Este é um espaço para a reflexão de temas que em algum momento e por alguma razão (do meu contexto pessoal ou da minha prática clinica) se tornaram, usando uma expressão gestáltica, importantes FIGURAS no imenso FUNDO existencial.

28 de dezembro de 2012

Oração da Serenidade e o processo de autoconhecimento via análise





Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária 
para aceitar as coisas que não posso modificar; 
a coragem para modificar aquelas que posso;
 e a sabedoria para distinguir umas das outras


Não há consenso sobre as origens e a autoria da Oração da Serenidade. Mas, sejamos religiosos ou não, pertencentes a esta ou àquela igreja, estas palavras, consideradas como uma prece ou apenas como a expressão de um desejo maior, podem ser como guias para a alma que busca realizar-se em toda sua potencialidade.

Em um contexto terapêutico, elas ganham um brilho especial, pois se no tão valioso e necessário processo de resignificação do nosso passado entendermos e aceitarmos que, de fato, há acontecimentos que não podemos modificar ou controlar, o confronto  com o conteúdo emocional submerso e protegido pelo “esquecimento” deixa de ser um doloroso confronto/ batalha para torna-se um auspicioso confronto/encontro com a nossa real limitação, com o nosso real poder e, consequentemente, com a nossa mais profunda sabedoria.

O pacífico "encontro face a face" com o inconsciente, precioso recinto que contém as respostas que tanto  procuramos, torna-se cada vez mais proveitoso na medida em que compreedermos  que somos, a um só tempo, pequenos e grandes diante dos acontecimentos do nosso passado, do nosso presente e também do nosso futuro. 

Guardião de muitas das respostas que precisamos para seguir fluindo em nossa caminhada de crescimento, o encontro com a nossa verdade realmente depende de serenidade para aceitarmos as coisas que não podemos modificar; de coragem para modificar aquelas que podemos e de sabedoria para distinguir essa daquela. Como diz Sartre "Não importa o que o passado fez de mim. Importa é o que farei com o que o passado fez de mim". E isso nos exige coragem! A vitimização só nos exige passividade e submissão.

A serenidade que podemos experimentar ao nos dedicarmos à conciliação dos opostos (o que posso e o que não posso mudar, por exemplo) é consequência de um tipo bem específico de aceitação: uma que promove não passividade, estagnação ou revolta, mas sim superação, mudança, auto responsabilidade, novos horizontes e perspectivas futuras.  “Afinal, não é apenas o passado que nos condiciona, mas, também o futuro, que muito tempo antes já se encontra em nós e lentamente vai surgindo de nós mesmos.” (Jung, O Desenvolvimento da Personalidade, p. 115)  










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