desestruturar, ferir, magoar ou desorientar. Observe
que o fato de você ter se magoado não significa, necessariamente, que a crítica
tenha sido destrutiva. Alguém pode se magoar por tendência em colocar-se no papel
de vítima, baixa auto-estima, falta de humildade ou excesso de vaidade, e
nestes casos a responsabilidade pela mágoa é toda sua.</div>
<div style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
A crítica é destrutiva
quando é apresentada com o objetivo claro de causar dano ou ofensa, visando
impedir seu processo natural de evolução. Esta é uma arma muito utilizada por
pessoas presas aos processos de inveja, ciúme e maldade.</div>
<div style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
Mesmo nestes casos, ouça
atentamente a crítica. Lembre-se que alguém na tentativa de magoá-lo pode,
ainda assim, dizer-lhe uma verdade. Seus oponentes podem ser pessoas
inteligentes e a crítica apesar de maldosa, pode conter elementos verdadeiros.</div>
<div style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
Neste caso este
''oponente'', por ironia do destino, estará lhe fazendo um bem, desde que você
possua a humildade de analisar e refletir sobre o conteúdo da crítica!</div>
<div style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
Caso a crítica esteja
fundamentada em conteúdo falso, maledicente ou preconceituoso, considere que
não se atiram pedras em árvores sem fruto; toda tentativa de apedrejamento visa
sempre derrubar os frutos. Inocente ignorância dos apedrejadores, porque, mesmo
conseguindo o feito, se esquecem de que os frutos caídos no chão experimentarão
o tempo e a decomposição e voltarão a frutificar, de uma ou de outra maneira,
pois cada semente dá origem à essência interior que carrega. Já as pedras
caídas no chão permanecerão pedras, e as mãos que as atiraram terminarão
vazias, tão vazias quanto o coração e a alma que lhes ativaram o movimento.</div>
<br />Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-41720086133162910632013-05-16T19:52:00.000-07:002013-05-16T19:53:51.313-07:00O Ativismo Quântico e a Saúde - Palestra com Amit Goswami<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPJl_sNmu5uxYQ-tvhPmVpBgFh9UuE5lfBrrZcqxp493NNLKN5glM4SchxjaADFcXaffVuUvvGJJJmUlQHSBaqR97aKUbMGOEafwfuN08Yol_ju9v3kjotP8RICzbphfT6P5SzYGG4HD0/s1600/image003.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="322" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPJl_sNmu5uxYQ-tvhPmVpBgFh9UuE5lfBrrZcqxp493NNLKN5glM4SchxjaADFcXaffVuUvvGJJJmUlQHSBaqR97aKUbMGOEafwfuN08Yol_ju9v3kjotP8RICzbphfT6P5SzYGG4HD0/s400/image003.jpg" width="400" /></a></div>
<br />Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-17713900774429402862013-05-15T07:59:00.000-07:002013-05-15T17:43:41.970-07:00IV Grande Seminário de Psicologia Junguiana<img alt="https://mail-attachment.googleusercontent.com/attachment/u/0/?ui=2&ik=a54c3927d3&view=att&th=13ea872ac06cb8a3&attid=0.1&disp=inline&realattid=f_hgp4yytc0&safe=1&zw&saduie=AG9B_P-ui3jdp4YbaOXBT4DNdvy1&sadet=1368629858448&sads=w30a3A0sW8_oxdWRTaa7BPhEKnY" class="decoded" height="664" src="https://mail-attachment.googleusercontent.com/attachment/u/0/?ui=2&ik=a54c3927d3&view=att&th=13ea872ac06cb8a3&attid=0.1&disp=inline&realattid=f_hgp4yytc0&safe=1&zw&saduie=AG9B_P-ui3jdp4YbaOXBT4DNdvy1&sadet=1368629858448&sads=w30a3A0sW8_oxdWRTaa7BPhEKnY" style="cursor: -moz-zoom-in;" width="474" />Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-34900776628448220832013-05-12T21:14:00.001-07:002013-05-13T11:11:08.726-07:00Dia das Mães<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<div align="justify" style="line-height: 150%; margin: 0; word-spacing: 0;">
Mãe Divina, Grande Mãe, Arquétipo da Mãe, constelação do complexo materno e seus diferentes efeitos no filho e na filha... não, não quero falar da mãe arquetípica, muito menos do que pode dar errado nessa relação que todas as psicologias, sem excessão, concluiram ser fundamental. Em <a href="http://semeandojung.blogspot.com.br/2013/01/sobre-criacao-dos-filhos.html" target="_blank">Sobre os filhos</a> já teci, inspirada em Khalil Gibran, algumas dessas reflexões "psicopatológicas" e aos interessados em conhecer um pouco mais da perspectiva junguiana a respeito da influência da mãe sobre seus filhos, recomendo "Aspectos psicológicos do arquétipo materno" no volume "Os arquétipos e o inconsciente coletivo", da obra de Jung<i><b>.</b></i><br />
<br />
Também não quero falar da mãe que "é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba" <a href="http://pensador.uol.com.br/frase/MjIzNzAz/" target="_blank">(Carlos Drummond de Andrade)</a>. Não é da mãe "sobre-humana" que a "tudo dá um jeito" e que nunca falha ou que não pode nem se quer morrer! É claro que compreendo a beleza do sentido de eternidade dado à mãe por Drummond; mas não são os poetas (homens!), imbatíveis nos seus mais belos enaltecimentos da "imagem da mãe", que hoje falam à minha alma. <br />
<br />
Quero, no meu terceiro Dia das Mães, contemplar a "mãe real", de carne e osso, de Luz e Sombra... E encontro na "Carta ao meu filho" de <span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><a href="http://espiralandoaocentrodoser.blogspot.com.br/2012/05/carta-ao-meu-filho.html" target="_blank">Isabela Crema,</a></span></span></span></span> um texto demasiadamente humano, e que talvez por isso mesmo me pareceu divino e digno de ser compartilhado no dia de hoje!<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtxiJsqRfUhv8XEeRYRuK9K7ENk9A2_LE918M3oHOeXJ_5w5BkWSzwDcB5kEQSI4Xqk0_vtVwQ0BnVkYSB1FbHN6VmdrQWwQmgOR_mFl6hqARkl4DOepjY4ofER0dcPyDLFbCOZw5dk0g/s1600/gustav+klimt_mother_chilemother-and-child-c-1905-detail-posters.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtxiJsqRfUhv8XEeRYRuK9K7ENk9A2_LE918M3oHOeXJ_5w5BkWSzwDcB5kEQSI4Xqk0_vtVwQ0BnVkYSB1FbHN6VmdrQWwQmgOR_mFl6hqARkl4DOepjY4ofER0dcPyDLFbCOZw5dk0g/s1600/gustav+klimt_mother_chilemother-and-child-c-1905-detail-posters.jpg" height="320" width="212" /></a></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> </span></span> </span></span></span></span></span></div>
<span lang="PT-BR">Filho</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Quero,
antes de qualquer coisa, agradecer-te.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Agradecer-te
por ter-me escolhido para ser sua mãe, dentre milhões de outras possibilidades.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Quero
agradecer por ter chegado e virado minha vida de cabeça pra baixo, revelando o
que há de melhor em mim...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Agradeço
por revelar-me o oceano de Amor que habita minh’alma... </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">...por
mostrar-me o encanto do desabrochar da vida e da consciência dentro dos seus
olhos profundos, desde o primeiro instante em que saíste de dentro de mim... </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">...por
inundar-me de um Amor tão puro e transbordante com seus sorrisos, seus
trejeitos, suas graças e conquistas diárias rumo a liberdade à ti destinada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Agradeço
por fazer-me exercitar a musculatura da paciência dentro de mim,
fazendo com que eu me torne, a cada dia, uma pessoa mais forte, mais
tolerante e, portanto, melhor.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Filho,
agradeço-te por ter virado minha vida de cabeça pra baixo e revelado o que de
pior há em mim...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Compreendi,
com sua chegada, que os filhos vêm do tamanho exato da nossa ferida e chegam
para nos brindar com a oportunidade de lapidarmo-nos, de transformar e limpar a sujeira
que jaz na mais profunda escuridão do nosso ser.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Agradeço
por mobilizar-me diariamente com dificuldades que trazem à tona tantas dores, tantos pactos,
tantos sentimentos ocultos, negados ao longo de toda uma vida e, assim, dar-me
a oportunidade diária de lançar LUZ sobre a minha sombra e dar passos concretos
rumo à cura de minhas feridas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Filho,
agradeço-te por me brindar com a coragem de olhar para isso tudo e seguir no
meu caminho de transformação me mostrando, na doçura do teu olhar e na pureza
dos teus gestos, que eu posso ser, hoje, uma pessoa e, logo, uma mãe melhor do que a que fui ontem.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Te
agradeço, filho, e também te peço perdão... </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Te peço
perdão por cada vez que minhas dores me cegaram nos momentos de cansaço...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">... por
cada vez que te tratei como uma criança que não sabe o que quer e tomei
decisões que não levavam em consideração
o seu desejo, a sua emoção, os seus sentimentos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">...por cada
vez que o cansaço me consumiu e eu deixei-me anestesiar com atividades que me
tornaram indisponíveis para você, mesmo estando dentro da mesma casa, da mesma
sala...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">...por cada
vez que fui incapaz de decifrar a sua dor e a rotulei de manha e de chatice...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">...por cada
vez que fui incapaz de ler os teus sinais e acabei por exceder os seus próprios
limites. Os seus e, também, os meus.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Peço
perdão, filho, por tantos erros cometidos e por tantos erros que ainda
cometerei, pois, filho, devo lembrar-te que escolheste uma mãe humana.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Uma mãe
humana, cheia de defeitos e limitações... </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Mas pode
confiar filho! Escolheste uma mãe humana que, além de tantas contradições e
limitações, tem também uma sede profunda pela transformação. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Uma mãe cujo
desejo de curar suas feridas e se tornar uma pessoa a cada dia melhor arde na
alma e no coração...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Irei te
decepcionar muitas vezes, filho... mas uma coisa posso prometer-te, meu amor...
prometo-te estar sempre à caminho do meu ser real que é capaz de acolher-te e
amar-te totalmente!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Filho amado
do meu coração! Te agradeço, te peço perdão... e também te peço paciência.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">...peço sua
paciência pois sei que nascestes milhões de anos luz à minha frente e sei que
vens de uma Tribo que vibra um som muitas oitavas acima da minha capacidade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Peço sua
paciência pois sei que tenho algumas coisas a te ensinar, mas sei também que tu
tens um Universo inteiro a descortinar diante dos meus olhos encantados e mareados de
emoção... </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Peço sua
paciência, filho, pois desejo ser capaz de aprender tudo aquilo que o brilho do
profundo dos teus olhos me anunciam. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">E peço ao
Universo, meu Amor, que eu saiba adubar bem a terra em que você se
plantou com
respeito total, conexão, justiça e nutrição... que eu saiba regar a sua
terra
com água cristalina, pura, límpida, refrescante e fluida, repleta de
sentimentos e emoções verdadeiras... que eu saiba deixar passar toda a
LUZ
necessária para fazer brotar sua semente plenamente, para despertar, à
cada dia,
o teu ser e a tua missão... que eu saiba permitir que os ventos e os
vendavais da vida cumpram sua missão de esculpir o seu ser, sem cair na
armadilha da
superproteção que sufoca e faz morrer a criatividade e a espontaneidade
que
tanto amo em ti. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Eu peço ao
Universo, meu amor, que eu saiba, neste mundo de tanta concretude e concreto, ajudá-lo
a manter os seus canais de comunicação com os anjos e as fadas, com os teus
guias e aliados, com a beleza vibrante da vida e todas as formas de expressão do
Grande Mistério nesta vida terrena, sempre limpos e livres para expressarem-se
da forma que tiver de ser. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Eu te AMO,
filho... e agradeço-te, do fundo da minha alma, por fazer-me reconhecer a fonte
de amor que há em meu coração e por inundar-me diariamente com o ímpeto de
fazer esta fonte jorrar e transbordar o meu ser. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Que eu
saiba honrar tudo o que és...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Que eu
saiba honrar tudo o que sou... </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Que eu
saiba honrar tudo o que somos... </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">...agora e
sempre... </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit; line-height: 18px; text-align: left;">"Nada
posso lhe oferecer que não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe
outro mundo além daquele que há em sua própria alma. Nada posso lhe dar,
a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar
visível o seu próprio mundo, e isso é tudo." </span><br />
<span style="color: #333333; font-family: inherit; line-height: 18px; text-align: left;">Herman Hesse</span>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: right;">
<br />
<span style="font-size: 11.5pt; line-height: 115%;">Isabela Crema, 10/05/2012</span></div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-69451832980867391612013-05-10T18:46:00.003-07:002013-06-30T19:01:11.716-07:00 "Estou me sentindo tão mal, desprezível, miserável'" - O contato errôneo e nocivo com a sombra. <div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<br />
<i><b></b></i>
<i><b>"Não há despertar de consciência sem dor. </b></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><b>As pessoas farão de tudo,
chegando aos limites do absurdo</b></i><br />
<i><b> para evitar enfrentar sua própria alma; </b></i><br />
<i><b> ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz, </b></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><b>mas sim por
tornar consciente a escuridão".</b></i></div>
<div style="text-align: right;">
<b> C.G.Jung</b><br />
<br /></div>
<br />
A honestidade é, sem dúvida alguma, essencial para o enfrentamento da sombra, aquela nossa faceta que compreende os aspectos de nossa personalidade que são difíceis de aceitar, dolorosos de serem reconhecidos.<br />
Quando a sombra emerge em nossas interações cotidianas, colocando-nos em "maus lençóis", de duas uma: ou ela destrói nossa auto-estima e passamos a nos sentir o ser mais desprezível; ou somos impelidos à racionalizações e saímos supostamente ilesos do contato com as nossas verdades desagradáveis. Ou caímos na autoflagelação ou projetamos o mal e o erro no outro e nos esforçamos ao máximo para encontrar explicações irrefutáveis que justifiquem nossas ações. Em ambos os casos a árdua necessidade de integração de nossos aspectos inferiores é minada.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVAl9HPb2aA-eJjUOUd59EIoOfR2nILck3kvA7owP3PWByu-iH9k30PHiR6UepL91rAgCdllmu8-UAycDViQ69JdzJJmKUPOaC7zeO3nWWdM6cDsLsiP675h6ym_kt8155GhRmACEdWes/s1600/ESPELHO+4.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVAl9HPb2aA-eJjUOUd59EIoOfR2nILck3kvA7owP3PWByu-iH9k30PHiR6UepL91rAgCdllmu8-UAycDViQ69JdzJJmKUPOaC7zeO3nWWdM6cDsLsiP675h6ym_kt8155GhRmACEdWes/s1600/ESPELHO+4.jpg" height="320" width="230" /></a></div>
Todos nós sabemos, ou deveríamos saber, da dor e da delícia de sermos quem somos. Mas só quem verdadeiramente não fechou os olhos para a dor, a vergonha e o desespero que surgem do reconhecimento de que somos possuidores de sentimentos/atitudes infantis, egoístas, invejosas, arrogantes, competitivas e por aí vai... pode realmente ser honesto consigo mesmo e, por consequência, com o outro.<br />
Precisamos nos olhar com sinceridade, tirar da sombra (da inconsciência) tudo o que
foi escondido por ser inaceitável, mau, mesquinho ou fraco. Mas a honestidade não é suficiente! Esse desnudar-se sem pudores pode realmente ser letal, altamente desestruturante e nocivo. E é justamente por causa do medo da desintegração que nossa habitual resistência para olhar o nosso lado sombrio se reedita sucessivamente a cada nova oportunidade de ampliação da consciência. Mas como pode ser letal a conscientização de algo que ao ser aceito, trabalhado e integrado nos conduzirá inevitavelmente ao crescimento?<br />
São inúmeras as respostas, mas todas estão, de uma forma ou de outra, enredadas num mesmo ponto: a honestidade necessária é usada contra e não a favor do crescimento. As principais molas propulsoras deste casamento entre honestidade e "autodestruição" são, dentre tantas outras, as seguintes:<br />
<br />
<b>1- </b>A influência, mesmo que indireta ou inconsciente, da tão disseminada cultura cristã do pecado. Diante de nossos "pecados", passamos a nos conceber como impuros, não merecedores da "graça divina" e altamente suscetíveis ao castigo, à punição e à interdição no "paraíso". É o medo de sermos, em essência, maus, sem salvação, ou indignos de amor que nos aliena do contato como nosso lado negativo (que continua a atuar mesmo quando não é "convidado"). Rejeitamos a sombra por medo de que ela seja a síntese de tudo o que somos!<br />
<br />
<b>2-</b> A crença de que seremos menos amados por aqueles que nos são significativos, ou pior ainda, por nós mesmos. Diante do contato com nossos "nós-cegos", experimentamos a baixa de nossa auto-estima e o medo paralisante de estarmos sendo julgados, difamados, depreciados, rejeitados pelos os outros. A nossa sensação de segurança e valor são (desnecessariamente) perturbadas pelo contato realista com as inerentes "monstruosidades" que compõem nossa vasta vida interior. E seguimos lutando para manter uma "auto-imagem idealizada", a nossa persona, que deve ser sempre certa e boa, e nunca errada e má.<br />
<br />
<b>3-</b> A identificação rígida com o ego e a crença de que ele é a nossa autoridade máxima e de que sua lógica de funcionamento e de "leitura" do mundo é a única existente. Neste contexto, qualquer golpe a magnificência e prepotência do ego é recebido como ilegítimo e sempre sentido de forma destrutiva, nunca como um convite ao crescimento e ampliação. Quando o ego assume unilateralmente a direção da vida, vivemos inconscientes de outras partes de nós mesmo: da sombra, da persona, da anima, do animus e, sobretudo do Self (o eu maior), aquele que nos convida (via sonhos, atos falhos, fantasias, sintomas) a mudar de rumo quando nossa atitude (perante a vida, os outros e a nós mesmos) está nos afastando da realização de nosso potencial.<br />
<br />
Reféns destas crenças acabamos por sucumbir à tentação de não sermos honestos com a existência do nosso lado pouco desenvolvido. E quando somos, caímos em desespero, desesperança. Ou o negamos ou nos emaranhamos na vergonha, na autopunição e na culpa. Mas a realidade é que não precisamos nem nos defender nem nos emaranhar na dor, que apesar de
ser parte inevitável da consciência de nossos atos, não deve ser
motivo de evitação ou paralisação. Se esperarmos alcançar a satisfação na vida e
nas relações sem efetivamente encarar tudo o que bloqueia essa vivência,
vamos permanecer em perpétua ilusão e nosso crescimento e realização
pessoal tornar-se-ão eternamente incompletos ou mesmo inatingíveis.<br />
"O pulo do gato" é nos filiarmos à idéia de que não existe nada escuro de mais na psique humana a ponto de não poder ser transformado, desde que trazido à luz da consciência. E agora entra o ponto fundamental: não é apenas com honestidade que devemos iluminar o terreno sombrio de nós mesmos. Para realizarmos esta tarefa de forma segura é preciso, sobretudo, de respeito, amorosidade e compaixão. Nos punir por nossas imperfeições é o mesmo que cultivar a irreal idéia de que somos ou deveríamos ser indefectíveis. Essa ilusão torna o erro mais simples e inocente numa catástrofe para a nossa auto-estima.<br />
Aprender a acolher tudo o que há em nós é a única forma para desenvolvermos os vários "eus inferiores" que nos habitam e tanto nos prejudicam. A avaliação situacional e a auto-avaliação devem ser sempre objetivas e compassivas. <br />
<blockquote class="tr_bq">
"Tornar-se um auto-observador amoroso é comparável a tornar-se um bom pai ou mãe de nós mesmos. Lentamente, aprendemos a nos amar incondicionalmente, amar em especial aquelas facetas nossas que são infantis, fracas ou imaturas. O bom pai reconhece os pontos fortes do filho e ajuda-o a desenvolver os pontos fracos. O bom pai aceita o filho por inteiro, incluindo os sentimentos negativos (...) Nossas facetas negativas podem ser encaradas como a criança imatura que habita em nós e precisa receber amor para 'crescer' e expressar-se de forma madura" (Susan Thesenga em "O Eu sem defesas", p. 61)</blockquote>
Quando não recriminamos ou rejeitamos nossos aspectos imaturos, damos a eles aquilo de que mais precisam para crescer: aceitação.<br />
<blockquote class="tr_bq">
"Muitas vezes assumimos uma postura de alarde ou desaprovação, ou até de desespero, quando descobrimos que estamos agindo ou sentindo de um modo não compatível com a auto-imagem idealizada. Mas nós não podemos mudar um comportamento cuja origem está nos nossos eus não desenvolvidos enquanto o comportamento e as atitudes subjacentes não forem levados à consciência. A autocondenação nos leva de volta ao repúdio dos nossos aspectos negativos que, dessa forma, nunca podem ser transformados" (Thesenga, p.57) </blockquote>
É necessário, portanto, desenvolvermos esta capacidade de "testemunhar" com
imparcialidade tanto os processos internos quanto os fatos externos. Só
esta avaliação descomprometida com a busca da vítima e do culpado nos
instrumentalizará adequadamente para enfrentarmos as crises que acompanham o confronto com nossas imperfeições e com a dos outros. A crise é, em essência, uma tentativa do Self de efetuar uma mudança:<br />
<blockquote class="tr_bq">
"(...) Qualquer tipo de crise é uma tentativa de desintegrar as antigas estruturas de equilíbrio que se baseiam em falsas conclusões e no negativismo. Ela abala os modos de vida arraigados e estacionados para tornar possível o surgimento do novo. Ela dilacera e dissolve, o que é momentaneamente doloroso, porém, sem isso, a transformação é inconcebível. (...) Na verdade, ela pode ser uma etapa do crescimento quando permitimos que suas lições e a turbulência que acarreta na nossa vida revele níveis mais profundos de distorções ocultas que demandam atenção e transformação" (Thesenga, p. 44).</blockquote>
Encarar honesta, realista e saudavelmente nossa sombra (nossos "pecados", neuroses, limitações, ignorâncias...) é necessário e urgente, pois mais cedo ou mais tarde, toda recusa a crescer ou a renunciar a velhas atitudes se voltarão contra nós. Resistir ao chamado para mais expansão de consciência e maior desenvolvimento pessoal e interpessoal é o mesmo que provocar mais dor e sofrimento. Diante da negação de que o crescimento pessoal não é apenas desejável, mas é inevitável, acabamos por encarnar o "Trabalho de Sísifo", expressão/metáfora das tarefas que envolvem esforços inúteis. <span style="color: red;"><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADsifo" target="_blank">Sísifo</a></span>, personagem da mitologia grega, foi condenado a repetir a mesma tarefa de empurrar uma pedra da base de uma
montanha até o seu topo, só para vê-la rolar para baixo dia após dia. Se não assumirmos o <a href="http://semeandojung.blogspot.com.br/2012/11/o-trabalho-com-sombra.html" target="_blank">"O Trabalho com a Sombra"</a>, assim seguiremos: presos no ciclo do eterno retorno, reeditando dores do passado no presente... <br />
<blockquote class="tr_bq">
"Todo defeito reconhecido, toda defesa desmantelada e toda dor sentida e <u>liberada </u>nos dão poderosas reservas novas de raciocínio e sentimento para criar uma vida voltada para novas direções positivas. Por outro lado, toda atitude negativa inconsciente, toda defesa mantida, toda dor negada tolhem a energia vital e limitam a consciência" (Thesenga, p. 43).</blockquote>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWt17NzlCDVaQf8TNlp4JAiCu5ivHfoC9Z0zG1771z_XCdpioaRopv1Y8gK7y1cHq7hW5A3HxpT8TTU2ivzlcgb08zpN7EuvLg1mx-ACDYZquo2ditSgvVLGTUhHz38gp2U9m9TPDfn1A/s1600/espelho+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWt17NzlCDVaQf8TNlp4JAiCu5ivHfoC9Z0zG1771z_XCdpioaRopv1Y8gK7y1cHq7hW5A3HxpT8TTU2ivzlcgb08zpN7EuvLg1mx-ACDYZquo2ditSgvVLGTUhHz38gp2U9m9TPDfn1A/s1600/espelho+3.jpg" height="400" width="327" /></a></div>
<br />
<b>(O livro de Susan Thesenga "O Eu sem defesas: o método Pathwork para viver uma espiritualidade integral" foi a base para as reflexões aqui expostas. Vejo muita sintonia entre as propostas do Pathwork e a psicologia junguiana e, aos que se interessaram, recomendo a leitura do livro, pois abordei apenas as principais idéias dos três primeiros capítulos).</b></div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-57710620713280184362013-05-06T18:22:00.000-07:002013-05-15T17:44:05.731-07:00O Poder do Mito e o Laboratório do Self<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Não conheço os palestrantes, mas a temática é interessante e pretendo prestigiar os colegas. Depois, assim como fiz com a palestra de <a href="http://semeandojung.blogspot.com.br/2012/11/anotacoes-e-impressoes-sobre-o-bate.html" target="_blank">Marcus Quintaes</a> "A tristeza é azul: notas arquetípicas sobre a melancolia" , compartilharei aqui minhas anotações... </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkbTvQa_ox74wWouw0u4HcMC0VVQezXiCXDNLj71uaWO-1mJk0fnC0uvJvqBTOl9gb5_eSQG2IucPIptbj593Owpfzd7-KyF4zQbEPTd1nYRlX75tMajTgqoXCVTttoKe9-xvZRZpc2jA/s1600/image.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkbTvQa_ox74wWouw0u4HcMC0VVQezXiCXDNLj71uaWO-1mJk0fnC0uvJvqBTOl9gb5_eSQG2IucPIptbj593Owpfzd7-KyF4zQbEPTd1nYRlX75tMajTgqoXCVTttoKe9-xvZRZpc2jA/s1600/image.png" height="640" width="451" /></a></div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-54019670254154847942013-05-03T20:10:00.000-07:002013-06-13T17:00:25.610-07:00A dança da sombra no palco do casamento<div style="text-align: justify;">
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:DontVertAlignCellWithSp/>
<w:DontBreakConstrainedForcedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
<w:Word11KerningPairs/>
<w:CachedColBalance/>
</w:Compatibility>
<w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]-->Ventura, colunista de Los Angeles, num trecho de "A dança da sombra nos Estados Unidos", narra o encontro proporcionado pelo casamento com os seus "horrores" internos, que numa relação estável e duradoura puderam emergir do armário. O autor demonstra o quanto o matrimônio parece ser uma situação perfeita para que nossos "demônios" levantem suas cabeças e bravejem suas "verdades" e exigências.<br />
<br />
O texto encontra-se no livro <a href="http://ebookbrowse.com/ao-encontro-da-sombra-connie-zweig-e-jeremiah-abrams-pdf-d283612859" target="_blank">Ao encontro da sombra</a> (Zweig e Abrams), no capítulo destinado às reflexões sobre os aspectos sombrios que emergem nos relacionamentos interpessoais. A idéia central é a de que "qualquer relacionamento íntimo pode servir como excelente veículo para o trabalho com a sombra, no qual o fogo do amor pode se alastrar pelos lugares imobilizados, iluminar os devãos escuros e nos apresentar a nos mesmos" (p.87).<br />
<br />
Já postei um texto <a href="http://semeandojung.blogspot.com.br/2012/12/o-casamento-como-veiculo-para-o.html" target="_blank">(O casamento como veículo para o trabalho com a sombra)</a> deste mesmo livro e sobre o mesmo assunto. Quem tem interesse em se aprofundar no tema (ou em suas relações!) vale lê-lo também.<br />
<br />
Ambos substanciam, de certa forma, a discussão levantada em <a href="http://semeandojung.blogspot.com.br/2013/05/fidelidades-perversas-e-traicoes-leais.html" target="_blank">Fidelidades perversas e traições leais</a>, na qual reflito sobre o quanto <b>algumas </b>traições conjugais se configuram como uma tentativa de responder ao desígnio maior da alma (psique), que é se auto-realizar. Quando os padrões relacionais se mostram falidos, surge o convite da alma para a transgressão. Mas a grande questão é: devo trair o padrão ou trair o parceiro? Como muitos contratos matrimoniais (inconscientemente estabelecidos) não suportam modificações, trair o outro acaba por se tornar a única alternativa para não continuar traindo a si mesmo. Mas há de se considerar fortemente que não são todas as traições que se originam do desejo da alma por realização e crescimento, muitas são convites feitos pelo ego! Essa diferenciação é crucial para a legitimidade da proposta que apresento no post supracitado de que nem toda traição pode ser entendida apenas como um "desrespeito ao outro".<br />
<br />
<br />
Acredito que os três textos (os dois do livro <i>Ao encontro da sombra</i> e o de minha autoria - <i>Fidelidades perversas e traições leais</i>) apontam possíveis respostas às perguntas:<br />
"Por que tantos conflitos e desentendimentos conjugais?"<br />
"Por que tantas separações?"<br />
"Por que tantas desistências ou traições?"<br />
E principalmente, "Mudar de parceiro sempre que a crise se instala acreditando que com a pessoa 'y', 'x' ou 'z' vai ser diferente, é realmente a atitude que nos aproxima do tão idealizado 'viveram felizes para sempre'?".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: center; text-autospace: none;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwYcPKVoL34mi4olo7PIeh_c3M1Fyz87gZleiAr8rPCU1hiPqejVq5MlksLnEBvq8-wCFWY2VHGJqGYYMK4t9fYUUNmziZTvLxmkGGyVY27ZLkLRRrk2J7kpi0rKtfgmvnSQX-K5fEa68/s1600/fotos_sombras_27.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwYcPKVoL34mi4olo7PIeh_c3M1Fyz87gZleiAr8rPCU1hiPqejVq5MlksLnEBvq8-wCFWY2VHGJqGYYMK4t9fYUUNmziZTvLxmkGGyVY27ZLkLRRrk2J7kpi0rKtfgmvnSQX-K5fEa68/s1600/fotos_sombras_27.jpg" height="320" width="319" /></a></div>
</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: center; text-autospace: none;">
<span style="color: #cc0000;"><span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">A
dança da sombra no palco do casamento</span></b></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: center; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: right; text-autospace: none;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Michael Ventura</span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: right; text-autospace: none;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Jan
e eu passamos direto da paquera para o casamento. Decidimos casar dez dias
depois de nos termos conhecido. Isso nos poupou a tarefa de ficar
não-conhecendo um ao outro, que em geral consiste naquela coisa triste que é um
experimentando o seu "eu" no outro, testando de modo compulsivo e/ou
intencional a capacidade de compromisso. Isso é necessário numa fase da vida
mas, como muitos da nossa idade, já o tínhamos feito muitas vezes antes.
Decidimos que dessa vez era sem teste. Iríamos dançar conforme a música. Casar
conforme a música.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Casamos
um com o outro ou casamos com o impulso? <i>Boa pergunta. </i>Uma pergunta que
só pode ser respondida quando já é tarde demais. Melhor ainda. Pois o amor nada
será se não houver fé. Nada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Quando
Brendan nasceu, quase nove anos antes de Jan e eu nos conhecermos, ela mandara imprimir
nos cartões o refrão do velho <i>blues:</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Baby l learned
to love you</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Honey 'fore I
called</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Baby 'fore I
called your name</span></i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: SymbolMT;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: SymbolMT;">(Baby, aprendi a te amar...antes de dizer...antes de dizer o teu nome”)</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> O
amor geralmente acontece do jeito que diz essa velha canção. Como se amar fosse
"dizer o seu nome". E, com certeza, "ser amado" é sentir
que o nosso nome é dito com uma inflexão que nunca ouvimos antes.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">E
o nosso convite de casamento dizia assim:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Come on over </span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">We ain't fakin' </span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Whole lotta shakin’
goin’ on</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">(Chega pra cá, não tamos brincando, tem muita coisa pra sacudir)</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> É
esquisito, hoje, pensar como foi vaga a nossa premonição de usar esse verso de
Jerry Lee Lewis — embora uma única vez tenhamos "chegado às vias de
fato" (reveladora essa velha expressão, não é?, com esse estranho formalismo),
e foi Jan quem começou, quebrou meus óculos, e então eu dei nela, uma vez só, e
ela bateu contra a parede, nós dois nos sentindo tão sujos e feios e errados.
Quantos avôs e avós, amargos e há muito idos, estavam na sala naquela hora,
cacarejando de satisfação diante da nossa vergonha? Os dela, irlandeses; os
meus, sicilianos. Duas tradições que não nos ensinaram a perdoar. Aprender a
perdoar é romper com um passado imperdoável.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Pense
na palavra: "perdoar"... "doar"... "dar". O perdão
é um dom tão grande que o conceito de "dar" está contido na palavra
"perdoar". A tradição cristã tentou tornar o perdão humilde e passivo:
ofereça a outra face. Mas "dar" é um verbo ativo, que revela a
verdadeira natureza do perdão: perdoar envolve o ato de tomar algo de si mesmo
e dá-lo ao outro, para que de agora em diante lhe pertença, Não tem nada de
passivo. É um intercâmbio. Um intercâmbio de fé: acreditar que aquilo que foi
feito pode ser desfeito ou transcendido. Quando duas pessoas precisam fazer
esse intercâmbio uma com a outra, esse pode ser um dos atos mais íntimos de
suas vidas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O
perdão é uma promessa de <i>trabalhar </i>para desfazer, para transcender. O
casamento muito cedo oferece aos envolvidos a oportunidade de perdoar. Houve
muitas cadeiras quebradas, muitos pratos quebrados — até uma máquina de
escrever quebrada, minha velha e amada Olympía manual portátil que estava
comigo desde os tempos do colégio e que eu mesmo arrebentei — testemunhando
quão desesperado pode ser o desespero conjunto de todos os Michaels, Jans e
Brendans. <i>Whole </i>lotta <i>shakin’ goin' on: tem </i>muita <i>coisa para
sacudir... </i>e, às vezes, quando você está tentando romper as crostas
endurecidas dentro de si mesmo e dentro de cada um dos outros, alguns pratos e
máquinas de escrever e móveis podem participar do processo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O
aspecto mais odioso dos "diga a si mesmo que está tudo bem" e
"eu estou OK, você está OK" é a incapacidade deles de admitir que às
vezes você precisa gritar, bater portas, quebrar móveis, avançar o farol
vermelho e perder o controle só para poder <i>começar </i>a achar as palavras que
descrevem essa coisa que está comendo você por dentro. Às vezes, a meditação e
o diálogo simplesmente não conseguem removê-la. Às vezes ela precisa mesmo é de
uma boa "cortada" — ou, pelo menos, a <i>whole lotta shakin’, </i>uma
boa "sacudida geral". Quem tem medo de quebrar, por dentro ou por
fora, está no casamento errado. Pôr tudo para fora. Escancarar as janelas. Depois
da tempestade, vamos ver o que restou.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">E
<i>isso </i>é "o lenitivo que o casamento oferece" — ouvi essa
expressão em diversos contextos mas, exceto nesse sentido, sou incapaz de
compreendê-la. Descobrir o que é inquebrável em meio a tudo o que foi quebrado.
Descobrir que a união pode ser tão irredutível quanto a solidão. Descobrir que
os dois precisam compartilhar, não só o que <i>não </i>conhecem um do outro,
mas também o que <i>não </i>conhecem de si mesmos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Compartilhar
o que conhecemos é, em comparação, um exercício insignificante.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Terei
eu dito que havia apenas uma multidão de Jans, Brendans e Michaels acampados na
caverna iluminada pela fogueira que tem a aparência de um velho e barato duplex
com caixilhos de madeira ao sul do Boulevard Santa Mônica em Los Angeles? A
vida nem sequer é assim tão simples! O que dizer do populacho enfurecido a
quem, por polidez, denominamos "o passado"? Não há nada de abstrato
com "o passado". Aquilo que marcou você ainda está marcando você.
Existe um lugar em nós onde as feridas nunca cicatrizam e onde os amores nunca
terminam. Ninguém sabe muito sobre esse lugar exceto que ele existe,
alimentando nossos sonhos e fortalecendo e/ou assombrando os nossos dias. No
casamento, ele existe com mais força que de hábito.</span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Ensangüentada,
açoitada, semimorta, nua e torturada, minha mãe pende de um gancho no meu
armário... pois pende de um gancho dentro de mim. Às vezes preciso tirá-la para
fora e executamos a dança da dilaceração, arrancando nacos um do outro e,
cheios de felicidade, espalhamos salpicos por todo lado — por cima de Jan,
várias das muitas Jans, e vários dos muitos Brendans, e fujam para as
montanhas, meus queridos, porque estou no meu horror.</span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Um
dos meus muitos, meus insistentes horrores.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Cada
um de nós, todos nós, estamos cheios de horror. Se você se casa para tentar
espantar os seus, só vai se sair bem se fizer seu horror casar com o horror do
outro, os dois horrores de vocês dois se casarão, você sangrará e chamará isso
de amor.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Meu
armário está cheio de ganchos, cheio de horrores, e eu <i>também </i>os amo, amo
os meus horrores e sei que eles me amam, e por minha causa lá ficarão
pendurados para sempre, porque eles também são bons para mim, eles também estão
do meu lado, eles me deram muito para serem meus horrores, eles me fizeram
forte para sobreviver. Existe muita coisa no nosso novo léxico
"iluminado" que sugere que podemos nos mudar para uma casa que não
tenha esse tipo de armário. Você se muda para uma casa dessas e pensa que está
tudo bem até que começa a ouvir um grito distante e a sentir um cheiro estranho
e aos poucos percebe que o armário está ali; tudo bem, mas ele foi emparedado e
quando precisa desesperadamente abri-lo você encontra tijolos em vez da porta.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Na
nossa caverna na encosta da montanha, neste apartamento, existe um armário onde
os meus ganchos pendem ao lado dos de Jan e dos de Brendan — é espantoso
quantos ganchos um menino de apenas onze anos consegue acumular —, que também
estão ali por boas e dolorosas razões deles mesmos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Para
que o casamento <i>seja </i>um casamento, esses encontros não acontecem por
compulsão ou por acidente; eles acontecem por intenção. Não quero dizer que
todos os encontros com todos os vários eus e fantasmas sejam planejados (isso
não é possível, embora às vezes possam ser evocados conscientemente); o que
quero dizer é que esse nível de atividade é reconhecido como parte da busca,
parte da responsabilidade que cada pessoa tem por si mesma e pelo outro.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">E
essa é a grande diferença entre as expectativas de um casamento e as de um
relacionamento. Minha experiência de um relacionamento é duas pessoas compulsivamente
trocando cadeiradas ao som de uma seleção musical dos arquétipos interiores uma
da outra. Meu gângster durão tem um caso com a tua gata de inferninho. Sou o
teu menor abandonado, és a minha mãe amorosa. Sou o pai que perdeste, és a
minha filha amada. Sou o teu adorador, és a minha deusa. Sou o teu deus, és a
minha sacerdotisa. Sou o teu paciente, és a minha analista. Sou a tua
intensidade, és o meu solo. Esses são alguns dos padrões mais extravagantes. <i>Animus
</i>e <i>anima </i>no sobe-e-desce da gangorra.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Esses
padrões mantêm-se razoavelmente bem enquanto os pares arquetípicos se
sustentam. Mas uma noite o garotinho dentro dele procura a mamãe dentro dela e
em vez disso encontra uma analista de língua afiada que disseca suas entranhas.
A menina dentro dela procura o papai dentro dele mas encontra um adorador pagão
que quer fazer amor com uma deusa, e isso faz dela uma menina fingindo que é
uma deusa para agradar o papai que não passa de um idolatra libidinoso mas...
nesse jogo, menina não entra. A mulher se sente atraída pelo machão mas ele, secretamente,
procura pela mãe — quando o eu sexual do homem está a serviço de um garotinho
interior, não é de surpreender que ele não consiga ou que termine muito
depressa. Ou então ele não está realmente <i>ali, </i>para ele é uma
masturbação. Para esse homem com sua psique de garotinho, a mulher real é
apenas uma substituta. E a mulher que está com ele na cama — uma extensão da
sua masturbação — fica se perguntando (mesmo que a ação seja boa) por que não
consegue sentir que está dormindo <i>com </i>alguém. E por que ele se afasta
tão depressa quando acaba.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Por
outro lado, o professor transa com a excitação do aluno, o analista transa com
o abandono do paciente e o casal se vê, na cama, como deus e deusa a iluminar
os céus — mas a psique é uma entidade múltipla e mutável, e nenhum desses pares
compatíveis se mantém estável por muito tempo. Os desencontros arquetípicos
logo começam e então é um desastre de confrontações que podem levar anos sem
chegar a parte alguma <i>(valeria a pena </i>levar anos para chegar a algum
lugar). As pessoas se cansam e desistem. E então o ciclo recomeça com outra pessoa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Minha
experiência de um casamento é que tudo isso está presente mas, instintiva ou conscientemente,
o que temos nele são duas pessoas atropelando os arquétipos interiores uma da
outra, desafiando-os, seduzindo-os, lisonjeando-os, emboscando-os, fazendo-os falar,
abrindo-se a eles, fugindo deles, violando-os, apaixonando-se por alguns e
odiando outros, conhecendo alguns, fazendo amizade com outros, pendurando
alguns no gancho do armário do parceiro — cabides dos quais pendem pais, mães,
irmãs, irmãos, outros amores, ídolos, fantasias, talvez até vidas passadas e a <i>verdadeira
consciência mitológica </i>que às vezes emerge dentro de nós com tal força que
sentimos o elo que remonta a milhares de anos e até mesmo a outros domínios do
ser.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Isso
é o que "desposamos" no outro, um processo que continua enquanto
trabalhamos para ganhar a vida, vamos ao cinema, assistimos televisão, vamos ao
médico, passeamos pelas Palisades, viajamos para o Texas, acompanhamos as
eleições, tentamos parar de beber e nos empanturramos de Häagen-Dazs.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.85pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Quando ouvi a primeira história de amor
comecei a</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.85pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">procurar por ti, sem saber </span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.85pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">o quanto estava cega. </span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.85pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Os amantes não se encontram num lugar. </span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.85pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Eles existem,desde sempre, um no outro.</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 286.3pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Rumi</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 286.3pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.85pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Talvez todos os dragões desta vida </span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.85pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Sejam princesas à espera de </span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.85pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">ver-nos, belos e bravos.</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.85pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Talvez o horror seja apenas, </span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.85pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">no mais fundo do seu ser, algo </span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.85pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">que precisa do nosso amor.</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 221.1pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Rainer Maria
Rilke</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-83686010596078077162013-05-02T19:32:00.001-07:002017-05-05T07:40:48.559-07:00Fidelidades perversas e traições leais<div style="text-align: justify;">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkJcwlIkv91xem-FsBOZ22W3Mal65-8FElSVwwCNHylPM9u6lPiXjVgbjlCcix8o4ch8wrWeVNply4xCZo4Xc2aLqc9siGvPAE6uRr80i0WS6dLRhCzUTnNituUGLKFYQ95ah8tGR7jdM/s1600/0.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkJcwlIkv91xem-FsBOZ22W3Mal65-8FElSVwwCNHylPM9u6lPiXjVgbjlCcix8o4ch8wrWeVNply4xCZo4Xc2aLqc9siGvPAE6uRr80i0WS6dLRhCzUTnNituUGLKFYQ95ah8tGR7jdM/s320/0.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Venho hoje refletir sobre uma situação da qual ninguém, ou ao menos aqueles que já a experimentaram, sente disposição para relembrar. Assunto delicado, tão assustador e pungente, tão presente e ao mesmo tempo negligenciado por nossa vida consciente. Relegado ao esquecimento, ao inconsciente e normalmente associado a vergonha, a vingança e a culpa; mas nunca ao crescimento e autoconhecimento.<br />
Motivada por algumas leituras (Bonder, Carotenuto, Hollis) e, de certa forma, pela lógica "nelsonrodriguiniana" de que devemos ver a vida "tal como ela é", sinto-me impelida a refletir sobre aqueles momentos em que fomos ou nos sentimos traídos, abandonados, trocados... e tantos outros <b>verbos</b> que compõem a cena dolorosa da traição.<br />
Claro que essa palavras podem assumir uma forma adjetiva (mulher rejeitada, homem traído, mulher abandonada), mas insistir que no drama da traição o melhor é concebe-las como verbos é ressaltar um ponto central, que faz toda a diferença: tanto "eu" quanto "ele" ou "ela" traímos, abandonamos e rejeitamos. Quer queiramos ou não reconhecer, somos todos sujeitos destas ações, ao menos em potencial. E estamos todos sujeitos a elas. Tendo sido eu ou não "o agente do verbo" trair, a realidade é que não há nesta vivência dolorosa '"sujeito agente <b>ou</b> paciente", "passivo <b>ou</b> ativo", vítima <b>ou</b> algoz. Ambos são, a um só tempo, agentes <b>e</b> vitimas de um desencontro que desembocou numa traição. Nesse sentido, Hollis afirma que:<br />
<blockquote class="tr_bq">
"A pílula mais amarga na traição pode ser reconhecermos relutantemente, amiúde anos depois, que nós fizemos parte do balé conivente que com o tempo provocou a traição. Se conseguirmos engolir esta amarga pílula, teremos uma sensação bem mais ampla de controle da nossa sombra. Nem sempre iremos gostar do que seremos intimados a reconhecer. (...) Mas a partir dessa amarga erva, muita consciência evolui" (Hollis, em "Os pantanais da Alma", p.67). </blockquote>
Carotenuto, num livro com título um tanto provocador ("Amar, trair: quase uma apologia da traição"), defende o mesmo ponto de vista: <br />
<blockquote class="tr_bq">
"A verdade é que a traição não pode ser atribuída a um só dos componentes do casal; em certo sentido, traído e traidor recitam um texto preciso, no qual, porém, cabe ao traidor a parte mais onerosa. Ele deve assumir a responsabilidade de preparar as bases para uma revisão e dissolução de uma relação que já perdeu toda razão de ser. Muitas vezes o traído já há muito pressentia o drama, mas sentia necessidade de negá-lo, porque investira tudo na outra pessoa" (Carotenuto, p. 132) </blockquote>
Falar da dor da traição é, portanto, falar da dor em reconhecer que o outro, aquele que me machuca, também é uma faceta minha e que com sua ação ele está comunicando algo sobre mim mesma, sobre ele e sobre a nossa relação.<br />
Identificar-se apenas com a vítima é o mesmo que solapar a possibilidade de ampliação da consciência e transformação. O traidor é, na verdade, o executor de algo que o traído, mesmo inconscientemente e diante de todas as suas repressões, também é capaz de fazer, mental ou concretamente. Somos todos hospedeiros de luz e sombra, das infinitas polaridades e possibilidades humanas, quer concretizemo-las ou não. O reconhecimento da nossa capacidade de também trair não nos habilita apenas ao perdão, mas sobretudo à libertação da dor e do ressentimento; condição necessária para que possamos seguir, com o mesmo parceiro ou numa nova relação.<br />
Na medida em que saímos da identificação rígida com apenas um dos polos (sou o traído, sou o traidor) abrimos a possibilidade de adentrar num território de possível crescimento pessoal e conjugal. Conseguir, diante de uma situação de traição, transitar entre os dois "lugares" é valorizar que, para além de vítima ou culpado, há, implícito à traição, algo muito mais importante, uma espécie de alerta: a infelicidade ou a insatisfação encontraram um jeito, talvez o pior, de se abrandarem. Insatisfação comigo mesmo (daí a necessidade, às vezes compulsiva, de uma terceira pessoa que me reafirme, que me regozije) ou com a relação. <br />
É sobre esta última motivação que pretendo me delongar. A primeira (insatisfação consigo próprio, insegurança, baixa autoestima e ect) conduziria a discussão sobre traições para outros rumos.<br />
Trair por descontentamento com a relação é o mesmo que fugir de um lugar onde estamos nos sentido "apertados", comprimidos. É claro que esta não é a única ou melhor solução, pois um novo relacionamento, mas cedo ou mais tarde, desembocará novamente num "lugar apertado", onde dois corpos (leia-se subjetividades) mais uma vez se depararão com a real dificuldade de ocuparem um mesmo espaço... dois mundos espremidos!<br />
Nilton Bonder, em "A Alma Imoral", descreve quatro possíveis comportamentos que normalmente assumimos quanto estamos diante da necessidade de sair do "lugar estreito". Lugar que outrora serviu para nosso desenvolvimento e satisfação, mas que em um determinado momento (e por vários motivos) se tornou apertado e limitador:<br />
<br />
1º- <b>Recuar</b>: resolvemos, finalmente, sair do "lugar estreito", mas diante da força do hábito e do medo da mudança, preferimos recuar e ali permanecemos, mesmo que descontentes. A consequência: desacreditamos no novo e passamos a concebê-lo apenas com uma ilusão. É, em outras palavras, a conformidade com a realidade e com as limitações que ela impõe.<br />
2º- <b>Lutar</b>: é a crença de que se poderá fazer do próprio lugar estreito um lugar mais amplo. A premissa é que jamais deve-se esquecer que o lugar estreito um dia não o foi.<br />
3º- <b>Desesperar-se</b>: é a crença na intransponibilidade do "lugar estreito" que gera desesperança no futuro. "Desse desespero surge a resignação de que, apesar de não se voltar ao lugar estreito, jamais se poderá atingir um novo lugar amplo" (Bonder, p.48).<br />
4º- <b>Orar: </b>é a crença de que a mudança pode acontecer sem uma nova definição de si, do outro e da relação. É a inútil esperança de que a realidade pode vir a se tornar mais compassiva sem a remodelação necessária.<br />
<br />
Apesar de Bonder ter concluído que nenhuma das quatro são alternativas válidas para uma verdadeira superação do "lugar estreito", acredito que o segundo comportamento (lutar) é uma possibilidade legitima de superação da problemática do estreitamento quando o "lugar estreito" em questão é um casamento. Bonder trabalhou com um conceito mais amplo de estreiteza, mencionou lugares estreitos que nem sempre são passiveis de "alargamento" pela luta. Mas quando o assunto é relacionamento, às vezes, "o comportamento de luta" pode, de fato, assumir uma forma positiva e altamente transformadora. Nesses casos, "lutar" para fazer do próprio lugar estreito um lugar mais amplo me parece o mesmo que reconhecer que a traição (a fuga) não se configura como uma alternativa duradoura. Como dito anteriormente, nenhum lugar poderá ser amplo para sempre. O ponto de equilíbrio não é estático e é na aceitação e envolvimento consciente com a força constante da tensão entre os opostos que o equilíbrio pode ser repetidamente reconquistado.<br />
Apesar da pertinente associação da traição à fuga, essa é uma meia verdade, é apenas uma possibilidade associativa dentre várias outras. Se não tivermos medo de olhar as coisas pelo "lado escuro" ou avesso, é possível reconhecer que apesar da traição não ser uma solução, <b>em alguns casos</b>, ela pode se configurar como uma tentativa de renascimento, de revitalização. "Se o outro (...) é aceito somente enquanto corresponde à expectativa, é claro que, na vida de casal, cada um é delimitado em um papel, e não pode sair dele. A traição pode ser lida, portanto, não só como abandono do outro, mas também como tentativa irada de reconhecimento daquelas partes de si sufocadas na relação" (Carotenuto, p.135).<br />
Para não cairmos numa espécie de apologia à traição ou defesa aos traidores, é fundamental frisar que as motivações são diversas e distintas em cada caso particular. Atribuímos importância excessiva ao ato exterior e diminuímos a
importância do estado interior; a manifestação exterior é secundária
quando queremos considerar a raiz do problema (Palestra Pathwork nº 74 - Confusões duvidosas e motivações nebulosas). Então, para além da moral, do certo ou errado, bonito ou feio, o ponto central é discernir se a traição corresponde a um movimento/desejo de crescimento ou é apenas expressão de confusão destruidora, narcisista, vingativa e infantil. Cometê-la sem interrogar-se sobre a qual inquietação ela se refere é o mesmo que permanecer inconsciente dos limites (pessoais ou relacionais) que tem perturbado a possibilidade de se manter numa relação estável e duradoura. É ficar eternamente sujeito ao ciclo nada transformador de insatisfação-traição. Essas reflexões são importantíssimas quando há uma compulsão à trair, uma busca cega "sabe-se lá do que", um padrão repetitivo que nada tem a ver com a procura madura e consciente de auto realização. O donjuanismo e o coquetismo são, inegavelmente, desastrosos sintomas que precisam ser melhor compreendidos. Como ressalta Bonder, esse tipo de infidelidade, esse "tipo de traidor" não age em função da necessidade de romper com uma situação externa disfuncional; mas sim, no sentido de perpetuar uma situação interna (psicológica) disfuncional. Suas ações são mais do que uma traição ao outro; eles traem, acima de tudo, a própria alma (psique), o próprio crescimento. Quando o Self nos "convida" à transgressão, ela inevitavelmente se configura como um passo em direção à saúde, ao crescimento, à expansão. Quando o convite é feito pelo ego, ou por partes sombrias de nossa psique, a transgressão é apenas um ato de manutenção de patologias. <br />
Em meio às reflexões sobre infidelidade é necessário também falar do seu oposto: a fidelidade. Retomo Bonder: <b>a infidelidade é tanto o rompimento de compromissos quanto a manutenção dos mesmo de forma destrutiva, pois há fidelidades perversas e traições de grande lealdade. </b>Há de se considerar que "...é possível que uma pessoa não cometa jamais uma ato de infidelidade, mas as motivações de sua 'fidelidade' podem ser tão doentias e imaturas quanto as motivações que levariam a pessoa a ser infiel externamente. A fidelidade exterior pode não ser fidelidade verdadeira. Portanto, o ato exterior fora de contexto e por si mesmo não pode ser adequadamente avaliado" (Palestra Pathwork nº 74 - Confusões duvidosas e motivações nebulosas) <br />
Assim sendo, o que é ser fiel? É necessário ser fiel! É isso que aprendemos, é isso que desejamos quando entramos num relacionamento e é o que prometemos. Mas é necessário ser fiel ao quê? Ao outro? Acredito, assim como Bonder, Hollis, Carotenuto e tantos outros, que se deve, acima de tudo, ser fiel ao crescimento psicológico pessoal. E para isso preciso, necessariamente, trair ao outro? Na verdade não é ao outro que devemos trair, mas sim ao padrão de relacionamento, à zona de conforto. <span data-ft="{"tn":"K"}" id=".reactRoot[191].[1][4][1]{comment555580554464851_555809747775265}.0.[1].0.[1].0.[0].[0][2]"><span id=".reactRoot[191].[1][4][1]{comment555580554464851_555809747775265}.0.[1].0.[1].0.[0].[0][2].0"><span id=".reactRoot[191].[1][4][1]{comment555580554464851_555809747775265}.0.[1].0.[1].0.[0].[0][2].0.[0]">À suposta zona de conforto, aquele "lugar apertado"
demais para os anseios do Self, mas vivido pelo ego como confortável, seja por medo da mudança ou pelo apego aos "ganhos secundários" de se permanecer
numa relação, ainda que medíocre.</span></span></span> Quem realmente devemos trair é o hábito, o medo, a rotina, a estreiteza, os pactos disfuncionais inconscientemente estabelecidos entre os cônjuges...<br />
Aparentemente é muito mais fácil tentar resgatar fora aquelas coisas que foram perdidas (ou vetadas) dentro de uma relação intima. Bonder bem ilustra essa dificuldade de fazer coincidir crescimento pessoal e crescimento conjugal:<br />
<blockquote class="tr_bq">
"Observemos um casal que vive uma relação de casamento. O desequilíbrio maior surge quando um dos dois dá um passo à frente em direção à sua vida. Esse passo, que é muito transgressivo em relação à sua situação acomodada, deveria gerar um passo também no cônjuge Se isso acontecesse, ambos estariam equilibrados e sua dinâmica seria natural. No entanto, o que mais acontece como reação a um passo à frente é que o outro dá um passo para trás. O desequilíbrio então se estabelece e uma situação não-dinâmica atravanca o processo vital. A maioria dos casamentos termina pela ocorrência desse ato reflexo. Quando um cônjuge esboça transformações em sua pessoa, implicando em transformações na relação, o outro muitas vezes cobra justamente os compromissos assumidos, dando um passo para trás. Não reconhece que seus direitos de apego não têm o menor valor numa relação em que o compromisso explícito é o relacionamento. Se, numa relação, alguém se modifica, o pacto é este: todos devem se colocar em movimento. A reação de dar um passo para trás - expondo carências, coletando justificativas ou evocando direitos - é um apego que, em si, é a maior das traições ao sonho assumido em pacto" (Bonber, p.31).</blockquote>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--> São os curtos caminhos longos, nos quais a obediência acaba por significar desrespeito e a desobediência respeito (Bonder). A porta de saída dessa situação perversa me parece ser o diálogo, a forma mais transgressiva de lutar pela manutenção do que vale a pena é o casamento entre
uma expressão sincera e um ouvinte corajoso e aberto. Mas a base para qualquer comunicação verdadeira e profunda é a
auto observação e o auto conhecimento. Se dançávamos valsa e agora sei que o que me apetece é
dançar tango, nada mais natural do que avisar ao parceiro e perguntar se ele
topa experimentar esse novo ritmo. Do
contrário, o velho misoneísmo (aversão a mudanças e hostilidade para com o
novo) ganha a cena e o descompasso se instaura, as pisadas no pé se tornam
quase que inevitáveis e a dança perde toda a sua beleza e sentido. Se conheço apenas superficialmente minhas
motivações, vontades e necessidades como posso expressá-las a contento? <span style="mso-spacerun: yes;"></span>É a consciência do locutor/emissor que funciona como esteio para que a revelação autêntica possa florescer. É a consciência do interlocutor/receptor que permitirá, tal como um solo fértil, receber o florescimento de uma verdade alheia. E nessa arte de restaurar a dinâmica vital temos que correr riscos e transgredir algumas convenções, acreditar que "há um olhar que sabe discernir o certo do errado e o errado do certo. Este olhar é o da alma" (Bonder).<br />
<blockquote class="tr_bq">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaj8nxlohcEkmBKkter6R-Zq4uERWfURMHK89H_ANf867o7xeWcFJpgpesMMPTP14187jDqaH92FBXmTEVZA-Ds2FLYPyEzX01pB7peJPyqLA5sY5tWqNVb4eam9oTMrfp3B56NrRJn4I/s1600/previewexpo2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaj8nxlohcEkmBKkter6R-Zq4uERWfURMHK89H_ANf867o7xeWcFJpgpesMMPTP14187jDqaH92FBXmTEVZA-Ds2FLYPyEzX01pB7peJPyqLA5sY5tWqNVb4eam9oTMrfp3B56NrRJn4I/s1600/previewexpo2.jpg" /></a></div>
</blockquote>
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br /></div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-36854752344937990022013-03-17T18:21:00.001-07:002013-05-05T17:55:19.935-07:00Leonardo Boff fala de Jung<div style="text-align: justify;">
Leonardo Boff coordenou junto à Editora Vozes a tradução da obra de C.G. Jung (18 tomos). No vídeo "Leonardo Boff fala de Jung", aqui dividido em três partes, ele nos apresenta as relações entre a psicologia analítica e a espiritualidade. Vale a pena assistir!</div>
<br />
<br />
Parte 1:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/K-dWmZbBlb4?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
Parte 2:<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<a href="http://www.youtube.com/watch?v=pYxOvWWULBg" target="_blank">http://www.youtube.com/watch?v=pYxOvWWULBg</a> </div>
<br />
<br />
<br />
<br />
Parte 3:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/Hz6132ck2C4?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-70340711094450113622013-03-02T07:41:00.000-08:002013-09-03T11:50:39.965-07:00A justa medida de valorização do nosso passado, presente e futuro<div style="text-align: justify;">
</div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwk3VyUoSSFKtAqFETbfXL8xzkTi14bfvIoyqGfV2x_ht52gCg1Orm-jYXtCRbAaZGeXDBgZVy1VaKm9D7IA_WWaxfd2p4llz_0kVAIJSmSwp1inKZL0p159KHXX1D56hUVG1WCnpKBPg/s1600/salvador-dali.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwk3VyUoSSFKtAqFETbfXL8xzkTi14bfvIoyqGfV2x_ht52gCg1Orm-jYXtCRbAaZGeXDBgZVy1VaKm9D7IA_WWaxfd2p4llz_0kVAIJSmSwp1inKZL0p159KHXX1D56hUVG1WCnpKBPg/s1600/salvador-dali.jpg" height="261" style="cursor: move;" width="400" /></a></div>
<span style="font-size: x-small;"><span style="color: #999999;"><b> Relógios Moles ou a Persistência da Memória<span style="font-size: x-small;"> - Salvador <span style="font-size: x-small;">Dali </span></span>-1931 </b></span></span><br />
<br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Um pouco de Schopenhauer, que é frequentemente citado por Jung<b>, </b>para iniciar a reflexão:</span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><b>Só o Presente é Verdadeiro e Real</b></span></span></blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Um
ponto importante da sabedoria de vida consiste na proporção correta com a
qual dedicamos a nossa atenção em parte ao presente, em parte ao
futuro, para que um não estrague o outro. Muitos vivem em demasia no
presente: são os levianos; outros vivem em demasia no futuro: são os
medrosos e os preocupados. É raro alguém manter com exatidão a justa
medida. Aqueles que, por intermédio de esforços e esperanças, vivem
apenas no futuro e olham sempre para a frente, indo impacientes ao
encontro das coisas que hão de vir, como se estas fossem portadoras da
felicidade verdadeira, deixando entrementes de observar e desfrutar o
presente, são, apesar dos seus ares petulantes, comparáveis àqueles
asnos da Itália, cujos passos são apressados por um feixe de feno que,
preso por um bastão, pende diante da sua cabeça. Desse modo, os asnos
vêem sempre o feixe de feno bem próximo, diante de si, e esperam sempre
alcançá-lo. Tais indivíduos enganam-se a si mesmos em relação a toda a sua existência, na medida em que vivem <i>ad interim</i> [interinamente],
até morrer. Portanto, em vez de estarmos sempre e exclusivamente
ocupados com planos e cuidados para o futuro, ou de nos entregarmos à
nostalgia do passado, nunca nos deveríamos esquecer de que só o presente
é real e certo; o futuro, ao contrário, apresenta-se quase sempre
diverso daquilo que pensávamos. O passado também era diferente, de
modo que, no todo, ambos têm menor importância do que parecem. Pois a
distância, que diminui os objetos para o olho, engrandece-os para o
pensamento. Só o presente é verdadeiro e real; ele é o tempo realmente
preenchido e é nele que repousa exclusivamente a nossa existência. Dessa
forma, deveríamos sempre dedicar-lhe uma acolhida jovial e fruir com
consciência cada hora suportável e livre de contrariedades ou dores, ou
seja, não a turvar com feições carrancudas acerca de esperanças
malogradas no passado ou com ansiedades pelo futuro. Pois é inteiramente
insensato repelir uma boa hora presente, ou estragá-la de propósito,
por conta de desgostos do passado ou ansiedades em relação ao porvir.</span></span></blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><b><span class="conteudo"><span style="color: #464545;"><i>Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'</i></span></span> </b>(retirado do site <a href="http://www.citador.pt/" rel="nofollow" target="_blank">www.citador.pt)</a></span></span></blockquote>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> </span>Este trecho do "Aforismos para a sabedoria da vida" me inspirou a refletir sobre a atenção que devemos, durante a análise e no próprio cotidiano, despender ao nosso passado, presente e futuro.</span></span></span><span style="font-family: inherit;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-size: small;"> </span></span></span><span style="font-family: inherit;">A psicologia junguiana adota um ponto de vista teleológico, o que significa dizer que em sua investigação do sofrimento psíquico os propósitos, objetivos e finalidades intrínsecas ao desequilíbrio emocional são mais ou tão importantes que as causas. Ou seja, para além da preocupação com os "por ques" (as razões dos conflitos), a psicologia junguiana também considera o "para que" (o propósito de mudança implícito em todos os conflitos). Sondar o sentido oculto e o propósito subjacente às experiências vividas (no passado e no presente) torna-se, nesta perspectiva, mais promissor e libertador do que apenas buscar as causas, pois nem o presente, nem o futuro são simplesmente resultados do passado, são, acima de tudo, consequências de decisões conscientes tomadas no aqui-agora. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> </span></span>Jung questionava a causalidade como princípio de explicação na psicologia. Alegava que as relações de causa e efeito, quando consideradas como o único fator capaz de explicar os meandros do funcionamento psíquico de uma pessoa, podem conduzir a uma compreensão demasiadamente redutiva. Somos criativos e mutáveis o suficiente para não nos reduzirmos ao "que nos aconteceu" ou ao que "fizeram conosco". A ideia mestra é a de que não somos exatamente, ou simplesmente, o que nos aconteceu; somos, acima de tudo, o que escolhemos ser.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> </span>"Jung usava a palavra 'redutivo' para descrever o aspecto central do método, de Freud, de tentar revelar as bases ou raízes primitivas, instintivas e infantis da motivação psicológica" (Dicionário Crítico de Análise Junguiana - http://www.rubedo.psc.br/dicjung/verbetes/mesinred.htm). E apresentava-se crítico a este método pois, a partir dele, o significado pleno do produto inconsciente (os sintomas, sonhos, imagens, lapsos da fala, etc) não podia ser revelado. "Ligando um produto inconsciente ao passado, seu valor presente para o indivíduo pode se perder" (idem).</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> </span>Em contrapartida, e considerando que Jung não rejeitava a importância de analisar o passado e a infância, sua proposta é a de que ao invés de supervalorizar a busca das supostas causas de uma determinada situação, considerando-a como a única fonte de repostas/soluções; devemos nos concentrar na investigação do onde a vida de uma pessoa, tal como ela está sendo vivida no aqui-agora, a está conduzindo. Essa perspectiva, teleológica, era chamada por ele de "sintética". Para o método sintético, os fenômenos psicológicos são considerados como tendo uma intenção, um propósito específico, ou seja, são abordados em termos de sua orientação para um objetivo.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> </span>A unilateralização, e seus malefícios, é uma ideia amplamente trabalhada por Jung e sinteticamente significa a atitude de polarizar ou extremar um ponto de vista. No contexto da presente discussão, </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">é de grande valia </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">considerar esta perspectiva de que não devemos nos enrijecer em certezas e congelar em determinadas opiniões/atitudes, pois as abordagens redutivas e sintéticas são ambas válidas e podem e devem coexistir.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> Passado, presente e futuro possuem um valor relativo. Dependendo do momento em que estamos na compreensão de nossa vida e de nossa situação atual, um ou outro deverá ser melhor considerado, sem perder de vista que mesmo que o ponto de partida da análise seja o passado ou o futuro, o ponto de chegada é sempre o presente. Como asseverou Schopenhauer, só ele é real, "é o tempo realmente
preenchido e é nele que repousa exclusivamente a nossa existência". </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"> </span>Selecionei algumas citações de Jung feitas na conferência "As etapas da Vida" (volume "A natureza da psique") para complementar e suscitar novas reflexões sobre a forma como devemos nos relacionar (conduzir, contemplar, aceitar, integrar, refletir, trabalhar etc) com os fatos marcantes do nosso passado e presente e com as ligações entre ambos e nosso futuro:</span></span></div>
<div style="margin-right: .9pt;">
<div>
<div style="text-align: justify;">
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">"Quem se protege contra o que é novo e estranho e regride ao passado está na mesma situação neurótica daquele que se identifica com o novo e foge do passado. A única diferença é que um se alheia do passado e o outro do futuro. Em princípio, os dois fazem a mesma coisa: mantêm a própria consciência dentro de seus estreitos limites, em vez de fazê-la explodir na tensão dos opostos e construir um estado de consciência mais ampla e elevada" no aqui-agora (acréscimo meu) (p.343).</span></span></blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">"Todos os distúrbios neuróticos, bastante frequentes, da idade adulta têm em comum o fato de quererem prolongar a psicologia da fase juvenil para além do limiar da chamada idade do siso" (p.346).</span></span></blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">"O neurótico é, antes, alguém que jamais consegue que as coisas corram para ele como gostaria que fossem no momento presente, e, por isso, não é capaz de se alegrar com o passado" (p.346).</span></span></blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">"Não podemos viver a tarde de nossa vida segundo o programa da manhã, porque aquilo que era muito na manhã, será pouco na tarde, e o que era verdadeiro na manhã, será falso no entardecer. (...) Por isto, a tarde da vida humana deve ter também um significado e uma finalidade próprios, e não pode ser apenas um lastimoso apêndice da manhã da vida" (p.348, 349).</span></span></blockquote>
</div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> E para finalizar: </span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">"(...) tenho observado que uma vida orientada para um objetivo em geral é melhor, mais rica e mais saudável do que uma vida sem objetivo, e que é melhor seguir em frente acompanhando o curso do tempo, do que marchar para trás e contra o tempo. (...) o velho que for incapaz de se separar da vida é tão fraco e tão doentio quanto o jovem que não é capaz de construi-la" (p.351).</span></span></blockquote>
</div>
<br />
<br /></div>
<div>
<span lang="PT-BR" style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></div>
</div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-16533456259879084822013-02-24T16:47:00.000-08:002013-06-06T12:58:19.427-07:00"Mas o que, exatamente, esperar da análise? Como ela funciona?" Ou "A relação terapêutica analista e paciente"<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUK3bN1GFNE4NmzpGi4z9W8XjXOFVZoXdvueSArReh3H0zsU1-lydo8VuIz096XZsapodfeo6PD7DQ91o-z2juhfJfvrOWN-JqS5Oq-3XOfbKTTGkd1WBnofh3wiaoveacCmPf_nBY8Z8/s1600/corda-bamba.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="243" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUK3bN1GFNE4NmzpGi4z9W8XjXOFVZoXdvueSArReh3H0zsU1-lydo8VuIz096XZsapodfeo6PD7DQ91o-z2juhfJfvrOWN-JqS5Oq-3XOfbKTTGkd1WBnofh3wiaoveacCmPf_nBY8Z8/s1600/corda-bamba.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;">"Cada<span style="font-size: small;"> </span>um de nó<span style="font-size: small;">s</span> espontaneamente evita encarar seus pro<span style="font-size: small;">blemas, enquanto possível; não se deve mencioná-los, ou, melho<span style="font-size: small;">r ainda, nega-se sua exist<span style="font-size: small;">ência. Queremos que nos</span></span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">sa v<span style="font-size: small;">ida seja simples, seg<span style="font-size: small;">ura e tranquila, e por is<span style="font-size: small;">to os problemas são tabu<span style="font-size: small;">. </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><u><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> Queremos certezas e não dúvidas; queremos resultados e não experi<span style="font-size: small;">mentos, sem entretanto nos darmos conta de que as certezas </span></span></span></span></span></span></span></span></u><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><u>só podem surgir através da dúvida, e os resultados através do experimento</u><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><u>.</u> Assim, a negação artifi<span style="font-size: small;">cial dos problemas não gera a convicção; pelo contrário, para obtermos <span style="font-size: small;">certeza e clar<span style="font-size: small;">idade, precisamos de uma consci<span style="font-size: small;">ê</span>ncia mais ampla e superior. (...) <u>Quando temos <span style="font-size: small;">de</span> lidar com problemas, instintivamente nos recusamos a percorre<span style="font-size: small;">r</span> um caminho que nos conduz através da obscuridade e indeterminações. </u>Queremos ouvir falar somente de<span style="font-size: small;"> resultados inequ<span style="font-size: small;">í</span>voco<span style="font-size: small;">s e nos esquecemos completamente de que os resultados só podem vir depois que atravessamos a obscuridade. Mas, para penetrar na obscuridade, devemos empregar todo o potencial de iluminação que a consci<span style="font-size: small;">ê</span>ncia nos oferece</span></span></span></span></span></span>" (Jung, A <span style="font-size: small;">natureza da psique, p.33<span style="font-size: small;">8/9, grifos meus</span>).</span></span></span></span></span></span></span></blockquote>
</div>
<br />
<span style="font-size: small;"> E é assim<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> que, </span>muitas vezes, chegamos à análise<span style="font-size: small;">: <span style="font-size: small;">decididos</span> a olh<span style="font-size: small;">ar para os probelmas, mas ainda<span style="font-size: small;"> impregnados p<span style="font-size: small;">or algumas</span> crença<span style="font-size: small;">s</span> ing<span style="font-size: small;">ê</span>nuas e bastante perni<span style="font-size: small;">ciosas</span>. A de que há uma receita universal e imediata<span style="font-size: small;"> <span style="font-size: small;">para a</span> libertação da dor e do conflito<span style="font-size: small;"> que nos reportará automaticamente para um território seguro, tranquilo e feliz sem termos que adent<span style="font-size: small;">rar n<span style="font-size: small;">o âmago da</span> dúvida<span style="font-size: small;"> e das</span> <span style="font-size: small;">incertezas, morada inequ<span style="font-size: small;">í</span>voca <span style="font-size: small;">das respostas norteadoras</span></span>. <span style="font-size: small;">A</span> de que </span>há um "<span style="font-size: small;">O</span>utro <span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">M</span>ágico"</span> capaz de nos agraciar com <span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">a "</span></span>salvaçã<span style="font-size: small;">o</span>", alg<span style="font-size: small;">u<span style="font-size: small;">ém<span style="font-size: small;"> </span>que terá prontamente as repostas certas, que<span style="font-size: small;"> </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">fará magicamente nossa vida funcionar<span style="font-size: small;"> </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">e </span>que nos poupará<span style="font-size: small;">, para aproveitar as palavras supracitadas de <span style="font-size: small;">Jung, d<span style="font-size: small;">e todas as</span> dúvidas,<span style="font-size: small;"> obscuridade<span style="font-size: small;">s e </span>indeterminações.</span></span></span></span></span> </span> </span></span></span></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> Chegamos<span style="font-size: small;"> </span></span></span></span></span>nos perguntando<span style="font-size: small;">, e também ao analista, <span style="font-size: small;">qual o caminho inequ<span style="font-size: small;">í</span>voco a ser seguido, quais t<span style="font-size: small;">é</span>cnicas<span style="font-size: small;"> e quais p<span style="font-size: small;">rocedimentos garantir<span style="font-size: small;">ão</span> a simplicidade, segurança e tranquilidade tão almejadas. <span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">Chegamos ansiosos pel<span style="font-size: small;">o encontro com a<span style="font-size: small;">s <span style="font-size: small;">certezas,</span></span></span></span></span></span></span> com os resultados<span style="font-size: small;"> e esperamos</span>, ingenuamente, <span style="font-size: small;">uma</span> receita.<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> </span></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> Mas<span style="font-size: small;"> é preciso compreender que</span> a </span>terapia é um passeio socrático (leia-se dialético<span style="font-size: small;">) p<span style="font-size: small;">elos t<span style="font-size: small;">errenos obscuros, duvidosos<span style="font-size: small;"> e</span> indeterminados<span style="font-size: small;"> da psique. O</span></span> caminho<span style="font-size: small;"> e<span style="font-size: small;"> a </span></span>dir<span style="font-size: small;">eção</span> que cada processo deve seguir v<span style="font-size: small;">ão</span> sendo gradualmente <span style="font-size: small;">iluminad<span style="font-size: small;">os</span> pela consci<span style="font-size: small;">ê</span>ncia, que tendo como g<span style="font-size: small;">uia o Self <span style="font-size: small;">T</span>erap<span style="font-size: small;">ê</span>utico,</span> é capaz de visitar e clarear os lugares-chaves<span style="font-size: small;">, q<span style="font-size: small;">ue são totalmente particulares, individuais e hist<span style="font-size: small;">oricamente</span> <span style="font-size: small;">determinados.<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> Os terapeutas que não estão<span style="font-size: small;"> identificados com a projeção do "Outro Mágico<span style="font-size: small;">"</span></span>, bem sabem que <span style="font-size: small;">o</span>s </span>mapa<span style="font-size: small;">s<span style="font-size: small;"> </span></span>(leia-se teorias, co<span style="font-size: small;">n</span>ceitos e t<span style="font-size: small;">é</span>cnicas)<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> </span>não <span style="font-size: small;">são capazes de garatir a segurança (ilusória!) de que o trajeto a ser percorrido já <span style="font-size: small;">é<span style="font-size: small;">, de antemão, dado e to<span style="font-size: small;">talmente</span></span> conhecido. Não há<span style="font-size: small;"> </span></span>um modelo universal de intervenção <span style="font-size: small;">nem </span>um protocolo invariavelmente aplicável<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">, assim como não há um ser humano igual ao outro<span style="font-size: small;">. A</span>inda que o s<span style="font-size: small;">ofrimento seja o mesmo (p<span style="font-size: small;">e<span style="font-size: small;">rda</span></span>, luto, medo...) sua gênese, seu desenrolar e seu desfeche são sempre individuas.</span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> Jung </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">não almejava à universalidade<span style="font-size: small;"> </span>pois partia sempre da multiplicidade de subjeti<span style="font-size: small;">vidades <span style="font-size: small;">e </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">via sua pr<span style="font-size: small;">ó</span>pria teoria psicológica como uma possibilidade, uma perspectiva, uma resposta possível <span style="font-size: small;">(Maroni em <em>Jung<span style="font-size: small;">:</span> <span style="font-size: small;">o</span> <span style="font-size: small;">poe<span style="font-size: small;">ta</span></span> da alma</em><span style="font-size: small;">)<span style="font-size: small;">.</span></span></span></span> </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> A </span></span></span><span style="font-size: small;">"viagem<span style="font-size: small;"> </span>ao interior de si mesmo", empr<span style="font-size: small;">eendida</span> na parceria e em cumplicidade com o <span style="font-size: small;">analista,</span> é<span style="font-size: small;"> <span style="font-size: small;">tão </span></span><span style="font-size: small;">humana</span><span style="font-size: small;"> e imprevis<span style="font-size: small;">í</span>vel<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> </span>que reduzi-la à t<span style="font-size: small;">é</span>cnica<span style="font-size: small;"> preju<span style="font-size: small;">dica<span style="font-size: small;"> </span></span>não só<span style="font-size: small;"> o destino da viagem<span style="font-size: small;"> e</span> </span></span><span style="font-size: small;">o<span style="font-size: small;"> alcance do</span> p<span style="font-size: small;">onto de chegada que est<span style="font-size: small;">a j<span style="font-size: small;">ornada</span></span> pode<span style="font-size: small;"> <span style="font-size: small;">co<span style="font-size: small;">nduzir</span></span></span><span style="font-size: small;">, como tod<span style="font-size: small;">o o<span style="font-size: small;"> seu</span> percurso.</span></span></span></span> </span><span style="font-size: small;"> </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">"A técnica é sempre um esquema
sem alma e quem considera a psicoterapia como simples técnica corre, no
mínimo, o perigo de cometer erros irreparáveis. Um médico consiencioso
deve ser capaz de duvidar de todas as suas técnicas e teorias, caso
contrário cai nas malhas do esquema. Mas, esquema significa estupidez e
inumanidade.<span style="font-size: small;"> (...) </span>A regra fundamental do psicoterapeuta é
considerar cada caso como novo e único. Assim se chega mais próximo da
verdade. Lidar com material psíquico requer grande tato e sensibilidade
quase artística. Sem isto é muitas vezes difícil distinguir entre o que
tem valor e o que não tem." (Jung, Civilização em transição, p.159). </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span> </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></blockquote>
<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> Como afirma<span style="font-size: small;"> </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">Condé, <span style="font-size: small;">no </span>texto<span style="font-size: small;"> que <span style="font-size: small;">me </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">inspirou estas reflexões </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">intitulado "Para que serve uma psicoterapia"</span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">,</span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span> <span style="font-size: small;">um</span> mapa nã<span style="font-size: small;">o pode ser concebido como sendo<span style="font-size: small;"> </span>o próprio território<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">, pois </span>nele sempre exist<span style="font-size: small;">irá aquelas</span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> paisagens, <span style="font-size: small;">cavernas,<span style="font-size: small;"> picos e encruzilhadas<span style="font-size: small;"> </span></span>ainda não<span style="font-size: small;"> </span>cartografadas.<span style="font-size: small;"> </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> E prossigo<span style="font-size: small;"> reproduzindo um trecho d<span style="font-size: small;">este <span style="font-size: small;">texto</span>, que me <span style="font-size: small;">foi</span> <span style="font-size: small;">enviado</span> por e-mail por uma amiga psicóloga e <span style="font-size: small;">por is<span style="font-size: small;">so não tenho como especificar melhor a fonte. <span style="font-size: small;">Mas </span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">s</span>ão</span> palavras que se afinam com meu pensar <span style="font-size: small;">e que </span>tocam em pontos essenciais da clinica junguiana<span style="font-size: small;"> e humanista. </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: small;">São ideias
base que norte<span style="font-size: small;">iam</span> a prática analítica e que podem ser facilmente
reconhecidas por aqueles familiarizados com a obra e pensamento de
Jung. </span><br />
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">"Mapas
podem ajudar, mas também limitam as infinitas possibilidades contidas
em um relacionamento, cujo território se amplia e aprofunda<span style="font-size: small;"> </span>sempre que
há um encontro entre dois ou mais seres sinceramente interessados na
cura da alma (psiquê). (...) Acredito que um terapeuta não deve se tornar
refém de seus mapas conceituais. Ele pode escolher estar pronto para
esquecer deles em sua prática. Ele pode optar livremente e permanecer
aberto para descer ao território do encontro, para ali estar
simplesmente presente, sem temas preconcebidos, sem uma intenção de
caminho certo a seguir. Aquietar-se e estar disposto a estar ali,
presente à relação e a espera que de que “algo” se apresente para ambos.
Intuir é possível na relação quando o terapeuta está sentindo uma
simpatia com os sentimentos do seu cliente. Intuir não vem de uma idéia
preconcebida percebida como adequada à uma situação. Surge no presente
de uma relação quando algo sensível, que se encontra aí, querendo vir a
tona, pode ser enfim aceito e reconhecido. Seja o que for é legitimo
e pede algo à sensibilidade atenta de<span style="font-size: small;"> </span>ambos<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Calibri;">" <span style="font-family: inherit;">(Condé).</span></span></span></span></span><span style="font-family: Calibri; font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> </span></span></span></div>
</blockquote>
<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> <span style="font-family: inherit;"></span></span>Como <span style="font-size: small;">disse Jung:<span style="font-size: small;"> </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="color: red;"><span style="color: black;">"Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma <span style="font-size: small;">al</span>ma humana, seja apenas outra alma humana".<span style="font-size: small;"> <span style="font-size: small;">A an<span style="font-size: small;">á</span>lise é um encontro entre dois seres humanos e não entre uma t<span style="font-size: small;">é</span>cnica/t<span style="font-size: small;">eoria e um objeto de estudo. <span style="font-size: small;">M</span>esmo<span style="font-size: small;"> que optemos por usar a terminologia científica e falemos em "objeto<span style="font-size: small;">", ainda assim, há de se considerar que o objeto da terap<span style="font-size: small;">ia não é a neurose<span style="font-size: small;"> (</span>adoecimento ou desequilíbrio psíquico<span style="font-size: small;">) </span> mas sim a pessoa que tem a neurose<span style="font-size: small;">. O foco é a totalidade d<span style="font-size: small;">a </span>p<span style="font-size: small;">e</span>ssoa que sofre<span style="font-size: small;"> e esta perspectiva exige<span style="font-size: small;"> que a totalidade do analista também se faça presente, e não apenas sua teoria. Em <span style="font-size: small;">"A situ<span style="font-size: small;">ação atual da psicoterapia" (Jung, Civili<span style="font-size: small;">zação em tran<span style="font-size: small;">s</span>ição), Jung <span style="font-size: small;">alerta sobre a necessidade de</span> equilíbrio entre, o que cham<span style="font-size: small;">a<span style="font-size: small;">rei</span> aqui</span> de, "coração<span style="font-size: small;"> e </span>c<span style="font-size: small;">é</span>rebro"<span style="font-size: small;">. Em suas palavras:</span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span> <br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1YZJqHvQVzQYfoUTbDtKLmIPZylEolA7oP6234VfwqSTtg_K5dwTHb2-Q7pQSvXN9XhfxH63NZJmL_W6SSrnx2cVXBVL2ytmEOHrnPorMcBtwqnUn34btpjvPkY6smdGPnvMigMTL6N0/s1600/equilibrio+dos+opostos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1YZJqHvQVzQYfoUTbDtKLmIPZylEolA7oP6234VfwqSTtg_K5dwTHb2-Q7pQSvXN9XhfxH63NZJmL_W6SSrnx2cVXBVL2ytmEOHrnPorMcBtwqnUn34btpjvPkY6smdGPnvMigMTL6N0/s1600/equilibrio+dos+opostos.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="color: red;"><span style="color: black;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> </span></span></span> </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="color: red;"><span style="color: black;">"<span style="font-size: small;">É louvável que o médico tente ser o mais objetivo e impessoal possível e se esforce por n<span style="font-size: small;">ã</span>o imiscuir-se na psicologia do paciente qual salvador miraculoso; o artificialis<span style="font-size: small;">mo<span style="font-size: small;"> n</span></span>esta rel<span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">a</span>ção</span> traz, porém, consequ<span style="font-size: small;">ê</span>ncias perniciosas. Por isso n<span style="font-size: small;">ão poderá ultrapassar <span style="font-size: small;">impunimente os limites da naturalidade. Daria, assim, um péssimo ex<span style="font-size: small;">emplo a<span style="font-size: small;">o paciente que não está doente por causa de um excesso de naturalidade"</span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span> (Jung, p. 151)</blockquote>
A falta de naturalidade e o excesso de artificialismo, que nos fazem adoecer lá fora, também não são bem vindos dentro do setting terapêutico. A autenticidade de um, favorece o desenvolvimento da autenticidade no outro. Exercitar a autenticidade dentro, nos ajuda a melhor experiencia-la fora, no cotidiano e em outras relações. O setting terapêutico é um microcosmo no qual, muitas vezes sem perceber, reproduzimos os padrões de relacionamento de lá de fora; é, por isso mesmo, um lugar privilegiado para olharmos cuidadosamente para estes padrões e aprendermos novas formas "de ser e estar" nas relações e no mundo. <br />
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: center;">
<i>"</i><b><i>Onde impera o amor, não existe vontade de poder; e onde o poder tem precedência, aí falta o amor. Um é a sombra do outro"</i></b></div>
</blockquote>
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: center;">
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
(Jung, Psicologia do inconsciente, p.45)</div>
</div>
</blockquote>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;">Na relação terapêutica não há hierarquização. É claro que cada um possui um papel extramente diferente e bem definido, mas ambos são portadores de conhecimentos legítimos e numa perspectiva junguiana/humanista ninguem, além do próprio analisando, pode saber mais sobre si e sua dor. Se o terpaeuta é um mapa, seu cliente é o território; se o terapeuta é uma bússula, seu cliente é justamente o campo magnético que aponta o norte; se o terapeuta é um termómetro, seu cliente é quem lhe dá o contexto, os estados térmicos; se o terapeuta é um ser humano que acredita e trabalha com a incomensurável capacidade do homem de se reinventar, seu cliente é um ser humano capaz de resgatar a fé em sua própria capacidade curativa e criativa.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4l9DJbHl8QBeA1hN70Twb_v2CHOVyg_GPzB48LwDPxPH-zijKixqEWHrU9Y5wVtCnTfb-LMNsEvLld-PD3yNjoNthZqOo4s2Gq0ocCR9ENHexEsDuFO-12FErbKR-y91qHV_ZPGJzT3M/s1600/ESCULP~1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4l9DJbHl8QBeA1hN70Twb_v2CHOVyg_GPzB48LwDPxPH-zijKixqEWHrU9Y5wVtCnTfb-LMNsEvLld-PD3yNjoNthZqOo4s2Gq0ocCR9ENHexEsDuFO-12FErbKR-y91qHV_ZPGJzT3M/s1600/ESCULP~1.JPG" width="244" /></a></div>
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"> </span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"> Após estas reflexões, que são, de certa forma, repostas à pergunta-título "O que esperar da análise?", sinto-me mais confortável em enumerar o que este processo (que não está alicerçado numa relação de poder e no qual cada um dos envolvidos participa ativamente) pode, concretamente, oferecer: </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;">Conscientização, insight, resigificação do passado, libertatação de algo, de alguém ou de partes de si mesmo que não fazem mais sentido, transformação, centramento, integração, independização, empoderamento, abandono
de compulsões, automatismos e auto sabotagens, capacidade de estabelecer bons relacionamentos com outros e consigo próprio, com o passado, com o futuro e sobretudo com o presente...</span><br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> </span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> </span></span></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
</div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-2086897430457844092013-02-04T15:59:00.001-08:002013-05-18T09:24:14.240-07:00Abordagem junguiana do sofrimento - Parte 2<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">(Recomendo a leitura de <a href="http://semeandojung.blogspot.com.br/2013/02/abordagem-junguiana-do-sofrimento-parte.html" target="_blank">"Abordagem junguiana do sofrimento - Parte 1"</a> antes da leitura deste post, que é um acréscimo ao primeiro texto, no qual a perscpectiva junguiana do sofrimento é melhor explicitada).</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"></span></span>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> </span></span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #cc0000;"><b><i>Meias verdades</i></b></span></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #cc0000;"><b><i>Meias vontades</i></b></span></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #cc0000;"><b><i> Meias saudades</i></b></span></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #cc0000;"><b><i> Viver pela metade é ilusão</i></b></span></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #cc0000;"><b><i>Tire suas meias</i></b></span></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #cc0000;"><b><i> Ponha o pé no chão </i></b></span></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #cc0000;"> (Augusto Barros)</span></span></span></div>
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Complementando o que foi discutido no post "Abordagem junguiana do sofrimento - Parte 1", julgo importante refletir sobre o que James Hollis pontuou como sendo "sofrimento não autêntico" e "sofrimento autêntico". Tendo em vista a importância de "tirar as meias e pôr os pés no chão", pensemos sobre o que significa sofrer uma dor de forma autêntica sem criar novas dores, novos sofrimentos "em cima" das chagas mais profundas... </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Antes de qualquer exposição sobre a significação dada por Hollis para o que venha a ser o sofrimento autêntico e o não autêntico, vale refletir sobre o adjetivo escolhido para qualificar tão importante substantivo para o dicionário da vida: o sofrimento. </span></span><br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYFkZ_y9Fw_1Bt48VaY-CJGJD3p7aPMGAG0mXoDoEDduuzv6XL8xCkft19siCSSRNAnJnr4fSOeQpahZKookFZ9twNmgnMC8MzmbFLwkLd2mz0sSwyRJ1R1CPFHwSMqW2ZB-b8XwI2aoQ/s1600/Sofrimento_que-horror.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYFkZ_y9Fw_1Bt48VaY-CJGJD3p7aPMGAG0mXoDoEDduuzv6XL8xCkft19siCSSRNAnJnr4fSOeQpahZKookFZ9twNmgnMC8MzmbFLwkLd2mz0sSwyRJ1R1CPFHwSMqW2ZB-b8XwI2aoQ/s1600/Sofrimento_que-horror.jpg" height="320" width="208" /></a><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">A autenticidade, de acordo com o dicionário Houaiss, é a qualidade de tudo aquilo que é verdadeiro, legítimo, adequado, genuíno. Em um primeiro momento, poderíamos nos perguntar: como pode haver um sofrimento que não seja legítimo, verdadeiro? Se na clinica psicológica todo sofrimento (grande, pequeno, simples, complexo, antigo ou novo) deve ser respeitado, acolhido e considerado como verdadeiro, como poderíamos dividir a experiência dolorosa de um indivíduo em autêntica ou não autêntica?</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">A qualidade de verdadeiro a qual Hollis se refere tem uma acepção especial no contexto de sua diferenciação do sofrimento e espero que esse sentido específico dado a palavra "autêntico" fique claro ao londo da minha exposição.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">O "sofrimento não autêntico" é consequência de uma forma de vivenciar os problemas baseada na fuga. Dá-se, então, que diante dos problemas, várias defesas contra a vivência da experiência dolorosa e traumática são acionadas. São subterfúgios, evasivas ou soluções inadequadas/ineficientes que fazem com que o confronto autêntico com a dor seja anulado ou eternamente postergado. Importante frisar que o intuito de "fugir" e "criar defesas" contra as intempéries existenciais é, em essência, o de curar as feridas abertas, mas o resultado de tal estratégia é a geração de mais sofrimento. </span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Como escreve Hollis<span style="font-size: small;"> </span>“sem o sofrimento, que parece o requisito epifenomenal para o amadurecimento psicológico e espiritual, permaneceríamos inconscientes, infantis e dependentes. No entanto, muitos dos nossos vícios, apegos ideológicos e neuroses são maneiras de fugir ao sofrimento”<b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> </span></span></b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">(p.10)</span></span><b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">.</span></span></b> Ironicamente, gerando outros tantos! E prossegue o autor, que apesar de retratar uma realidade norte-americana, nos fala, em essência, de uma realidade universal: </span></span><br />
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> "Um em quatro norte-americanos se identificam com sistemas de crenças fundamentalistas, buscando dessa forma aliviar sua jornada com valores simplistas, preto no branco, subordinando a ambiguidade espiritual à certeza de um líder e à oportunidade disponível de projetar a ambivalência da vida sobre seus semelhantes. Outros vinte e cinco por cento se entregam a algum tipo de vício, anestesiando momentaneamente a angústia existencial, apenas para vê-la implacavelmente retornar no dia seguinte. Os restantes escolheram ser neuróticos, ou seja, criar uma série de defesas fenomenológicas contra os ferimentos da vida" (Hollis, p.10).</span></span></blockquote>
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Nesse contexto, o papel da terapia não é remover de imediato o sofrimento, mas sim examiná-lo. O intuito é o de liberar a energia vital/psíquica que fica aprisionada na repetição incessante de padrões disfuncionais para que ela flua em direção a uma consciência ampliada capaz de sustentar as dolorosas contradições da vida, as angústias e as inevitáveis discrepâncias entre o que queremos e o que dispomos na realidade externa. Do contrário, permaneceremos fugindo, negando ou se vitimizando.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">O "sofrimento não autêntico" é, em linhas gerais, aquele que, de uma forma ou de outra, encerra a alma em uma<span class="apple-converted-space"> </span><b><u>reação excessivamente ponderada, insegura e exitante</u></b><span class="apple-converted-space"> </span>diante da complexidade inerente à vida. É não autêntico, não verdadeiro por não ser profícuo, por não conduzir ao crescimento e por estar atrelado a (e ser conseqüência de) comportamentos que retardam o contato com a verdadeira área geradora de dor e angústia. Os sofrimentos advindos, por exemplo, dos vícios, da unilateralidade ideológica e das neuroses são, poderíamos dizer, de segunda ordem...o sofrimento primeiro, legítimo, aquele que deve ser melhor considerado e trazido a consciência, é aquele que se esconde atrás da motivação inconsciente em recorrer a estas estratégias amortecedoras: vício, apego ideológico, neurose, dentre tantos outras formas de fuga...</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Isto posto, é possível entrever o que venha a ser o "sofrimento autêntico": uma<span class="apple-converted-space"> </span><b><u>reação realista</u></b><span class="apple-converted-space"> </span>às ásperas arestas da existência!</span></span><br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">"Jung observou que o <i>opus, </i>o trabalho da alma, consiste em três partes: ‘<i>insight</i>, perseverança e ação’. A psicologia, comentou ele, só pode ajudar a fornecer o <i>insight.</i> Depois disso, vem a coragem moral de fazer o que precisamos e a força para suportar as consequências” (Hollis, p.21). </span></span></blockquote>
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">O cumprimento do que Jung chamou de “obrigação moral” é o compromisso em assumirmos nossa responsabilidade perante tudo o que descobrimos e aprendemos no contato com o nosso inconsciente, fonte inesgotável de sabedoria. É vivermos aquilo que percebemos, é vivenciar no "mundo aqui em cima" o que recebemos através das percepções advindas do contato com a riqueza "do mundo subterrâneo". </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="background-color: white; color: #333333; line-height: 19.45px; margin-bottom: 0.7em; margin-top: 0.7em; padding: 0px; text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px;"><b style="margin: 0px; padding: 0px;">"O Inconsciente é natureza que nunca engana: só nós nos enganamos"</b></span></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white;"><span style="color: #333333; line-height: 19.45px;">( C.G. Jung, Símbolos da Transformação, p. 54)</span><span style="line-height: 19.19px;"> </span></span></span></span><br />
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="background-color: white;"><span style="line-height: 19.19px;"><br /></span></span></span></div>
</div>
</div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-23660902089567030152013-02-04T06:13:00.001-08:002015-01-25T17:19:43.721-08:00Abordagem junguiana do sofrimento - Parte 1<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> <span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span></span></span><br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-K_2m2ffpI3lHyQY1sRVfwhsvCIsmJTibbYz_tn27W2ZfVj2GODvfNlj3OTxHGRSZm13BoAM5s4S0YvCWTNv56peU_yTm4zDiMqGuxBvIgSU40Cc0lFo_Wdl7r78BzpxUFuZHi6U2tuk/s1600/antonia_clip_image002_0000.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-K_2m2ffpI3lHyQY1sRVfwhsvCIsmJTibbYz_tn27W2ZfVj2GODvfNlj3OTxHGRSZm13BoAM5s4S0YvCWTNv56peU_yTm4zDiMqGuxBvIgSU40Cc0lFo_Wdl7r78BzpxUFuZHi6U2tuk/s1600/antonia_clip_image002_0000.jpg" height="288" width="320" /></a><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">James Hollis começa seu livro "Os pantanais da alma - nova vida em lugares sombrios" com uma inquietante reflexão sobre o pensamento, amplamente difundido pela cultura ocidental, de que a meta da vida é alcançar a felicidade. </span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Seus argumentos refutam esta ideia e o ponto fulcral de sua tese é o de que a vida é composta tanto por "campinas ensolaradas" quanto por "pântanos escuros", ambos lugares importantes para nossa jornada individual. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">É fácil perceber, mas nem tanto aceitar, que a vida é permeada por incertezas, intempéries e acontecimentos desagradáveis que transcendem o nosso querer e estão longe do nosso controle. Estamos constantemente nos debatendo com a diferença entre o que gostaríamos e o que realmente encontramos ao nosso dispor. Diante da inevitabilidade das decepções e frustrações, a atitude de considerarmos a felicidade como a suprema meta da vida não é só ilusória, mas também extremamente prejudicial. Pactuando com essa crença corremos o perigo de cair em depressão ou profunda inquietação, pois os reais estados sombrios da alma tornam-se tão indesejados e sem lugar que acabamos negando, rejeitando e reprimindo tudo o que consideramos inadequado em nós, nos outros ou nas situações que enfrentamos. O sofrimento torna-se tão sem sentido, que o sentido curativo que está sempre oculto em nosso sofrimento não pode ser acessado. Como afirma Jung:</span></span></div>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">“O principal objetivo da terapia psicológica não é transportar o paciente para um impossível estado de felicidade, mas sim ajudá-lo a adquirir firmeza e paciência diante do sofrimento. A vida acontece num equilíbrio entre a alegria e a dor.”</span></span></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Dependendo da forma como encaramos os desafios e as quedas, o sofrimento que experimentamos em nossos conflitos e "provações" pode assumir um aspecto muito positivo: o de chamar a atenção para um indesejável estado de coisas e inspirar o desejável estado de reflexão e mudança. Diante das crises e momentos de
infelicidade, nos damos conta de que alguma atitude precisa ser tomada e
"sofrer estoicamente, reagir heroicamente ou lamentar nossa condição
parece ser uma escolha onerosa, porém inevitável" (Hollis, p.9). Apesar de frequentemente estarmos perdidos nos sombrios estados da culpa, da dor, da traição, da dúvida, da depressão e da raiva, </span></span></div>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">"Quando formos capazes de enxergar nossas próprias mesquinharias, ciúmes, ódios, rancores etc., então isso poderá se reverter num bem positivo, pois em tais emoções tão destrutivas está armazenada muita energia vital, e quando se tem tal energia à disposição, ela poderá ser encaminhada para fins positivos" (von Franz).</span></span></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Quando evitamos esses sombrios estados da alma e perseguimos freneticamente o desejo de sermos felizes e despreocupados, perpetuamos o sofrimento. Não há descanso, não há relaxamento, estamos constantemente em estado de alerta, lutando contra as intempéries, contra o natural fluxo da vida de contração e expansão, fluxo e refluxo, subida e descida... O ego, demasiadamente apegado ao controle, à segurança e à cessação do conflito, "desconsidera, reprime, nega e foge dos pantanais. No entanto, grande parte da nossa vida é vivida a partir dessas regiões, e grande parte da prisão da neurose é uma negação dessa esfera" (Hollis, p.19).</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Para a psicologia junguiana, que reconhece as polaridades da vida e considera a importância tanto da campina quanto do pântano, a meta da vida não pode ser a felicidade, mas sim a busca do significado. Buscar o verdadeiro sentido para o que nos acontece é uma atitude com grande poder curativo: nos libera da vitimização e imprime em nossa caminhada a heroica capacidade de resignificar, mudar e fluir. E apesar do significado nem sempre ser colorido e florido, ele é sempre real; e é só com os pés bem enraizados na realidade, seja ela qual for, que podemos trilhar nosso caminho e decidir o melhor rumo. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Como afirma Jung, </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">"o sentido torna suportável uma grande parte das coisas - talvez tudo</span></span>". <span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Ele </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">nos conecta com a realidade,</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"> inunda as trevas com luz e nos faz atravessar o sofrimento</span></span>. <b></b></div>
<br /><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">A "revelação" do significado nos é dada pela reflexão que, psicologicamente falando, pode ser entendida como o ato de "produzir consciência". De acordo com o Dicionário Crítico de Análise Junguiana (http://www.rubedo.psc.br) a reflexão é </span></span><br />
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">"um voltar-se para trás ou para dentro a partir da consciência, de modo que, em vez de uma reação imediata ou não premeditada a estímulos objetivos, intervém uma elaboração psicológica. O efeito de tal elaboração é imprevisível e, em consequência da liberdade para refletir, respostas individualizadas e relativizadas são possíveis". </span></span></blockquote>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span></span></blockquote>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
A consciência tem, portanto, não apenas uma função cognitiva, mas também uma função espiritual: a de ampliar e enriquecer o sentido de nossa existência. Por intermédio dela, podemos tornar nossa jornada mais significativa. E essa é uma de nossas mais profundas necessidades, sobretudo numa sociedade hedonista e consumista como a nossa.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Significado, reflexão, ampliação da consciência e integração do inconsciente são aspectos que nos conduzem ao autoconhecimento e à verdadeira felicidade. Como bem percebeu Jung, "só aquilo que somos realmente tem o poder de curar-nos". </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Somos luz e sombra e "a tarefa da individuação é a totalidade (...) que inclui a descida que a psique frequentemente impõem ao ego relutante" (Hollis, p. 19). <span style="background-color: white;">A
terapia pretende, justamente, </span><span style="background: none repeat scroll 0% 0% white;">auxiliar o ego em sua jornada de rendição ao Self (Eu maior). A partir das reflexões suscitadas pelo processo terapêutico a integração dos aspectos inconscientes se torna possível. A análise é uma valiosa ferramenta de auxílio ao confronto <u>saudável</u>
e <u>promissor</u> com o mal-estar psíquico (ansiedades, medos, conflitos,
depressões etc.). Seu "objeto" é o inconsciente (seus
conteúdos e processos) e o seu o objetivo é estabelecer um relacionamento consciente com as motivações inconsciente que
determinam nossas ações e escolhas. É conhecer e transformar as
condições psíquicas que estão sendo sentidas como intoleráveis devido as
suas interferências negativas na vida consciente.</span> <span style="background: none repeat scroll 0% 0% white;"> </span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br /></span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="background: none repeat scroll 0% 0% white;">Na medida em que passamos a aceitar e investigar a interação entre a vida consciente e inconsciente, nos
tornamos mais preparados para o fato de que "(...)<i> nossa
vida psíquica frequentemente agirá fora do controle do ego, que seremos puxados
para baixo em direção aos pantanais, e que iremos sofrer lá" </i>(Hollis,
p. 194). A boa noticia é que portando a luz da consciência podemos descer à</span><span style="background: none repeat scroll 0% 0% white;">s profundezas da alma</span><span style="background: none repeat scroll 0% 0% white;">s sem se perder. Com ela iluminaremos o caminho, encontraremos o significado e subiremos renovados
e fortificados. Nas palavras de Hollis
(p.195):</span></span></span></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">"(...) <i>em cada um desses estados do pantanal existe o desafio implícito de descobrir seu significado e a mudança de comportamento ou atitude que ele pode exigir</i>. Enfrentar cada pantanal como uma pergunta implícita - qual o significado da minha depressão, a que a ansiedade está ligada na minha história, pelo que sou possuído - nos permite ser ativos em vez de passivos no nosso sofrimento".</span></span></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Ao empreendermos a tarefa/desafio que cada pantanal nos oferece, conseguimos nos libertar da fantasiosa felicidade permanente e da sensação de derrota, culpa ou vergonha de nunca alcançá-la plenamente. Somos capazes, então, de transpor o sofrimento e seguir em direção a uma consciência expandida, a única capaz de despertar nossa criatividade e nosso potencial curativo. A única capaz de nos sintonizar com uma experiência de felicidade interior mais sólida e real do que aquela difundida nos famosos "comerciais de margarina".</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Anaïs Nin nos apresenta o que eu chamaria de um legítimo convite feito pelo processo terapêutico: </span></span><br />
<div style="text-align: center;">
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">“E chegou o dia em que o risco de continuar espremido dentro do botão era mais doloroso que o de desabrochar”</span></span></blockquote>
</div>
</div>
<span style="font-size: small;">
</span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVFmWeNEJqoi59Htdf2rdlzkRm-SZhV6ba30O9hYqHyy8u8FrM1pEgbLzXCgeIqvTVUFrZccU_I82Up9lZ4tl1za7Uv7b8UUHXYxhMxIVan1wPdIHvfhFCYWCWZy4Hc2mUM5gsyKFirqY/s1600/renascer.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVFmWeNEJqoi59Htdf2rdlzkRm-SZhV6ba30O9hYqHyy8u8FrM1pEgbLzXCgeIqvTVUFrZccU_I82Up9lZ4tl1za7Uv7b8UUHXYxhMxIVan1wPdIHvfhFCYWCWZy4Hc2mUM5gsyKFirqY/s1600/renascer.jpg" height="320" width="207" /></a></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
</blockquote>
<div style="text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: inherit;"><br />
<br />
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">
</span>
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-64530805057998148042013-01-25T22:36:00.002-08:002013-05-05T18:07:49.163-07:00Conversas com o inconsciente<div style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">
<div>
<div style="text-align: left;">
<span style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background-color: #fce5cd; color: #666666;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> </span><span style="font-family: inherit;"> </span></span></span></div>
</div>
<span style="background-color: #fce5cd; font-family: inherit;"><span style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
</span></span>
</span><br />
<div style="border: 0px; margin-bottom: 6px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #fce5cd;"><span style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="color: #666666;"><span style="font-family: inherit;">O relacionamento com as imagens oníricas é um dos pilares da psicologia analítica.</span></span></span><span style="text-align: left;"><span style="font-family: inherit;"><span style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #666666;"> Para Jung, há uma intencionalidade evidente em todos os sonhos, que são como uma espécie de retrato fiel do momento de vida do sonhador, uma fotografia que revela, em linguagem simbólica, os desafios, desejos, ponderações e necessidades com as quais o ego deve travar relacionamento para seguir sua trajetória rumo ao Self, o arquiteto interior da integridade e ordem psíquicas.</span></span><span style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #666666;"> O acolhimento das mensagens oriundas do Self é um processo que atrai </span></span><span style="color: #666666; text-align: justify;">a agulha da bússola do ego para o norte verdadeiro. Os sonhos possuem uma capacidade diretiva e, assim sendo, são grandes professores na escola do autoconhecimento, fornecem valiosas lições para obtermos êxito na prova mais importante de nossas vidas, aquela que contém a seguinte questão: o que te faz único, individual, íntegro, completo e capaz de irradiar suas "bençãos", sua luz própria sobre os demais? </span></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="background-color: #fce5cd; color: #666666; font-family: inherit;"><br /></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="background-color: #fce5cd; color: #666666; font-family: inherit;">Na Revista do Correio de junho de 2011 foi publicada uma reportagem sobre Jung, em comemoração aos 50 anos de sua morte. Reproduzo o trecho que fala sobre os sonhos. São informações e dicas que avalio como interessantes para aqueles que procuram no mundo onírico uma maior compreensão de si e dos caminhos que conduzem à auto-realização. </span></span></span></div>
<div>
<span style="background-color: #fce5cd;"><br /></span></div>
</div>
<span style="background-color: #fce5cd;"><span style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="border: 0px; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
</span></span>
</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="border: 0px; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuDTFLomtguyWvT1dnu56vWkvh16QunzF6fjQfuzmJVr81eUXR-w1dkm3ZSB0D6uJybbaT3rTHuRh7tkWJ8vUxadgGPlNsNr_HDpRILaYYvToMltumsINFc5mRvpJRmtp9kmCqQfaf6as/s1600/otto_rapp_contemporary_fine_art_investment_asset.JPG" imageanchor="1" style="background-color: #fce5cd; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuDTFLomtguyWvT1dnu56vWkvh16QunzF6fjQfuzmJVr81eUXR-w1dkm3ZSB0D6uJybbaT3rTHuRh7tkWJ8vUxadgGPlNsNr_HDpRILaYYvToMltumsINFc5mRvpJRmtp9kmCqQfaf6as/s1600/otto_rapp_contemporary_fine_art_investment_asset.JPG" height="300" width="400" /></a></span></span></div>
<span style="background-color: #fce5cd;"><span style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="border: 0px; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
</span></span>
</span><br />
<div style="border: 0px; margin-bottom: 6px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="border: 0px; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="background-color: #fce5cd; color: #666666;"><br /></span></span></span></div>
<span style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="background-color: #fce5cd; border: 0px; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
</span></span></div>
<div style="border: 0px; color: #606060; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">
<b style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="background-color: #fce5cd; font-family: inherit; font-size: large;">Sonhos, fonte de sabedoria</span></span></b></div>
<div style="border: 0px; color: #606060; margin-bottom: 6px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<b style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="background-color: #fce5cd;"><span style="border: 0px; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"></span></span></b></div>
<div style="border: 0px; color: #606060; margin-bottom: 6px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: #fce5cd; font-family: inherit;">Jung acreditava que os sonhos funcionavam como fotografias do dinamismo psíquico. As imagens neles contidas teriam uma função não só compensatória, como acreditava Freud, mas também serviriam para educar, orientar e até mesmo revelar lampejos de futuro — os ditos sonhos premonitórios, capazes de romper as fronteiras do tempo e do espaço. O olhar sobre o sonho, ensina, nunca deve ser restritivo: não cabe uma interpretação direta, como as sugeridas nos “dicionários dos sonhos”. O conteúdo deve ser sempre contextualizado a partir das referências pessoais do indivíduo que sonha. Abaixo, algumas dicas para que você tire proveito dos recados que o inconsciente oferece a cada noite.</span></div>
<div style="border: 0px; color: #606060; margin-bottom: 6px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: #fce5cd; font-family: inherit;"><b style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">- Construa um “sonhário”:</b> Jung dizia que o simples registro diário dos sonhos já constitui um exercício terapêutico. Na medida em que anotamos as imagens, peripécias, sensações e emoções experimentadas no mundo onírico, conseguimos “organizar” os movimentos psíquicos. Compre um caderno que deverá ser dedicado exclusivamente aos sonhos e transforme o registro dos mesmos em um hábito diário.</span></div>
<div style="border: 0px; color: #606060; margin-bottom: 6px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: #fce5cd; font-family: inherit;"><b style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">- Descreva sempre um sonho no momento presente,</b> como quem relata algo real. Comece pelos lugares, seguindo pelo contexto e pelo papel que você assume. Em seguida, relate as emoções vivenciadas, a evolução da cena e o desfecho. A preguiça deve ficar de lado: anote todos os detalhes que lembrar.</span></div>
<div style="border: 0px; color: #606060; margin-bottom: 6px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: #fce5cd; font-family: inherit;"><b style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">- A linguagem do inconsciente é sempre alegórica, simbólica</b>. Assim sendo, todos os elementos presentes num sonho (dos personagens aos objetos) não devem ter interpretação literal — tudo faz parte de você e fala de você.</span></div>
<div style="border: 0px; color: #606060; margin-bottom: 6px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: #fce5cd; font-family: inherit;"><b style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">- Ao terminar o relato, tente fazer um exercício livre de associações entre aquilo que vê e as relações que se estabelecem com a vida. </b>Jung chamou esse exercício de amplificação. Por exemplo: ao sonhar com uma colega de trabalho com quem não se tem muito contato, observe quais as principais características que ela transmite. O mesmo vale para os objetos: resgate a história relacionada a eles. Amplificar é buscar sentido diante das imagens que aparecem.</span></div>
<div style="border: 0px; color: #606060; margin-bottom: 6px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: #fce5cd; font-family: inherit;"><b style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">- Não tente encerrar o conteúdo de um sonho, atribuindo um significado único.</b> Quanto mais múltiplo for o sentido, mais valia terá. Se achar interessante, escreva o resultado da amplificação abaixo do sonho.</span></div>
<div style="border: 0px; color: #606060; margin-bottom: 6px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: #fce5cd; font-family: inherit;"><b style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">- Em geral, todos os sonhos da mesma noite têm uma temática comum </b>e, depois de serem analisados individualmente, deverão ser observados como um conjunto conciso. O mesmo vale para aqueles tidos durante um período específico da vida (durante uma viagem, ao fim de uma relação etc.). Dessa forma, o sentido que eles oferecem torna-se mais claro.</span></div>
<div style="border: 0px; color: #606060; margin-bottom: 6px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: #fce5cd; font-family: inherit;">- Você quer começar, mas simplesmente não consegue lembrar do que sonhou? Não se aflija. <b style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Encare como um exercício.</b> Na medida em que começamos a dedicar tempo para os sonhos, eles tendem a ficar mais limpos, vívidos e vivos na memória.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="border: 0px; color: #666666; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-color: #fce5cd; font-family: inherit;"><b style="border: 0px; color: #606060; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">- A observação continuada dos sonhos, acompanhada por um psicoterapeuta ou analista, é um poderoso instrumento de cura e de desenvolvimento pessoal. </b><span style="color: #606060;">O processo promove o autoconhecimento a partir dos elementos vindos do inconsciente.</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="border: 0px; color: #666666; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-color: #fce5cd; font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-41536886867968131442013-01-17T13:58:00.002-08:002013-05-13T11:16:11.397-07:00Sobre os filhos<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b>Dos Filhos (Khalil Gibran)</b></i></span><br />
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b><br /></b></i></span><span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b>E uma mulher que carregava o filho nos braços disse: “Fala-nos dos filhos.”</b></i></span><br />
<div align="justify" class="MsoNormal">
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b> E ele disse:</b></i></span></div>
<div align="justify" class="MsoNormal">
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b> Vossos filhos não são vossos filhos.</b></i></span></div>
<div align="justify" class="MsoNormal">
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b> São filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma.</b></i></span></div>
<div align="justify" class="MsoNormal">
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b> Vêm através de vós, mas não de vós.</b></i></span></div>
<div align="justify" class="MsoNormal">
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b> E, embora vivam convosco, a vós não pertencem.</b></i></span></div>
<div align="justify" class="MsoNormal">
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b> Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,</b></i></span></div>
<div align="justify" class="MsoNormal">
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b> Pois eles têm seus próprios pensamentos.</b></i></span></div>
<div align="justify" class="MsoNormal">
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b> Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;</b></i></span></div>
<div align="justify" class="MsoNormal">
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b> Pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.</b></i></span></div>
<div align="justify" class="MsoNormal">
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b> Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis faze-los como vós,</b></i></span></div>
<div align="justify" class="MsoNormal">
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b> Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.</b></i></span></div>
<div align="justify" class="MsoNormal">
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b> Vós sois o arco dos quais vossos filhos, quais setas vivas, são arremessados.</b></i></span></div>
<div align="justify" class="MsoNormal">
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b> O Arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com Sua força para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.</b></i></span></div>
<div align="justify" class="MsoNormal">
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b> Que vosso encurvamento na mão do Arqueiro seja vossa alegria:</b></i></span></div>
<div align="justify" class="MsoNormal">
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b> Pois assim como Ele ama a flecha que voa, ama também o arco, que permanece estável.</b></i></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><i><br /></i></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaNAKg5GoXL6rYvy1UbGjhAsEaCHs2nRNvW85xQHIwuEQ7Hr0Yd_qIsN-PRkPwuKt7rgfDsKakWkNH6BXkp9p4TJjODNnl1Ynx2_gHZSWI7eJGeFwSLtz6mcG-KxmgsIy9X8riGfe66bk/s1600/419416_229361680487910_173497372741008_502056_1628874818_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaNAKg5GoXL6rYvy1UbGjhAsEaCHs2nRNvW85xQHIwuEQ7Hr0Yd_qIsN-PRkPwuKt7rgfDsKakWkNH6BXkp9p4TJjODNnl1Ynx2_gHZSWI7eJGeFwSLtz6mcG-KxmgsIy9X8riGfe66bk/s1600/419416_229361680487910_173497372741008_502056_1628874818_n.jpg" height="294" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><i><br /></i></span></div>
<div align="justify" class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;">P</span><span style="font-family: Arial;">ouco pode ser acrescentado, Khalil Gibran já nos disse o essencial.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;">Destrinchar seus ensinamentos em explicações teóricas, racionais e psicológicas é um risco de não falarmos à alma... os lampejos de compreensão, filhos legítimos da linguagem poética, podem ser terrivelmente mutilados e a verdadeira sabedoria alienada por terminologias inférteis...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;">Pretendo apenas, como mãe de uma menininha de um ano e meio, externar algumas reflexões que hoje, após inúmeros contatos teóricos com a maternidade e a infância, ganharam uma significação totalmente especial.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;">Li recentemente a seguinte frase, cujo autor desconheço: "Já dizia o mestre: tentar adquirir experiência apenas com teoria é como tentar matar a fome apenas lendo o cardápio".</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;">E assim chego a "matern(a)idade", podendo saborear os doces e amargos sabores deste vasto cardápio, outrora tão folheado. </span><br />
<span style="font-family: Arial;">Sensibilizada pela analogia feita entre os pais e o arco, entre os filhos e as flechas (ambos instrumentos do Grande Arqueiro) e pela verdade, tão belamente anunciada por Gibran, de que a vida não anda para trás e que sua inexorável mira é a "mansão do amanhã", reflito sobre dois pontos que podem barrar ou liberar a concretização de nossa missão enquanto pais: </span><br />
<span style="font-family: Arial;"></span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b>Podeis outorgar-lhes vosso amor , mas não vossos pensamentos,</b></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b>Pois eles têm seus próprios pensamentos.</b></i></span></div>
<span style="font-family: Arial;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;">1- Os </span><span style="font-family: Arial;">padrões de certo e errado durante a infância são indiscutivelmente necessário pois funcionam como uma primeira baliza que poderá favorecer uma maior desenvoltura do exercício futuro do </span><span style="font-family: Arial;">livre arbítrio, que é a escolha individual e intrasferível entre o que se julga como certo ou errado. </span><span style="font-family: Arial;">Escolher, o</span><span style="font-family: Arial;">ptar significa "matar", sacrificar as diversas possibilidades em favor daquela que é escolhida. A decisão é, portanto, um processo que envolve riscos: o risco de estar errado, o de se responsabilizar, o de se arrepender... A</span><span style="font-family: Arial;"> escolha, por conter o germe do erro, é, por si só, um processo difícil, quem dirá para aqueles que aprenderam que errar é algo inadmissível e irremediável. Sendo assim, </span><span style="font-family: Arial;">"...é importante que a a</span><span style="font-family: Arial;">utoridade dos pais exprima padrões de certo e errado de maneira suficientemente permissiva ou flexível de modo a não sufocar a capacidade do ego para aprender cometendo seus próprios erros. Quando uma pessoa sente que cometer um erro é um acontecimento catastrófico, é levada a evitar a escolha e a decisão. Assim, o desenvolvimento de uma personalidade individual acaba sendo sufocado" (</span><span style="font-family: Arial;">Whitmont, A Busca do Símbolo - conceitos básico de psicologia analítica, </span><span style="font-family: Arial;">p.245). E estaremos diante de uma fecha que não pode chegar ao seu destino: sair dos padrões de obediência e submissão às figuras de autoridade<span style="font-size: small;">,</span> estabelecer um padrão interior de certo e errado e vencer o medo de assumir suas escolhas, desfrutando e arcando com as consequências, na tranquilidade de que nada é definitivo e tão drástico ao ponto de nos paralizar.</span><br />
<span style="font-family: Arial;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b>Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis faze-los como vós,</b></i></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b>Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.</b></i></span></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;">2- Desde a infância já apresentamos alguns traços de personalidade, possíveis de serem observados quando somos ainda bem pequenos. Nossas preferências, qualidades e características temperamentais encontram na família uma espécie de porto, nem sempre seguro, pois "a alfândega familiar" muitas vezes é bem rígida e não deixa passar nada daquilo que contradiz suas expectativas. O ambiente familiar tem uma influência crucial no processo de ancoragem de nossas habilidades e dificuldades. As expectativas parentais reforçam alguns traços pessoais, recompensam certas qualidades e desaprovam certos interesses e habilidades. Há uma inter-relação entre a criança e seu meio e assim como as expectativas familiares influenciam o desenvolvimento dos traços pessoais, estes também influenciam as expectativas da família. Existe, portanto, uma relação mútua de influência e toda atenção e cuidado são bem vindos aos pais educadores. Se uma determinada característica obtém a aprovação da família, a auto-estima não é abalada, mas a valorização excessiva de um potencial pode levar à unilateralidade e à privação do desenvolvimento de novas potencialidades. Se a família recompensa e encoraja o desenvolvimento daquilo que para a criança é mais natural, ela se sente bem consigo mesma por ter espaço para explorar seus interesses. O oposto acontece quando as características inerentes e a família não caminham juntas. Mas a oposição não muda os sentimentos e interesses mais profundos, apenas faz com que o indivíduo não se sinta bem consigo mesmo por ter os traços e interesses que tem, e se for incentivado a "ser outro e não ele mesmo" o resultado é uma profunda sensação de inautenticidade. Aí estaremos diante de um arco que ao invés de projetar suas flechas para longe, projetou nelas seus anseios, projetos e expectativas, deixando-as demasiadmente "pesadas" para voarem livres na direção que deveriam... </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: Arial;">E como nos ensina Jung, "só aquilo que somos realmente tem o poder de curar-nos", pois é justamente o afastamento de nossa verdade que nos faz adoecer. Sejamos arcos ou flechas, na mão do Grande Arqueiro somos todos filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma!</span></div>
</div>
<br />
<span style="background-color: white; font-family: Arial; line-height: 19.45px; margin: 0px; padding: 0px;"></span><br />
<br />
<br /></div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-16599684670032981752012-12-28T23:33:00.001-08:002019-04-03T04:16:20.319-07:00Oração da Serenidade e o processo de autoconhecimento via análise<br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background-color: white;"></span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background-color: white;"></span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; line-height: 19.19px; text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background-color: white;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4NLGy4E6chqtPW0NhBwrWgdjUbobPqVXb_i5xDbDNqv2LepJnmC9LsAXhIYo5oIz_eRGpvr-tnQiFnfb5hB092Czt73aqR3_Y3HFOcsMOOWDlyHmsyjx3TgYTWbNq3IdbGA37OTRrGSU/s1600/images+(1).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4NLGy4E6chqtPW0NhBwrWgdjUbobPqVXb_i5xDbDNqv2LepJnmC9LsAXhIYo5oIz_eRGpvr-tnQiFnfb5hB092Czt73aqR3_Y3HFOcsMOOWDlyHmsyjx3TgYTWbNq3IdbGA37OTRrGSU/s1600/images+(1).jpg" /></a></span></span></div>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background-color: white;">
</span></span>
<div style="line-height: 19.19px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background-color: white;"><i style="line-height: 19.19px;"><br /></i></span></span></div>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background-color: white;">
</span></span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 19.18px;"><i>Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária </i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 19.18px;"><i>para aceitar as coisas que não posso modificar; </i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 19.18px;"><i>a coragem para modificar aquelas que posso;</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 19.18px;"><i> e a sabedoria para distinguir umas das outras</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 19.18px;"><i><br /></i></span></div>
<span style="line-height: 19.18px;"><br /></span>
<span style="line-height: 19.18px;">Não há consenso sobre as origens e a autoria da Oração da Serenidade. Mas, s</span><span style="line-height: 19.19px;">ejamos religiosos ou não, pertencentes a esta ou àquela igreja, estas palavras, </span><span style="line-height: 19.18px;">consideradas</span><span style="line-height: 19.19px;"> como uma prece ou apenas como a expressão de um desejo maior, podem ser como guias para a alma que busca realizar-se em toda sua potencialidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19.19px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19.19px;">Em um contexto </span><span style="line-height: 19.18px;">terapêutico, elas ganham um brilho especial, pois se no </span>tão valioso e necessário processo de resignificação do nosso passado entendermos e aceitarmos que, de fato, há acontecimentos que não podemos modificar ou controlar, o confronto com o conteúdo emocional submerso e protegido pelo “esquecimento” deixa de ser um doloroso confronto/ batalha para torna-se um auspicioso confronto/encontro com a nossa real limitação, com o nosso real poder e, consequentemente, com a nossa mais profunda sabedoria.<br />
<br />
O pacífico "encontro face a face" com o inconsciente, precioso recinto que contém as respostas que tanto procuramos, torna-se cada vez mais proveitoso na medida em que compreedermos que somos, a um só tempo, pequenos e grandes diante dos acontecimentos do nosso passado, do nosso presente e também do nosso futuro. <br />
<br />
Guardião de muitas das respostas que precisamos para seguir fluindo em nossa caminhada de crescimento, o <b>encontro com a nossa verdade </b>realmente depende de serenidade para aceitarmos as coisas que não podemos modificar; de coragem para modificar aquelas que podemos e de sabedoria para distinguir essa daquela. Como diz Sartre "Não importa o que o passado fez de mim. Importa é o que farei com o que o passado fez de mim". E isso nos exige coragem! A vitimização só nos exige passividade e submissão.<br />
<br />
A serenidade que podemos experimentar ao nos dedicarmos à conciliação dos opostos (o que posso e o que não posso mudar, por exemplo) é consequência de um tipo bem específico de aceitação: uma que promove não passividade, estagnação ou revolta, mas sim superação, mudança, auto responsabilidade, novos horizontes e perspectivas futuras. <b>“Afinal, não é apenas o passado que nos condiciona, mas, também o futuro, que muito tempo antes já se encontra em nós e lentamente vai surgindo de nós mesmos.” </b>(Jung, O Desenvolvimento da Personalidade, p. 115) </div>
</span><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><br />
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background-color: white;">
</span></span>
<div style="line-height: 19.19px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background-color: white;"><i style="line-height: 19.19px;"><br /></i></span></span></div>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background-color: white;">
<div style="line-height: 19.19px; text-align: justify;">
<i style="line-height: 19.19px;"><br /></i></div>
</span></span><br />
<span style="background-color: #eaeaea; color: #666666; font-family: "geneva" , "tahoma" , "nimbus sans l" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 20.38px;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-66725299276965454032012-12-01T16:26:00.000-08:002013-05-30T21:24:41.829-07:00O casamento como veículo para o trabalho com a sombra<!--[if !mso]>
<style>
v\:* {behavior:url(#default#VML);}
o\:* {behavior:url(#default#VML);}
w\:* {behavior:url(#default#VML);}
.shape {behavior:url(#default#VML);}
</style>
<![endif]--><br />
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:RelyOnVML/>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:DontVertAlignCellWithSp/>
<w:DontBreakConstrainedForcedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
<w:Word11KerningPairs/>
<w:CachedColBalance/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri","sans-serif";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O livro <a href="http://ebookbrowse.com/ao-encontro-da-sombra-connie-zweig-e-jeremiah-abrams-pdf-d283612859" target="_blank">Ao encontro da sombra</a> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">(Zweig e Abrams) é uma coletânea de artigos
sobre as diversas manifestações do lado escuro da natureza humana: no seio da
família, nos relacionamentos íntimos, na sexualidade, no trabalho, na
espiritualidade, na política...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">No
artigo "O encontro do oposto no parceiro conjugal", Maggie Scarf
elucida de forma brilhante o quanto as características do nosso eu reprimido
podem coincidir (devido a identificação projetiva) com as características do ser
amado. Quando nos relacionamos com alguém que é o nosso oposto
(passivo/agressivo, introvertido/extrovertido, religioso/ateu,
comunicativo/reservado), e isso não é nada incomum!, o parceiro acaba por se
tornar o portador de nossas fraquezas, deficiências e aptidões/qualidades
latentes. Torna-se, ao mesmo tempo, fonte de atração e repulsão. Inicialmente
nos atraímos pela possibilidade de compensação que o outro representa (uma
mulher tímida, por exemplo, viverá sua extroversão via marido, permitindo que
ele fale por ela) mas, a longo prazo, a não integração dos aspectos que estão
latentes em nós e evidentes no outro acarretará uma série de conflitos:
estaremos, diariamente, "dormindo com o inimigo", estaremos diante
daquele que personificou nossa sombra e que cotidianamente nos expõe à nossas
limitações.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiE3F5k-eWwrKYH6D0RctI5e5pCRjRx1_q75efaqfEVbpBhUOcHpgJUlN_k1QBlsfjrq2zR1fTIMyAWWZHqO9mbSpnhKFmbXhN2p38tUPvpaRf0ijsQNHnjT_0gq3rcSrJWr-rmnAYt880/s1600/divorcio+2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiE3F5k-eWwrKYH6D0RctI5e5pCRjRx1_q75efaqfEVbpBhUOcHpgJUlN_k1QBlsfjrq2zR1fTIMyAWWZHqO9mbSpnhKFmbXhN2p38tUPvpaRf0ijsQNHnjT_0gq3rcSrJWr-rmnAYt880/s1600/divorcio+2.jpg" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> </span><span style="font-size: large;"><span style="color: #990000;"><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">O
encontro do oposto no parceiro conjugal</span></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Maggie Scarf</span></div>
<br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">"Um fato da realidade conjugal, bem
conhecido pelos especialistas nessa área, é que as qualidades citadas pelos
parceiros como as que primeiro os atraíram um para o outro coincidem com aquelas
que são identificadas como as fontes de conflito no decorrer do
relacionamento. As qualidades "atraentes" recebem, com o tempo, novos
rótulos; tornam-se as coisas más e difíceis do parceiro, os aspectos de sua
personalidade e comportamento que são vistos como problemáticos e negativos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Por exemplo, o homem que se sentiu
atraído pelo calor, empatia e fácil sociabilidade da esposa poderá, em algum
momento futuro, redefinir esses mesmos atributos como "estridência",
"intromissão" e uma maneira "superficial" de se relacionar
com os outros. A mulher que inicialmente valorizava o marido pela sua
confiabilidade, previsibilidade e pelo senso de segurança que ele lhe oferecia,
poderá, ao longo do caminho, condenar essas mesmas qualidades como tediosas,
enfadonhas e redutoras. E é assim que os admiráveis e maravilhosos traços do
parceiro tornam-se as coisas feias e terríveis que a pessoa gostaria de ter
percebido antes! Embora essas qualidades sejam sempre idênticas, em algum
momento do relacionamento elas ganham nomes diferentes.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">As coisas mais atraentes no parceiro
também são, em geral, as que têm maior carga de sentimentos ambivalentes. É por
isso que minhas conversas com casais sempre começam do mesmo modo que iniciei a
minha entrevista com os Brett, sentados lado a lado à minha frente. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">—
Digam-me — perguntei ao jovem casal —, qual foi a primeira coisa que os atraiu
no outro?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">—
Meu olhar passou de Laura, atenta e observadora, para o rosto ligeiramente
cansado de seu marido Tom, — O que é que você acha que a fez especial para
ele... e você, especial para ela?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Por mais mundana que me parecesse a
pergunta, ela provocou no casal a costumeira reação de surpresa e até mesmo de
susto. Laura respirou fundo, pegou uma mecha de seus longos cabelos
louro-escuro e lançou-a sobre o ombro. Tom parecia estar a ponto de saltar mas,
em vez disso, afundou-se ainda mais no macio sofá marrom. Viraram-se um para o
outro, com um sorriso; Laura enrubesceu e, então, os dois caíram na risada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O que ficou claro é que os Brett viam a
si mesmos como tipos humanos muito diferentes — como pólos opostos, em muitos
sentidos. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Quase no fim da nossa primeira conversa,
por exemplo, eu lhes perguntei: — Se alguém que vocês dois conhecem... digamos,
um amigo ou uma pessoa da família... estivesse descrevendo o relacionamento de
vocês para alguém de fora, o que vocês acham que ele diria?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">—
Improvável — respondeu Tom de imediato, com um sorriso.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">—
Improvável? — Por quê? — perguntei. — Ah, sei lá — ele encolheu os ombros —,
ler jornal ou ir à igreja, cinismo ou fé em Deus... Eu sou muito lógico e
reservado, e a Laura é exatamente o oposto.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Ele hesitou e olhou para Laura, que
assentia com a cabeça e mantinha uma expressão ao mesmo tempo compungida e
alegre. — Você é calmo e passivo — admitiu ela—, e eu estou sempre acesa,
pronta para o que der e vier. — Ele concordou e me disse: — Nós somos
diferentes em tudo o que se possa imaginar...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Na verdade, como muitos casais que
parecem viver em casamento de opostos, eles estavam lidando com o mais
penetrante de todos os problemas conjugais: distinguir quais os sentimentos,
desejos, pensamentos, etc. que estão dentro de um e quais os que estão dentro
do parceiro.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Esse dilema está relacionado com a
demarcação das fronteiras pessoais. A principal causa de angústia nos
relacionamentos íntimos e responsáveis é, na verdade, uma confusão básica entre
saber exatamente o que está acontecendo na nossa própria cabeça e o que está
acontecendo na cabeça do parceiro.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Muitos casais, como os Brett, parecem
ser pólos opostos — duas pessoas totalmente diferentes. São como
marionetes num espetáculo: cada um deles desempenha um papel bem diferente do
outro na parte do palco que está aberta ao olhar do observador objetivo; mas,
fora da vista, os cordões das marionetes se emaranham. Eles estão
profundamente enredados e emocionalmente interligados, abaixo do nível da
percepção consciente de cada um. Pois cada um deles incorpora, carrega e
expressa pelo outro os aspectos reprimidos do eu (o ser interior) do
outro.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Examinando o relacionamento dos Brett, o
que parecia estar ocorrendo era uma divisão emocional do trabalho. Era como se
aquele casal tivesse tomado certos desejos humanos, atitudes, emoções, modos de
se relacionar e se comportar — uma vasta gama de sentimentos e reações que
poderiam ser partes integradas do repertório de uma pessoa — e os
repartisse à moda do "eu fico com isto e você fica com aquilo".</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Como a maioria dos casais, eles fizeram
essa "partilha" por meio de um acordo inconsciente, não-verbalizado
mas muito eficaz. No seu relacionamento, Laura ficava com o otimismo e Tom com
o pessimismo; ela acreditava em tudo, ele era o cético; ela queria abertura
emocional, ele queria guardar-se para si mesmo; ela se aproximava e ele se
afastava — o homem fugindo da intimidade. Juntos, formavam um organismo
adaptativo plenamente integrado; só que Laura tinha que cuidar de toda a
inspiração e Tom, de toda a expiração.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">No entanto, se Laura, no palco, parecia
querer total intimidade, honestidade, integridade e unidade, fora do palco ela
e Tom tinham realmente um acordo. Sempre que ela tentava aproximar-se dele, o
cordão da autonomia de Tom era ativado e ele era impelido — de um modo quase
reflexo — a se afastar de imediato. Ela dependia dele para preservar o espaço
necessário entre ambos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Pois Laura, como qualquer outra pessoa,
precisava de alguma autonomia própria — algum território pessoal no qual ela
pudesse ser uma pessoa por direito próprio, buscar seus próprios desejos e
objetivos individuais. Mas para Laura, satisfazer suas próprias necessidades
independentes era percebido como algo errado e perigoso — algo que uma mulher
adulta sadia não faz. Para ela, o papel certo, como mulher, era concentrar-se
em permanecer próxima, no relacionamento; ela não conseguia reconhecer
suas necessidades autônomas como algo que existia dentro dela, algo que ela
realmente queria. Ela só tinha consciência das necessidades do eu (o eu
separado e independente) na medida em que essas necessidades existiam no parceiro
e eram expressadas pelo parceiro.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Do mesmo modo, o desejo natural de Tom
de se aproximar intimamente de outra pessoa era uma necessidade que ele
via, não dentro de si mesmo, mas como algo que basicamente existia em
Laura. A necessidade de estar próximo de sua parceira, no contexto de um
relacionamento confiante e mutuamente revelador, era vista como
necessidade dela. Tom nunca sentia isso como um desejo ou uma
necessidade que se originava dentro do seu próprio ser, Ele era, a seus
próprios olhos, auto-suficiente; ou seja, ele bastava a si mesmo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Mas, ao mesmo tempo em que Laura
dependia de Tom para se afastar quando ela se aproximava, Tom dependia de Laura
para tentar a aproximação a fim de se sentir necessário e desejado — íntimo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Em lugar de expressar diretamente
qualquer desejo ou necessidade de intimidade (ou mesmo conscientizar-se desses
desejos e sentimentos e assumir a responsabilidade por eles), Tom
precisava dissociá-los de sua consciência. Esses pensamentos e desejos o faziam
sentir-se demasiado exposto, demasiado vulnerável! Quando queria proximidade,
ele precisava sentir esse desejo como se viesse da esposa; ele precisava
assegurar-se, sem qualquer reconhecimento consciente do que estava fazendo, de
que o "cordão" da intimidade de Laura era puxado. Uma maneira de
fazê-lo, talvez, seria adotar um ar sentimental e abstraído para que ela
ficasse a se perguntar se ele não estaria pensando em Karen. E então Laura iria
persegui-lo ansiosamente... em busca do intercâmbio íntimo que ele próprio
desejava.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O que acontecia no relacionamento desse
casal é extremamente comum nos casamentos em geral. O conflito que os dois
parceiros estavam enfrentando — um conflito entre querer satisfazer suas
próprias necessidades individuais e querer satisfazer as necessidades do
relacionamento — foi dividido igualmente entre eles. Em vez de serem capazes de
admitir que ambos queriam intimidade e que ambos queriam buscar seus próprios
objetivos independentes — ou seja, que o conflito autonomia/intimidade era
um conflito que existia dentro da cabeça de cada um — os Brett,
inconscientemente, fizeram esse acordo secreto.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Laura nunca precisaria assumir
conscientemente sua necessidade de um espaço pessoal; Tom nunca precisaria
admitir para si mesmo seu próprio desejo de ser emocionalmente aberto,
confiante e íntimo. Ela carregava, pelos dois, a necessidade de intimidade
(necessidade do relacionamento). Ele carregava, pelos dois, a necessidade de
autonomia (a necessidade que cada pessoa tem de perseguir seus objetivos
individuais). Laura, portanto, sempre parecia querer estar um pouco mais perto
e Tom sempre parecia querer estar mais distante e desimpedido. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O resultado foi que, em vez de um
conflito interior (algo que existia dentro do mundo subjetivo de cada
um), o dilema desse casal tornou-se um conflito interpessoal — um
conflito que teria de ser constantemente travado entre eles.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Essa transição de um problema
intrapsíquico (ou seja, um problema dentro da mente de um indivíduo) para
um conflito interpessoal (ou seja, uma dificuldade que duas pessoas enfrentam)
ocorre por meio da identificação projetiva.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Esse termo refere-se a um mecanismo
mental muito penetrante, traiçoeiro e geralmente destrutivo, que envolve a
projeção dos aspectos negados e reprimidos da experiência interior de uma
pessoa sobre o seu parceiro íntimo e, a seguir, a percepção desses sentimentos
dissociados como existentes no parceiro. Não apenas os pensamentos e
sentimentos indesejáveis são vistos como estando dentro do parceiro, como
também o parceiro é encorajado, por meio de "deixas" e provocações, a
comportar-se como se eles lá estivessem! E então a pessoa identifica-se
indiretamente com a expressão, pelo parceiro, das emoções, pensamentos e
sentimentos reprimidos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Um dos melhores e mais claros exemplos
do modo como a identificação projetiva opera é mostrado pelo homem totalmente
não-agressivo e que jamais se enraivece. Esse homem, que é singularmente
destituído de raiva, só pode perceber os sentimentos de raiva à medida que eles
existem numa outra pessoa — na esposa, é mais provável. Quando algo
perturbador acontece a esse homem que jamais se enraivece, e
ele experimenta emoções de raiva, ele não terá um contato consciente
com elas. Ele não vai saber que está com raiva, mas ai ficar muito feliz
se detonar uma explosão de hostilidade e raiva na esposa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A esposa, que talvez não estivesse
sentindo raiva alguma antes da interação, de repente descobre que está dominada
pela raiva; na verdade, sua raiva, que parecia dever-se a qualquer outro
motivo, é a raiva que está sendo vivida pelo marido. Num certo sentido, com
isso ela está "protegendo" o marido contra certos aspectos do seu ser
interior que ele não consegue assumir e admitir conscientemente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O marido que jamais se enraivece pode
então se identificar com a expressão, pela esposa, da raiva que ele reprimiu
sem jamais precisar assumir responsabilidade pessoal por essa raiva — nem mesmo
em termos de se conscientizar do fato de que, para começar, quem estava com
raiva era ele! E é muito frequente que os sentimentos de raiva, reprimidos com
tanta firmeza dentro do eu, sejam criticados no parceiro com a mesma
severidade, Numa situação de identificação projetiva, o marido que jamais se
enraivece geralmente se horroriza diante do temperamento violento e das
expressões e comportamentos impulsivos e descontrolados da mulher!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Do mesmo modo, a pessoa que jamais se
entristece talvez só veja suas próprias depressões à medida que elas se
expressam no parceiro (que, nessas circunstâncias, é visto como a pessoa que
carrega a tristeza e o desespero por ambos).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">De modo geral, as projeções tendem a
ser intercâmbios — um "comércio" de partes
reprimidas do eu, que os dois membros do casal concordam em fazer. E, então,
cada um deles vê no outro as coisas que não consegue perceber em si mesmo... e
luta, incessantemente, para mudá-las".</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5945390185626704811.post-74627823846786491462012-11-12T18:56:00.001-08:002013-05-19T10:08:30.303-07:00O trabalho com a sombra<span style="font-family: inherit;"> </span><br />
<b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"></i></b><br />
<div style="color: #990000; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“Cada ser é uma flor a desabrochar sob a luz
da consciência do outro”</span></i></b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> (Paule Salomon)</span></div>
<div style="margin: 0cm; text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Na psicoterapia de base junguiana </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">o primeiro passo dado no processo
de ampliação da consciência é o estabelecimento do </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">contato com a persona e com a sombra.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> O simples fato de reconhecermos o
uso de máscaras sociais, chamadas por Jung de <i><a href="http://www.rubedo.psc.br/dicjung/verbetes/persona.htm" target="_blank">persona</a></i>, nos conduz à importante ideia de que há muita
coisa por de trás delas, muita coisa que queremos ou aprendemos que
devemos ocultar em nome da adaptação social. Os aspectos reprimidos em prol da aceitação compõem o que Jung chamou de <a href="http://www.rubedo.psc.br/dicjung/verbetes/sombra.htm" target="_blank">sombra</a>.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Se por um lado, "só se alcança o objetivo social com sacrifício da totalidade da personalidade" (Jung, A Natureza da Pique, p. 344); por outro, tudo aquilo que foi sacrificado e reprimido não deixa simplesmente de existir. A sombra, continua atuando em nossas vidas de forma inconsciente.</span><br />
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"São muitos - muitíssimos - os aspectos da vida que poderiam ser igualmente vividos, mas jazem no depósito de velharias, em meio a lembranças recobertas de pó; muitas vezes, no entanto, são brasas que continuam acesas por debaixo de cinzas amarelecidas" (</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Jung, A Natureza da Pique, p. 344).</span> </span></blockquote>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Persona e sombra guardam entre si </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">uma estreita relação e no livro “Jung.
O Mapa da Alma”, Murray Stein explica muito bem essa importante vinculação:</span></div>
<div style="margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span><br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0cm 21.3pt; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrdLR72AeIE5JT0RkI_EaP3Kju3yn0t_sxvbdyyxmcXy7UrbR6b8MJomtIqnFSP6cpeWZkV1g9OdawbhY18_IRJi0VLmkCtTHbG7uBh8_jJxH7Ye3JsF4EcKIt4q4RQmHCZaOBhhIsqKo/s1600/sombra+2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></a><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrdLR72AeIE5JT0RkI_EaP3Kju3yn0t_sxvbdyyxmcXy7UrbR6b8MJomtIqnFSP6cpeWZkV1g9OdawbhY18_IRJi0VLmkCtTHbG7uBh8_jJxH7Ye3JsF4EcKIt4q4RQmHCZaOBhhIsqKo/s1600/sombra+2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrdLR72AeIE5JT0RkI_EaP3Kju3yn0t_sxvbdyyxmcXy7UrbR6b8MJomtIqnFSP6cpeWZkV1g9OdawbhY18_IRJi0VLmkCtTHbG7uBh8_jJxH7Ye3JsF4EcKIt4q4RQmHCZaOBhhIsqKo/s1600/sombra+2.jpg" /></span></a><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“A
sombra e a persona são ‘pessoas’ estranhas ao ego que habitam a psique junto
com a personalidade consciente que nós próprios sabemos ser. Há a ‘pessoa
pública’ e oficial a que Jung chamou de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">persona</i>,
a qual está mais ou menos identificada com a consciência do ego e forma a
identidade psicossocial do indivíduo. E, no entanto, é também, tal como a
sombra, alheia ao ego, embora o ego se sinta mais à vontade com a persona pelo
fato de ela ser compatível com normas e costumes sociais. A personalidade da
sombra não está visível e só aparece em ocasiões especiais. O mundo ignora, em
maior ou menor grau, a existência dessa pessoa. A persona está muito mais em
evidência. Ela desempenha um papel oficial, cotidiano, de adaptação ao mundo social.
Sombra e persona são como dois irmãos (...); uma está à vista do público, a
outra está escondida e é solitária. São um estudo em contraste. Se uma é loira,
a outra é morena; se uma é racional, a outra é emocional. (...) Uma
complementa, ou, mais frequentemente, opõe-se à outra. Persona e sombra são
usualmente o oposto mais ou menos exato da outra e, no entanto, são tão
chegadas quanto o podem ser dois gêmeos” (p.100).</span></div>
<div style="margin: 0cm; text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Como o ego se sente mais à vontade
com a persona e ela pode nos oferecer uma ideia mais ou menos precisa do que
está oculto na sombra, é com ela que normalmente começamos o trabalho de autoconhecimento. O primeiro desafio é a desidentificação com persona, ou seja, a conscientização de que somos mais do que um "papel social" (advogado, analista, professor) ou um papel sexual (mãe, pai). É a compreensão de que somos muito mais do que aquilo que socialmente nos foi imposto, exigido ou por nós escolhido. O confronto com esta verdade abre espaço para o confronto com aquelas porções reprimidas e inconscientes, os aspectos sombrios de nossa personalidade, características/desejos/tendências que tiveram que permanecer "na sombra", na ausência da luz da consciência.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Mas esse trabalho de conscientização do que foi "colocamos por debaixo do tapete", apesar
de extremamente necessário para a restauração da totalidade da personalidade, não é simples, nem prazeroso. </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Resistir ao contato com o nosso lado escuro é quase que inevitável, pois </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">a negação do nosso “eu
inferior” é diretamente proporcional ao medo que temos da aniquilação, da
rejeição e da perda do amor por parte daqueles que consideramos.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> A crença que subjaz a esta relutância </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> é a de que nossa
reputação e auto-estima sofrerão um golpe mortal caso os </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">fatos verdadeiros - embora ocutos e negligenciados - de nós mesmos sejam reconhecidos. De fato poderemos sair </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">do confronto com nossas verdades desagradáveis com uma sensação de </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">derrotada </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">e a acorrência dessas situações de desespero e fracasso são melhor explicadas no post </span><a href="http://semeandojung.blogspot.com.br/2013/05/o-mau-uso-da-conscientizacao-de-nossos.html" target="_blank">"Estou me sentindo tão mal, desprezível, miserável'" - O contato errôneo e nocivo com a sombra.</a></div>
<div style="margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> O importante é entender que sabotamos o nosso crescimento quando nos filiamos à ideia de que é muito alto o preço a ser pago pelo reconhecimento dos aspectos
que são contrários ao nosso eu psicossocial. Mas na verdade, o preço da negação é que é exorbitante; ela nos impede de crescer e nos
enclausura numa experiência rígida e unilateral da realidade (tanto interna quando externa).</span></div>
<div style="margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Por
ser a sombra uma porção desconhecida, por ser bastante
desagradável reconhecê-la como pertencente a nossa personalidade e </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">por serem poderosas as defesas do eu contra a sua
conscientização, </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">não é fácil
acessá-la via introspecção. O processo de reflexão sobre o que nos ocorre intimamente, a observação e
descrição dos nossos conteúdos internos - pensamentos e sentimentos - </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">nos conduzem apenas até um certo ponto, que é bem limitado. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Como
salientado na epígrafe desse texto, <i>somos como uma espécie de flor a desabrochar sob a luz da
consciência do outro</i>. O que significa afirmar que a única forma de adquirimos um conhecimento aprofundado sobre nós mesmos, e principalmente sobre o nosso lado
obscuro, é através do olhar do outro. Seja o analista, que pode ajudar, de forma segura e saudável, no processo de contato e conscientização da sombra; ou pessoas do nosso convívio, que, de uma forma ou de outra, estão sempre nos dando importantes feedbacks. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span data-ft="{"tn":"K"}" id=".reactRoot[135].[1][4][1]{comment466877980055448_467138170029429}.0.[1].0.[1].0.[0].[0][2]"><span id=".reactRoot[135].[1][4][1]{comment466877980055448_467138170029429}.0.[1].0.[1].0.[0].[0][2].0"><span id=".reactRoot[135].[1][4][1]{comment466877980055448_467138170029429}.0.[1].0.[1].0.[0].[0][2].0.[0]"></span></span></span> </span></div>
<div style="margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Assim sendo, o exercício de perguntar a alguém, que
tenha anos de estreita convivência conosco, sobre suas sinceras impressões ao
nosso respeito é uma investida mais eficiente do que a autoanálise ou a introspecção. </span></div>
<div style="margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Refletir sobre aqueles que nos incomodam intensamente também é uma forma de, através do outro, nos conhecermos melhor. Como propõe Whitmont (e sugiro que o experimento seja feito não com um amigo, mas consigo próprio): </span></div>
<div style="margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span><br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0cm 21.3pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“Peça para um amigo lhe descrever o tipo de
personalidade que ele acha mais desprezível, mais insuportável, mais odiosa e
de convívio mais impossível; ele descreverá as suas próprias características
reprimidas – uma autodescrição que é absolutamente inconsciente e que,
portanto, sempre o tortura quando ele recebe seu efeito de uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">outra</i> pessoa. Essas mesmas qualidades
são tão inaceitáveis para ele precisamente porque elas representam o seu lado
reprimido; só achamos impossível aceitar nos outros aquilo que não conseguimos
aceitar em nós mesmo. Qualidades negativas que não nos incomodam de modo
intenso ou que achamos relativamente fácil de perdoar – se é que precisamos
perdoá-las – em geral não pertencem à nossa sombra” (Ao encontro da sombra, p.36).</span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0cm 21.3pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span><br /></div>
<div style="margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Certamente encontraremos um material
muito interessante se nos aventuramos a descrever o tipo de personalidade que
mais nos incomoda. Esta pessoa, inevitavelmente, refletirá a imagem que não
queremos ver quando nos olhamos no espelho em busca apenas da persona e de tudo
aquilo que queríamos ou deveríamos ser... </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Essa breve reflexão sobre
o importante trabalho a ser desenvolvido com sombra e a persona pode ganhar um sentido mais concreto com as palavras de </span>Gibran: </span><br />
<br />
<div style="text-align: center;">
"Um dia, muito antes de muitos deuses terem nascido,<br />
despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas<br />
– as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – <br />
e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando:</div>
<div style="text-align: center;">
“Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”</div>
<div style="text-align: center;">
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.<br />
E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: <br />
“É um louco!” </div>
<div style="text-align: center;">
Olhei para cima, para vê-lo. <br />
E então o sol beijou pela primeira vez minha face nua.<br />
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua,<br />
e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, <br />
e não desejei mais minhas máscaras. <br />
E, como num transe, gritei: </div>
<div style="text-align: center;">
“Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”<br />
Assim tornei-me louco.<br />
E encontrei tanto liberdade como segurança <br />
em minha loucura: a liberdade da solidão <br />
e a segurança de não ser compreendido,<br />
pois aquele que nos compreende <br />
escraviza alguma coisa em nós".<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
Gibran Khalil Gibran</div>
</div>
</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0cm 21.3pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0cm 21.3pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span><br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0cm 21.3pt; text-align: justify;">
<br /></div>
Paula Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/09235402332663251233noreply@blogger.com1